Por último Deus criou Adão e Eva, para viverem juntos e felizes como marido e mulher: eternos parceiros. Eles viveram pacificamente por anos em um lindo jardim cheio de altas e grandes árvores, que cresciam em organizadas fileiras, e animais muito bem vindos que serviam como animais de estimação. Suas mentes eram tão claras e puras quanto o pálido e límpido céu que se erguia sobre suas cabeças. Eles não eram atingidos pelas doenças, dores ou desejos. Eles não sonhavam. Eles não faziam perguntas. Todas as manhãs eles acordavam tão novos quanto recém nascidos. Tudo era sempre igual, mas sempre parecia novo e bom. — De Gênesis: A História Completa do Mundo e do Universo, por Steven Horace, PhD, Universidade de Harvard.
No dia seguinte, um sábado, acordo pensando em Lauren. Então tento me levantar, mas a dor corre por minha perna. Erguendo o meu pijama, vejo uma pequena mancha de sangue que passou pela camiseta que Lauren havia prendido ao redor da minha panturrilha. Sei que eu devia lavar aquilo, ou mudar o curativo ou algo assim, mas estava com muito medo de ver quão ruim o machucado estava. Os detalhes da festa — sobre gritos e empurrões, cachorros e bastões girando pelos ares mortalmente — voltam a me inundar, e por um momento tenho certeza de que ficaria doente. Então a vertigem diminui e eu penso em Dinah.
Nosso telefone fica na cozinha. Minha tia está na pia, lavando as louças, e me dá um pequeno olhar de surpresa quando desço as escadas. Pude vislumbrar um pouco de mim no espelho do corredor. Minha aparência é terrível — cabelo grudado por toda a minha cabeça, grandes bolsas embaixo dos meus olhos — e isso me atinge de forma que eu não posso acreditar que alguém alguma vez pôde me achar bonita. Mas alguém acha. Pensar em Lauren faz um brilho dourado se espalhar por mim.
- Melhor se apressar. - Clara diz. - Você vai se atrasar para o trabalho. Estava indo acordar você.
- Tenho que ligar para Dinah. - Digo. Estico a corda o mais longe possível que ela alcança e entro na despensa, então pelo menos posso ter um pouco de privacidade.
Tento a casa de Dinah primeiro. Um, dois, três, quatro, cinco toques. Então a secretária eletrônica responde. "Você ligou para a residência Hansen. Por favor, deixe uma mensagem com menos de dois minutos..."
Desligo rapidamente. Meus dedos começam a tremer, e tenho dificuldade em digitar o número do celular de Dinah. Direto na caixa postal. Sua mensagem é exatamente a mesma de sempre ("Hey, desculpe, não pude atender ao telefone. Ou talvez eu não sinta muito por não atender ao telefone. Depende de quem está ligando") sua voz vem confusa, borbulhando por uma risada suprimida. Ouvir isso depois da noite anterior me dá um choque, como se, de repente, estivesse sonhando estar de volta em um lugar que há muito não pensava. Lembro-me do dia em que ela gravou isso. Foi depois da escola e nós estávamos no quarto dela, e ela fez um milhão de tentativas antes de se sentir satisfeita com essa. Eu estava entediada e espancava um travesseiro sempre que ela queria tentar mais uma vez.
- Dinah, você precisa me ligar. - Eu digo ao telefone, mantendo minha voz o mais baixa possível. Estou muito consciente de que minha tia está ouvindo. - Estou trabalhando hoje. Você pode me encontrar na loja.
Desligo, sentindo-me insatisfeita e culpada. Enquanto estava no galpão com Lauren na noite passada, ela pode ter se machucado ou estar com problemas; eu devia ter feito mais para encontrá-la.
- Camila! - Minha tia me chama de volta na cozinha, justo quando eu estou prestes a subir para me arrumar.
- Sim? - Ela se aproxima alguns passos. Algo em sua expressão me deixa ansiosa.
- Você está mancando? - Ela pergunta. Estive tentando o máximo possível para andar normalmente. Desvio o olhar. É mais fácil mentir quando não estou encarando-a nos olhos.
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My Only Delirium
Teen Fiction"Ouvi muitas vezes que quando eu fosse curada do amor ficaria feliz e em segurança para sempre. Eu acreditava nisso. Antes. Agora tudo mudou, e posso dizer que hoje prefiro sofrer de amor por um único milésimo de segundo à viver cem anos reprimida p...