LIBERDADE NA ACEITAÇÃO; PAZ NA ENCLAUSURAÇÃO; FELICIDADE NA RENÚNCIA — Palavras esculpidas acima dos portões da entrada para as Criptas
Quando estava na quarta série, eu fui a uma excursão para as criptas. É obrigatório que cada criança as visite pelo menos uma vez na escola primária, como parte da Educação anti-resistência e anti-crime Governamental. Eu não me lembro de muita coisa da minha excursão, exceto do sentimento de terror absoluto, uma sombria impressão de frieza enegrecendo os corredores de concreto, alisados com mofo e umidade, e pesadas portas eletrônicas. Para ser honesta, eu acho que tive sucesso em bloquear a maior parte da memória. O propósito da excursão era traumatizar-nos pra continuarmos na linha, e eles com certeza conseguiram a parte traumatizante.
O que eu me lembro, é de sair depois para o sol brilhante de um belo dia de primavera com um senso esmagador de alívio, mas também de confusão, quando me dei conta de que, para sair das Criptas, nós na verdade tivemos de descer vários lances de escada para o andar térreo. O tempo todo que estivemos lá dentro, mesmo quando subi, eu tinha a impressão de ser enterrada viva, bloqueada pelas muitas histórias da superfície.
Eu jurei nesse dia que eu nunca, jamais retornaria à Cripta por nenhuma razão. Mas na manhã seguinte, depois de minha conversa com Lauren, eu estou parada do lado de fora de seus portões, com o braço em volta do meu estômago. Eu não fui capaz de comer qualquer coisa essa manhã, exceto a lama preta e grossa que meu tio chama de café, uma decisão que agora eu estou lamentando, eu sinto como se um ácido estivesse me corroendo por dentro.
Lauren está atrasada.
Acima de mim, o céu está firmemente embalado com enormes nuvens de tempestade negra, é suposto ter tempestade mais tarde, coisa que parece apropriada. Além do portão, no final de uma curta estrada pavimentada A cripta paira negra e imponente. Uma silhueta contra o Céu escuro, parece como algo saído de um pesadelo. Uma dúzia de pequenas janelas — como múltiplos olhos de aranha arregalados — estão dispersas sobre toda sua fachada de pedra. Uma pequena área envolve a cripta deste lado, inclusa dentro dos portões. Eu me lembro da minha infância como um campo, mas na verdade é apenas um gramado cuidadosamente cuidado e sem manchas. Ainda sim, o verde vivo da grama, onde a grama realmente conseguiu afirmar-se através da sujeira, parece fora do lugar. Este parece ser um lugar onde nada deveria florescer ou crescer, onde o sol nunca deve brilhar: um lugar na borda, no limite, um lugar completamente removido do tempo, da felicidade e da vida.
Eu acho que, tecnicamente, é no limite, por que a Cripta está situada à direita na fronteira leste, ladeado na parte traseira, pelo rio Presumpscot, e, depois disso, as Terras Selvagens. A cerca eletrificada (ou não tão eletrificada) rodeia e corre diretamente para um dos lados da cripta, e começa novamente do outro lado, o próprio edifício serve como uma ponte conectada sem costura.
- Ei. – Lauren está descendo a calçada, seu cabelo voando.
O vento está definitivamente frio hoje, eu deveria ter usado um moletom pesado, Lauren parece estar com frio também. Ela continua mantendo seus braços cruzados em seu peito. É claro que ela está vestindo apenas uma camisa de linho fino, o uniforme oficial de guarda que ela usa nos laboratórios. Ela tem seu crachá balançando no pescoço, também. Eu não a vi com ela desde o primeiro dia que nós nos falamos. Ela está até vestindo uma calça jeans legal.
Isso tudo era parte do plano: para nos colocar dentro ela precisava convencer os administradores da prisão que nós estávamos em missão oficial. No entanto, é um consolo o fato de que ela ainda esteja usando seu tênis com os cadarços manchados de tinta. De alguma forma esse pequeno detalhe faz com que seja normal poder estar aqui, com ela, fazendo isso. Dá-me algo para me concentrar e me segurar, um pequeno flash de normalidade em um mundo que de repente se tornou irreconhecível.
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My Only Delirium
Novela Juvenil"Ouvi muitas vezes que quando eu fosse curada do amor ficaria feliz e em segurança para sempre. Eu acreditava nisso. Antes. Agora tudo mudou, e posso dizer que hoje prefiro sofrer de amor por um único milésimo de segundo à viver cem anos reprimida p...