Eu quero ir, e se eu for honesta comigo mesma, eu me tornei simpatizante há muito tempo atrás, quando Lauren me perguntou se eu não queria me encontrar com ela de novo na enseada, e eu disse sim. Eu pareço ter apenas algumas confusas lembranças da garota que eu era antes — a garota que sempre fez o que foi dito e nunca mentiu, e até contava os dias para o seu procedimento com emoção e excitação, não horror e pavor. A garota que tinha medo de tudo e todos. A garota que tinha medo de si mesma. No dia seguinte, quando eu chego em casa depois do trabalho, faço uma grande encenação de perguntar a Clara se posso pegar seu celular emprestado, depois envio para Dinah: "dormir fora essa noite com L?" Esse tem sido nosso código recentemente sempre que eu preciso dela para me dar cobertura.
Nós dizemos a Clara que estamos passando muito tempo com Allison Carter que recentemente se formou conosco. Os Carters são ainda mais ricos do que a família de Dinah, e Allison é uma vadia metida. Dinah inicialmente protestou em usar Allison como a misteriosa A [n/a: momento pretty little liars fdjg], com a base de que nem ela gostava de pensar sobre pretender sair com ela. Mas eu a convenci no final. Clara nunca ligaria para os Carters para verificar. Ela ficaria muito assustada, e, provavelmente envergonhada — minha família é impura, contaminada pela deserção do marido de Márcia e, é claro, pela minha mãe, e o senhor Sr. Carter é o presidente e fundador da Filial de Portland da ALD (América Livre do Deliria). Allison Carter mal podia olhar para mim quando estávamos juntas na escola, e quando eu voltei para a escola primária, depois que minha mãe morreu, ela pediu para mudar de carteira para o mais longe de mim, dizendo à professora que eu cheirava a algo morto.
Dinah responde quase imediatamente: "entendi. Vejo vc essa noite." Eu me pergunto o que Allison pensaria se soubesse que eu a usava como cobertura para o meu namoro. Ela iria pirar com certeza, e o pensamento me faz sorrir. Um pouco antes das oito, eu desço com o meu saco de noite pendurado em cima do meu ombro. Eu deixo um pouco de pijama para fora, embalo o saco inteiro exatamente como se eu fosse realmente ir para a casa de Dinah. Quando Clara me da um rápido sorriso e me diz para ter uma boa noite, eu sinto uma pontada breve de culpa. Eu minto tanto e tão facilmente agora. Mas isso não é o suficiente para me parar, e uma vez fora de casa eu vou pela West End, só para o caso de Sandra ou Clara estarem olhando pela janela. E só depois de chegar à Rua Spring eu dou a volta para a Avenida Deering e a Rua Brook, nº 37. A caminhada é muito longa, e eu chego em Deering Highlands quando a última luz deixa o céu. Como sempre, as ruas aqui são desertas. Eu empurro o portão de metal enferrujado que circula a propriedade, deslizo de lado das ripas soltas que cobrem uma janela do andar térreo e entro na casa.
A escuridão me surpreende, e por um momento eu só fico lá, piscando, até que meus olhos se ajustem à luz fraca. O ar é velho, pegajoso e a casa cheira a mofo. Várias formas começam a surgir, e eu continuo meu caminho para a sala de estar, e para o que restou do sofá. Seu elástico foi solto e metade do forro foi arrancado, provavelmente por ratos, mais você poderia dizer que uma vez ele foi bonito — elegante, até. Eu tiro meu relógio de fora do meu saco e coloco o alarme para 11h30min. Vai ser uma longa noite, então eu me estico no sofá esburacado, coloco minha mochila debaixo da minha cabeça. Não é o travesseiro mais confortável do mundo, mas ele vai servir. Eu fecho meus olhos, e deixo os sons dos ratos e dos baixos barulhos das paredes me acalmarem para dormir. Eu acordei na escuridão, com um pesadelo sobre minha mãe. Sento em linha reta, e por um segundo entro em pânico, eu não sei onde estou. As molas defeituosas guincham debaixo de mim e então me lembro: a Rua Brook, eu tateio pelo meu alarme e vejo que já é 11h20min. Eu sei que deveria me levantar, mas eu ainda me sinto tonta de calor e do sonho, e por alguns momentos mais, eu apenas sento lá, e fico tomando respirações profundas. Eu estou suando, o meu cabelo cola na parte de trás do meu pescoço. O meu sonho é o que eu normalmente tenho, mas dessa vez ele se inverteu.
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My Only Delirium
Teen Fiction"Ouvi muitas vezes que quando eu fosse curada do amor ficaria feliz e em segurança para sempre. Eu acreditava nisso. Antes. Agora tudo mudou, e posso dizer que hoje prefiro sofrer de amor por um único milésimo de segundo à viver cem anos reprimida p...