Houve um debate significativo na comunidade cientifica sobre se o Desejo é um sintoma de um organismo infectado com o Amor Deliria Nervosa, ou é uma pré-condição da própria doença. Concordamos por unanimidade, que, contudo, esse amor e desejo desfrutam de um relacionamento de contato íntimo, só significam que um não pode existir sem o outro. O desejo é inimigo do contentamento; Desejo é uma doença, e quem pode ser considerado saudável quando deseja? A própria palavra, desejo, sugere uma carência, uma falta, um empobrecimento, e isso é o que o Desejo é: Um empobrecimento do cérebro, uma falha, um erro. Felizmente isso agora pode ser corrigido. — De As Origens e Repercussões do Amor Deliria Nervosa no Funcionamento Cognitivo, 4ª edição, pelo Dr. Phillip Berryman
Agosto faz a si mesmo confortável em Portland, respira a sua quente e fedorenta respiração sobre tudo. As ruas são insuportáveis durante o dia, o sol implacável, e as pessoas correm para os parques e praias, desesperadas por sombra ou brisa. Fica mais difícil de ver Lauren. A praia East End fica normalmente impopular e apertada na maior parte do tempo, até mesmo a noite, depois que eu saio do trabalho. Duas vezes eu apareci para vê-la; e eu sei que é muito perigoso para nós nos falarmos ou fazer qualquer sinal para a outro, exceto por um rápido aceno que poderia passar despercebido entre duas estranhos, em vez de nós nos deitarmos na praia, colocamos nossa toalha de praia a alguns metros separados da praia. Ela coloca seus fones de ouvido e eu finjo ler. Sempre que os nossos olhos se encontram meu corpo inteiro se acende, como se ela estivesse sentada ao meu lado, passando a mão nas minhas costas, e apesar de manter uma cara séria, eu posso dizer pelos seus olhos, que ela está sorrindo. Nada jamais foi tão doloroso ou delicioso,
como estar tão perto dela e ser incapaz de não poder fazer nada sobre isso, como comer sorvete em um dia quente, que você chega a ter uma intensa dor de cabeça. Eu começo a entender o que Lauren disse sobre seu Tio e Tia. Sobre como eles mesmo perderam a dor após seus procedimentos. De alguma forma, a dor só torna isso melhor, mais intenso, vale mais a pena.Uma vez que as praias estão fora de cogitação, nós ficamos na Rua Brook, nº 37. O jardim está sofrendo com o calor. Não chove há mais de uma semana e a luz do sol penetrando através das árvores — que em julho caem suavemente, como o mais leve passo — agora uma porção vem cortando através da copa das árvores, fazendo a grama ficar marrom. Até mesmo as abelhas aparentam estar bêbadas de calor, circulando lentamente, colidindo, batendo até, contra o murchar das flores antes de descer ao solo, e então em seguida começam de forma desorientada voltar para o ar.
Uma tarde, Lauren e eu estamos deitadas sobre o cobertor. Eu estou de lado, o céu em cima de mim parece à beira de quebrar, se separando, se movendo em padrões de azul e verde e branco. Lauren está deitada de bruços e parece nervosa com alguma coisa. Ela continua acendendo fósforos, assistindo eles queimarem, e assoprando-os só quando estão quase queimando as pontas de seus dedos. Eu penso sobre o que ela me disse. Do tempo nas Terras Selvagens; sua ira sobre vir para Portland, o fato que ela costumava incendiar coisas. Há tanta coisa sobre ela que eu não sei, tanto passado e história enterrado em algum lugar dentro dela. Ela teve que aprender a esconder isso, ainda mais que a maioria de nós. Em algum lugar, eu acho, existe um centro nela. Ela brilha como um carvão sendo lentamente esmagado em diamante, esmagado por camadas e camadas de superfície.
Há tanta coisa que eu não perguntei a ela, e há tanta coisa que nós nunca falamos. Ainda que de outras maneiras, eu sinto que eu a conheço, como se eu sempre a conheci, sem ter que saber tudo.
- Deve ser legal estar nas Terras Selvagens agora. - Eu deixo escapar, apenas para dizer alguma coisa. Lauren se vira para olhar para mim, e eu gaguejo rapidamente. - Quer dizer, deve estar mais frio lá. Por causa de todas as árvores e sombra.
VOCÊ ESTÁ LENDO
My Only Delirium
Teen Fiction"Ouvi muitas vezes que quando eu fosse curada do amor ficaria feliz e em segurança para sempre. Eu acreditava nisso. Antes. Agora tudo mudou, e posso dizer que hoje prefiro sofrer de amor por um único milésimo de segundo à viver cem anos reprimida p...