Assim que me sentei na poltrona ao lado da janela, na primeira classe - Travor realmente tinha caprichado -, relaxei. Estava tão tensa e anciosa que nem dormi direito. Tinha um mini televisor na poltrona da frente, mas tinha levado meu notbook então conectei a internet, abri a Netflix e fiquei vendo Friends, uma série atiguinha, mas que eu amo. As três horas de viagem passaram tão rapido que só me liguei que estava chegando quando uma aeromoça pediu para eu desligar o notebook, pois iríamos pousar.O vôo foi tranquilo e sem muita turbulência. A vista da janela era incrivel, e sobrevoar a Califórnia foi uma experiência indescritível. Sai do avião e peguei as malas. Pra minha alegria nenhuma tinha sido extraviada! Peguei uma espécie de carrinho que tinha no aeroporto e pus todas lá - com uma certa dificuldade, principalmente a dos livros que estavam bem pesadas!- Então fui esperar em uma das cadeiras. Mal sentei quando ouvi meu nome ser chamado.
Aquela voz, masculina e imposta, eu conhecia. Apesar de um pouco diferente - já vi Teen Wolf várias vezes legendado -, conheceria em qualquer lugar. Me virei devagar e me deparei com aquele par de olhos verdes. Porém algo de muito estranho aconteceu. Não me senti empolgada ou emocionada como quando vi e conheci outros artitas que eu era fã. Meu estômago se agitou e meu coração parou de bater enquanto eu o encarava. Ele também permaneceu parado, me olhando bem dentro dos olhos. Passamos alguns segundos nesse estado. O quê estava acontecendo?! Desviei o olhar com um esforço sob-humano e andei em direção à ele. Olhando para o chão.
- Oi.- sua voz rouca me saudou.
- Oi!- disse com um entusiasmo exagerado.
- Deixa que eu te ajudo com isso.- ele pegou o carrinho e manti minhas mãos longe para evitar o contato. Tentando aparentar um pouco de normalidade, me forcei a dar um sorriso.
- Obrigada! É muita gentileza ter vindo aqui.- meu coração batia como uma escola de samba. Caramba, por que ele não para?!
- Não foi nada. Como foi o vôo?- tinha consciência que ele me encarava o tempo inteiro, mas eu só olhava pra frente.
- Tranquilo, nem percebi que tinha chegado até a aeromoça me alertar.- corei ao dizer isso. Ele não precisava saber que eu era uma cabeça de vento!
- Que bom! Geralmente os vôos pra cá são turbulentos. Parece que deu sorte.- ele disse normalmente. Viu? Eu era a unica estranha ali. Ele estava conversando comigo como qualquer outro ser-humano conversa.
Decidi me virar pra ele, mas foi um erro pois começou a olhar pra mim ao mesmo tempo. Ele é bem mais bonito pessoalmente. E aquelas íris que eu sempre pensei que fossem totalmente verdes, na verdade tinham pequenas manchinhas amarelas. Lindos... Ele estava totalmente sério me olhando nos olhos e eu não sabia o que fazer.
- Espero que goste daqui, pode ser muito agradável.- disse sem nem desviar o olhar. A pressão era quase insuportável. Queria lhe dizer que já estava sendo, mas parece que eu não tinha mais controle sobre minhas cordas vocais, então apenas assenti e quando chegamos no lado de fora o ar morno parece te-lo feito despertar.- Ahn, vamos comer alguma coisa? Ja está quase na hora do almoço mesmo.- disse olhando pro outro lado. Respirei fundo.
- Claro! Seria ótimo.- meu estômago estava tão revolto que com certeza não conseguiria engolir nada, mas não iria recusar. Pra não ser mal-educada claro.
Ele destravou um Jeep Commander preto e pôs minhas malas no porta-malas. Em seguida abriu a porta pra mim e ficar tão perto dele me fez sentir seu cheiro. Totalmente másculo e tinha um toque de mistério, aventura. Bom demais. Perfeito demais. Demais pros meus nervos à flor da pele.
Me sentei rapidamente e ele contornou o carro, se sentando no banco do motorista. Ao dar a partida, ligou o radio e pôs baixinho uma música, dando abertura à conversa. Ele dirigia com cautela e silêncio. Com tanto silêncio presente comecei a prestar atenção na música. Era "Simple Gospel", uma musica que eu amo! Não me controlei e quando vi tinha começado a cantarolar baixinho.
- Você gosta dessa música?- Tyler falou pela primeira vez desde que entramos no carro. Corei ao perceber que ele tinha reparado, mas estranhamente me sentia bem a vontade.
- Sim! Eu amo! Ouço ela quase todo dia!- me virei pra ele que sorria divertido. Daquela vez não foi uma pressão, me senti livre e feliz.
- Eu também! Ela me põe pra cima.- ele estava sorrindo abertamente.- Quais outras você gosta?
- Bem, eu gosto bastante de Jason Mraz! Beautifull Mess é a minha favorita. Também curto Newboys e Hillsong. E você?
- Hillsong é ótimo!- ele sorria como uma criança diante de um doce. Viu, era tudo questão de eu relaxar! Começou a tocar "My God is Not Dead" e me surpreendi quando ele começou a cantar a musica em plenos pulmões. Eu ria tanto que chorava. Ele batucava as mãos no volante e eu cantava junto. Me diverti tanto que nem reparei quando parou num restaurante com grandes janelas viradas pra rua e cortinas diáfanas cobrindo os olhares curiosos.
Ele desceu do carro, abriu a porta pra mim num gesto muito gentil e pôs as mãos nas minhas costas. Fiquei ereta num átomo. Aquele toque enviou uma corrente elétrica por todo o meu corpo. Parecendo se dar conta, sua mão se contraiu levemente, porém não me soltou. Me guiou até uma mesa mais no fundo, perto de uma janela maior que as demais e sentamos, um de frente pro outro.
- Então...- ele começou hesitante.- Basicamente sei que é uma atriz recém-formada que morava no Canadá. Jeff gostou muito de você e está bem empolgado. Mas, bem, você não me parece muito, hm, canadense.- disse meio receoso, eu sorri.
- É por que eu sou brasileira.- ele arregalou os olhos em surpresa e sorriu como se ja desconfiasse.
- Ah, agora está explicado!- disse e fixou os olhos nos meus novamente. O que ele quis dizer com aquilo?
- Como assim?- me remexi um pouco na cadeira. As palavras que ele diria a partir daquele momento iriam ser cruciais. Amava muito meu país e não deixaria ninguém falar mal dele. Claro que ele tinha suas falhas, mas mesmo assim.
- É que geralmente, as canadenses que eu conheci não eram tão...- ele riu nervoso e fixou o olhar no copo.- espontâneas. Gosto da vida que você emana, contagia.- ele riu sem jeito pra mim e meu coração amoleceu.
- Ah!- ri junto.- Isso foi um elogio?- sorri tímida.
- Com certeza.- disse sério, com o olhar fixo no meu, e então toda aquela quietude se foi. Meu estômago se agitou junto com meu coração.
O garçom chegou para anotar nossos pedidos quebrando o encantamento. Pedi alguma coisa que nem sequer me dei a chance de ver. Sério isso, Rebecca? Nada mais infantil que ficar caidinha por um ator famoso! Eu precisava encerrar com aquilo, tipo, pra ontem.
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Crazy in Love
RomanceRebecca Moliari, uma estudante de intercâmbio, acabou de se formar em artes cênicas nas universidade de Yale. Um prodígio desde cedo, olheiros logo a chamaram para pequenos papéis, mas a oportunidade da sua vida aparece quando seu agente liga, falan...