Um Lar

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Acabamos de comer falando amenidades, sem tocar em assuntos que não deviam ser tocados. Tyler pagou a conta, protestei um pouco, mas não tinha intimidade para impor nada. Saímos e ele pôs a mão forte na minha lombar de novo, só que dessa vez ele não estava exitante, estava confiante. Estremeci.

Ele nunca olharia para mim daquela forma. Tinha tantas outras mulheres bem mais bonitas e interessantes. Com certeza! Ele até devia ter namorada. Tenho que pôr isso na cabeça. Nada de me deixar levar. Tyler abriu a porta para mim. Entrei e passei o cinto pelo tronco. Ele entrou em seguida e deu partida, dessa vez não ligou o rádio. Fiquei meio deslocada com o silêncio que jazia ali.

- Você vai ficar na casa da Holl né?- ele me perguntou depois de dez minutos de silêncio a fio.

- Aham, enquanto eu não encontro um apartamento.- já imaginava em como os apartamentos de Los Angeles deviam ser lindos. E caros. Não tinha muita noção de quanto ganharia, mas espero que seja uma quantia boa. Ter minha própria casa vai ser libertador.

- Eu posso te ajudar com isso. Conheço uns bem legais por aqui.- ele sorriu pra mim.

- Ia ser ótimo! Obrigada!- respondi meio surpresa com sua gentileza. Eu estava acostumada as pessoas que não faziam muito esforço pelas outras. Apesar de te-lo conhecido à algumas horas, depositei um pouco de confiança nele. Espero estar certa.

Viramos uma rua e paramos em frente à uma casa daquelas bem típicas. Tinha um jardim na frente, cortado ao meio por um caminho que levava a escadas com duas pilastras estilo gregas. Uma varandinha acolhia a parte da frente e a porta era ladeada por vidros. A casa tinha dois andares. Amei no mesmo instante.

Tyler saiu e abriu a porta para mim. Acho que ele já estava acostumado a fazer aquilo. Não era nenhum tipo de tratamento diferenciado como minha mente masoquista queria que fosse. Suspirei e ele pareceu ouvir pois parou na minha frente, bloqueando o caminho. Olhou com o que parecia preocupação. Ou não, nunca se sabe.

- Você está bem?- franziu as sobrancelhas, olhando bem fundo nos meus olhos.

- Ahn, sim. Só estou um pouco cansada.- sorri timidamente.

- Ah claro! Deve estar mesmo! Vou tirar suas coisas do carro. Pode ir tocando a campainha, se quiser.

- Tudo bem, não quer ajuda?- ele olhou pra mim divertido. Acho que com todos aqueles músculos ele realmente não precisaria de ajuda pra nada. O máximo que eu ia fazer é atrapalhar.

- Não, acho que dou conta. Obrigada.- deu aquele sorriso que chega aos olhos. Assenti corada e me mandei para a porta. Dois segundos depois de eu tocar a campainha, a porta foi aberta por uma sorridente Holland.

- Oi!- ela disse entusiasmada.- Finalmente vocês chegaram! Quase rui as unhas de tão anciosa!- adorei a alegria dela.

- Desculpe, nós paramos pra comer.- disse um pouco acanhada.

- Aaah, claro! Venha, vou te mostrar o quarto! Depois faremos um tour pela casa!- entramos rindo. Subimos as escadas e no andar de cima havia um corredor em forma de "U" muito bem decorado. Das seis portas, entramos na ultima da ponta direita. O quarto dava dois do meu antigo e tinha uma porta conjugada. Imaginei que daria para um banheiro. Uma cama de casal estava no meio, com a cabeceira branca e uma manta roxa sobre ela. Dois travesseiros maiores estavam atrás enquanto almofadas com estampas étnicas deixavam-a com um ar folk. Mesinhas de cabeceira com abajures em ambos lados completavam o ambiente. Um armario - gigante aliás - imbutido na parede, mesa de estudos, prateleiras, um espelho enorme, TV, era muita coisa! De imediato amei aquele ambiente que poderia chamar de meu por algum tempo.

- E aí, gostou?- Holland parecia anciosa.

- Se eu gostei? Eu amei!- dei um grande sorriso. Era mais do que eu esperava.

- Ai que ótimo! Dei uma decoradinha básica, queria que ficasse a vontade!- era muita gentileza pra uma pessoa só!

- Obrigada mesmo!- fiquei olhando ao redor por alguns instantes, mas uma coisa começou a rondar minha mente.- Não quero ser rude, mas por que me aceitou na sua casa?- essa pergunta martelava na minha cabeça. Ela se jogou no sofazinho embutido à janela.

- Quando cheguei aqui tive que me virar. Queria que alguém tivesse me ajudado sabe? E conheço Trevor a um tempinho. Eu também não sou uma louca de deixar qualquer um vir morar comigo.- ela riu e eu a acompanhei.- Ele me falou ultra bem de você e vi seu trabalho. Eu simpatizei sabe? Meus instintos quase nunca falham. Então eu disse, por que não?- sempre fui boa em detectar quando as pessoas mentiam e naquele momento só vi a verdade nos olhos de Holland. Sorri ao constatar.

- Nossa! Obrigada mesmo! Fico muito grata!- ela me abraçou.

- Espero que sejamos grandes amigas! E pelo visto Hoechlin simpatizou com você também. Admito, dei uma espiada da janela.- rimos juntas e como se tivesse sido chamado, ele apareceu na porta cheio de malas. Fui ajuda-lo a coloca-las para dentro. Depois de todas estarem em meu quarto e Holland - que me disse para chama-la de Holl - se oferecer para me ajudar a arrumar tudo, Tyler foi embora. Deu um leve aceno de despedida.
Eu e Holl fizemos um tour pela casa que era super linda. Sua sala ostentava de uma televisão enorme e um sofá que dava vontade de se jogar e ficar por ali mesmo. Sua cozinha super equipada, elevava meu desejo de cozinhar a outro nível. Visitamos outros cômodos, um mais lindo que o outro. Por fim subimos ao meu novo quarto, e enquanto arrumavamos tudo, ficamos conversando e quase rolando de tanto rir de nossas histórias. Quando acabamos já era quase sete da noite, então pedimos uma pizza e fomos fazer brigadeiro.

Depois de tantas emoções e novidades no meu primeiro dia em Los Angeles, cai na cama - ótima por sinal - e apaguei com rapidez. Meus sonhos se voltaram novamente a olhos verdes e barba para fazer. Porém agora, naqueles olhos antes imaculados, jazia manchinhas amarelas. O quê de forma alguma os tornavam menos perfeitos.

Crazy in LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora