12 | A felicidade tem estilo

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Felizmente eu acordei com Trevor ao meu lado, o meu rosto em seu peito. Ele já estava acordado, me encarando — possivelmente desde o momento em que eu estava dormindo —, o par de olhos lindos direcionados a mim. Corei e me encolhi em seu pescoço, fazendo-o sorrir.

— Boa noite — sussurrou ele sensualmente no meu ouvido, afagando meu cabelo em seguida. — Acho que dormimos demais.

— Huuum — murmurei com sono. — Por que não saiu correndo como nas outras vezes em que eu acordei?

Ele riu.

— Porque dessa vez eu não podia fugir sem me mexer. Você certamente acordaria e me pegaria no flagra.

— Bobo. — Brinquei com o lóbulo macio de sua orelha. — Como foi a reunião?

Ele suspirou devagar.

— Normal. Um pouco entediante, mas acho que o motivo era você. Não estava aguentando tanta falação sobre superação de vendas, porcentagens de lucros e fracasso empresarial. Fico surpreso por se interessar. Como foi com Stella?

Estava evidente que ele queria fugir do assunto. Okay, então. Ao tocar na Stella, me lembrei das idas e vindas de um lugar para outro no sétimo andar da STYLE. Foi o bastante para me fazer sorrir. Comecei a me perguntar vagamente se em outra ocasião eu retornaria a explorar o closet de inverno, dessa vez com menos carga nervosa nas minhas costas. Acho que deveria ter me soltado mais.

— Incrível. Ela é incrível. Deve ser maravilhoso conviver com ela todos os dias como você.

— Sim, por isso a contratei. — Ele beijou minha testa. — Levou tudo o que queria?

Sicuramente. Stella me disse que você a informou sobre eu ser detalhista nos preços. Nós rimos disso.

Ele achou graça.

— Mas coitado do Victor — falei baixinho com receio de que Trevor perdesse a paciência. — Não deveria tê-lo demitido.

Pensei, francamente, em mencionar sobre Victor gostar de Trevor agora no nosso diálogo, mas a situação já estava feia para o lado dele. Acho que não seria justo piorar as coisas. Talvez eu tivesse internamente uma parte vingativa e cruel, mas havia um limite sobre isso que me fazia repensar meus atos antes de provocá-los, e um exemplo claro e recente era cutucar ainda mais o que Victor fez.

Após um período torturante de silêncio, Trevor perguntou:

— Ele o ofendeu?

Um pouco.

— Não.

— Ele machucou você?

— Também não.

Pausa.

— E o que ele queria?

Opa. Pensei rápido, meu cérebro em um turbilhão de dúvidas.

— Ele só... hum... me confundiu com um intruso. — É, parece ser convincente. — Ele pensou que eu estava roubando suas roupas.

Bom, pelo visto ele não ouviu a minha conversa com Victor por completo, então eu poderia ficar mais aliviado. Olhei para o teto de vidro e encarei as estrelas cintilantes por um tempo, não sei se por desejo pessoal ou por pretexto para não ter que olhar para Trevor. Como podia eu estar aqui, ao lado dele, em sua cama, agarradinho com o homem que eu sempre sonhei me aproximar? Isso certamente era uma chance maior do que aquela em que eu ganhei meu carro no sorteio.

— Mas obrigado, afinal — eu disse por fim.

— Pelo quê?

— Por ter me defendido dele. Embora de uma forma assustadora — completei.

EU ENTREGO MEU CORPO A VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora