7 | Mesmo com os outros, eu ainda penso em você

9.1K 824 570
                                    

— Não me ligue nunca mais! — vociferou Luce para seu namorado, ou ex, não sei mais ao certo, enquanto saíamos da casa dele.

Ela passou por mim no corredor com suas roupas em sacolas e atravessou a porta, entrando como um vulto no meu carro. Olhei para Josh, cujos olhos estavam arregalados, e levantei os ombros em pedido de desculpas com o rosto condoído, fazendo companhia à minha amiga. O coitado estava imóvel, chocado demais com a atitude de Luce para conseguir dizer algo com clareza.

E perder alguém como Luce era uma das piores coisas a se fazer. Já convivi com seus namoros tempo o suficiente para afirmar, com absoluta certeza, que ela não voltaria atrás. Poxa, Josh, logo traição? Por que será que os homens nunca se contentam com o que têm?

Entrei no meu carro logo em seguida, lançando uma visualização breve em Luce. Antes mesmo de eu perguntar alguma coisa, ela já foi logo lançando seu humor em controversa à situação:

— Argh, tô nem aí! Pênis é o que não vai faltar no mundo.

Ah, pode ter certeza disso, Luce.

— Pronta? — dei uma risada, ligando o carro.

— Pisa fundo nessa porra.

🍷

— Ai, que saudade dessa casa imensa, meu Deus! — felicitou Luce ao chegarmos, abrindo seus braços e puxando o ar da minha sala com força.

Se pela minha opinião eu achava minha casa respeitosamente normal em quesito tamanho, pela de Luce ela era considerada uma mansão. Imagino sua reação ao se deparar com moradia de Trevor. Rapidamente ela iria concordar comigo.

Comprei esse lugar um ano depois de me mudar para Nova York. Alguns fatores me ajudaram a consegui-la — como a generosa quantia que Caio me deu antes de vir; meu salário que o sexo me rendeu nos meses em que eu ainda fiquei na Itália; e o restante que conquistei aqui. Os dois primeiros fatores foram os que mais contribuíram para isso, pois o euro, quando convertido em dólar, aumentava consideravelmente meu dinheiro. Na época, eu me lembrava, a moeda italiana valia um pouco mais que o dobro da norte-americana, e era por conta disso que dei uma boa entrada na compra da casa. O restante eu estou pagando em parcelas, e só as terminarei no fim desse ano.

Já o carro eu ganhei por um milagre da probabilidade: me inscrevi naquelas promoções de natal na qual você recebe um cupom a cada U$ 100,00 em compras numa uma loja de roupas para concorrer a um carro. Eu nunca acreditava muito nessas coisas, francamente, mas Luce me forçou a preencher o papel de sorteio. Quando janeiro chegou, recebi uma ligação de um dos rapazes da concessionária informando que eu fui ganhador e que eu tinha 24 horas para pegar meu prêmio, senão ele seria passado para outro. Rapidamente saí de casa e fui até lá, ainda com a suspeita de que era mentira. Mas hoje eu estava com meu Celta prata — uma confirmação de que a sorte esteve comigo nesse dia, graças a Luce.

— Vou pegar uma bebida para nós — falei animadamente. — Se quiser, pode ir arrumando suas coisas no meu guarda-roupa. A outra porta dele está vazia. Poderemos dar uma passadinha ao shopping para fazer umas compras amanhã à tarde.

— Minha nossa, sua profissão dá lucro, hein? Acho que virarei garota de programa também. — Ela foi caminhando para meu quarto com um sorriso misterioso, como se pensasse profundamente em fazer isso.

— Terá meu total apoio — gritei na cozinha para que ela ouvisse; peguei dois copos e uma garrafa de cerveja ainda não aberta. Pensei em optar o vinho como a princípio, mas, depois das caretas estranhas de Trevor ontem, suspeitei que não fosse uma boa ideia.

EU ENTREGO MEU CORPO A VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora