— Onde você estava? — perguntou Trevor, e era possível detectar a raiva oscilando em sua voz, que fracassou na tentativa de manter a calma.
Ai, droga... Minhas versões no pensamento correram para longe, deixando-me sozinho nesse momento tenso. Comecei a dar importância ao presente. Bem, se Trevor estava agindo friamente, então era bem possível que ele já soubesse onde e com que tipo de pessoa eu estava.
— Você já sabe a resposta.
Sua boca foi aberta em choque. Ele levantou-se em seguida, a pele do pescoço vermelha.
— Porra, eu não te falei que não quero que você saia com outro cara?! — gritou ele, as pupilas dilatadas. — Aí o imbecil aqui fica te esperando todo fodido!
Franzi a testa, assustado com tamanha fúria dele.
— Como é?
— Por que diabos você transou com outra pessoa, Chris? — perguntou sem diminuir a intensidade da voz.
Embora eu entendesse perfeitamente sua ira contra mim, eu detestava ao extremo quando levantavam o tom comigo, com ou sem razão.
— Porque eu quis!
Ele se assustou por um único segundo, mas foi tão breve que sua expressão zangada voltou a consumi-lo. Queria saber fazer isso. Quando alguma coisa me despertava o interesse numa briga, eu rapidamente me agarrava a ela.
— Se o problema for o caralho do dinheiro, eu pago, droga! Mas não precisa continuar nessa merda!
Estreitei meu olhar para ele.
— Pare de gritar comigo! — eu disse, altivo. — Já se esqueceu de que foi nessa "merda" — fiz um gesto de aspas — que você me conheceu?
Trevor andou de um lado para o outro passando ambas as mãos no rosto, a exasperação tão tangível que fazia com que seu peito subisse e descesse em rápida velocidade; inclusive as veias do seu pescoço ficaram à mostra, mais um indício de que ele tentava se controlar.
Ele se aproximou de mim, enquanto eu me mantive parado. Eu quase pensei que ele fosse me bater.
— A vontade que eu tenho agora, Chris, é de foder sua garganta até meu pau atravessá-la — sussurrou, me arrepiando todo.
— Vá se danar!
Com muita coragem, passei por ele e fui à cozinha. Minhas mãos estavam tremendo tanto que eu não sabia decidir se era pelo medo ou pelo... pelo quê? Argh. Era medo mesmo. Abri a geladeira e peguei um copo d'água, enchendo-o completamente. Para onde foi a minha saudade que eu sentia por Trevor?
— Vai fazer isso de novo? — perguntou zangado, ainda na sala. — Vai continuar saindo com os outros caras quando eu estiver longe?
Olhei para ele com raiva.
— Vou fazer isso quantas vezes eu quiser — cuspi. — E pega essa porra do seu dinheiro e foda-se. Não o quero. E eu vou devolver seu maldito terno também.
— Não vou aceitá-lo.
— Ah, você vai, sim! — Nem eu botava fé nas minhas palavras. — Não sei por que você veio. Seu desfile em Seattle não ia até sábado, caramba?
— Você passa duas semanas longe de mim e quebra o rosto. Tentaria suicídio uma semana depois?
Quem sabe? Suspirei, sem querer dar muita importância a isso, e deixei o copo acima da mesa; fui para perto da porta, peguei minha mochila e segui o rumo ao meu quarto, furioso demais para conversar tranquilamente com Trevor. Duvidava muito que nosso diálogo fosse suave agora.
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EU ENTREGO MEU CORPO A VOCÊ
RomanceApós ser expulso de casa pelos pais por se revelar homossexual, Chris tem sua vida quase que arrasada completamente. Tendo que morar na rua por não ter um abrigo nem conhecidos na recente cidade onde mora, ele prevê seu futuro repleto de dificuldade...