18 | Você me dá tudo e nada

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Puta merda!

Ergui minha cabeça com os olhos lacrimejados da revista, evitando que as gotas salgadas dos meus olhos caíssem por sobre o página. Reli de novo somente os três últimos parágrafos, os que mais interessavam. Ele estava falando de mim — e ainda me mandou uma piscadela escrita! Droga, se eu tivesse lido o conteúdo no mesmo instante em que comprei a revista, eu não precisaria ter me submetido a sair para um programa — porque Trevor disse abertamente que queria algo sério comigo.

Caralho!

Fiquei cinco minutos parado na cama, olhando para o nada e assimilando nossa briga. Ela precisava fluir para longe a qualquer custo, e eu precisava ligar para Trevor — dizer o que fosse preciso para trazê-lo de volta à felicidade que ele merecia. Tirei meu smartphone da tomada e disquei o número da pessoa que eu menos queria magoar. Por favor, não rejeite minha ligação...

Harper — atendeu, seco.

Me encolhi no travesseiro com os olhos surpresos. Nunca ele se dirigiu a mim assim pelo telefone! Talvez eu devesse conversar em outro momento com ele, pois era notável que a vontade de falar comigo era mínima — o que era arrasador, já que foi utilizada apenas uma única palavra.

— Oi, Trevor.

Ah, é você. — Ele mudou a voz, tornando-a mais calma. — Desculpe, eu atendi sem olhar. Aconteceu alguma coisa, Chris?

— N-Não. — Limpei a garganta, fitando a revista. — Quer dizer, não grave. Eu... queria perguntar se você poderia passar na minha universidade hoje à noite.

Um minuto de silêncio do outro lado acelerou meu coração.

Tudo bem. Vai dormir na minha casa?

— Hã... — Não esperava por essa pergunta.

Sábado eu não irei trabalhar — acrescentou. — Posso levá-lo à formatura no domingo.

Dei um sorriso generoso.

— Tá bom. Hoje é meu último dia de aula. Eu te ligo quando eu sair da universidade, okay?

Okay, Chris.

Fiquei quieto para ver se ele encerraria a chamada, mas os segundos se passaram e a linha ainda permanecia firme, como se ele também estivesse com um pé atrás sobre querer dizer adeus. Eu podia ouvir claramente sua respiração gostosa, e isso trazia o cheiro dela consigo.

Não vai desligar? — perguntou baixinho.

— Eu não consigo.

Distingui seu sorriso enigmático se formando

É só apertar o botão vermelho na tela — zombou.

— Ainda está com muita raiva de mim?

Agora ele suspirou fundo.

Estou.

— O quanto?

Do tamanho da sua bunda.

Puta merda, isso era muito.

EU ENTREGO MEU CORPO A VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora