Puta merda!
Ergui minha cabeça com os olhos lacrimejados da revista, evitando que as gotas salgadas dos meus olhos caíssem por sobre o página. Reli de novo somente os três últimos parágrafos, os que mais interessavam. Ele estava falando de mim — e ainda me mandou uma piscadela escrita! Droga, se eu tivesse lido o conteúdo no mesmo instante em que comprei a revista, eu não precisaria ter me submetido a sair para um programa — porque Trevor disse abertamente que queria algo sério comigo.
Caralho!
Fiquei cinco minutos parado na cama, olhando para o nada e assimilando nossa briga. Ela precisava fluir para longe a qualquer custo, e eu precisava ligar para Trevor — dizer o que fosse preciso para trazê-lo de volta à felicidade que ele merecia. Tirei meu smartphone da tomada e disquei o número da pessoa que eu menos queria magoar. Por favor, não rejeite minha ligação...
— Harper — atendeu, seco.
Me encolhi no travesseiro com os olhos surpresos. Nunca ele se dirigiu a mim assim pelo telefone! Talvez eu devesse conversar em outro momento com ele, pois era notável que a vontade de falar comigo era mínima — o que era arrasador, já que foi utilizada apenas uma única palavra.
— Oi, Trevor.
— Ah, é você. — Ele mudou a voz, tornando-a mais calma. — Desculpe, eu atendi sem olhar. Aconteceu alguma coisa, Chris?
— N-Não. — Limpei a garganta, fitando a revista. — Quer dizer, não grave. Eu... queria perguntar se você poderia passar na minha universidade hoje à noite.
Um minuto de silêncio do outro lado acelerou meu coração.
— Tudo bem. Vai dormir na minha casa?
— Hã... — Não esperava por essa pergunta.
— Sábado eu não irei trabalhar — acrescentou. — Posso levá-lo à formatura no domingo.
Dei um sorriso generoso.
— Tá bom. Hoje é meu último dia de aula. Eu te ligo quando eu sair da universidade, okay?
— Okay, Chris.
Fiquei quieto para ver se ele encerraria a chamada, mas os segundos se passaram e a linha ainda permanecia firme, como se ele também estivesse com um pé atrás sobre querer dizer adeus. Eu podia ouvir claramente sua respiração gostosa, e isso trazia o cheiro dela consigo.
— Não vai desligar? — perguntou baixinho.
— Eu não consigo.
Distingui seu sorriso enigmático se formando
— É só apertar o botão vermelho na tela — zombou.
— Ainda está com muita raiva de mim?
Agora ele suspirou fundo.
— Estou.
— O quanto?
— Do tamanho da sua bunda.
Puta merda, isso era muito.
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EU ENTREGO MEU CORPO A VOCÊ
Roman d'amourApós ser expulso de casa pelos pais por se revelar homossexual, Chris tem sua vida quase que arrasada completamente. Tendo que morar na rua por não ter um abrigo nem conhecidos na recente cidade onde mora, ele prevê seu futuro repleto de dificuldade...