8 | Não preciso do sexo para gostar de você

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— Responde, caralho! — exigiu Paul, a expressão inexorável. — Que droga é essa de Trevor?!

Minha voz simplesmente me abandonou. O que eu direi? Começarei pelo mais essencial.

— P-Paul... Meu Deus, me desculpe.

— Ah, vai se foder!

Mas não é por isso que estamos aqui?

Ele saiu de cima da cama com o rosto em chamas e caminhou até sua roupa no chão sem compartilhar seu campo de visão comigo, rejeitando-me gelidamente. Era até possível sentir a tensão fria de sua parte, tudo por conta da minha maldita boca. Por que diabos você falou isso?, indagou minha mente para mim ao mesmo tempo em que meu subconsciente tirava sarro. Ótimo... Em três anos de sexo e era a primeira vez que isso me acontece. Logo com Paul!

Caramba!

— Paul, por favor, me perdoe — implorei, sentando-me sobre meus pés na cama. Tanto a minha ereção quanto a dele se tornaram memórias que há uns minutos atrás estavam vivas. — Paul...

Ele me ignorou, percorrendo a mão pelos fios loiros de seu cabelo após vestir sua calça. Seu pescoço estava tão vermelho que as veias ficavam à mostra com facilidade em sua pele muito branca, parecendo que iriam saltar de seu corpo. Ah, que droga.

— Porra, já é a segunda vez que você me decepciona! — Agora ele me fitou, o verde do olhar dilatado. — Que ódio, meu! Mas que droga!

Ele foi até a gaveta da cômoda onde havia retirado o lubrificante e pegou sua carteira de dentro dela. Com toda a certeza eu reagiria da mesma maneira que Paul caso eu estivesse passando pela sua situação. Não queria nunca passar por isso. Era, no mínimo, constrangedor.

— Não precisa — gesticulei com a voz calma em contrapartida à dele. — Fique com seu dinheiro. Eu vou ficar bem, de verdade. Seria muita ousadia da minha parte ainda querer cobrar depois desse incidente.

Saí da cama e peguei minhas roupas também, o pensamento martelando coisas relativas a essa recente decepção. Ótimo, ótimo, ótimo! Parabéns, Chris. Você acabou de perder um cliente dos bons!

— Mas mesmo assim você...

— É sério, não é necessário — o interrompi com um suspiro. Eu poderia estar passando fome, que estava longe de ser o meu caso, mas, pelo menos diante desse momento, eu jamais teria coragem para aceitar o dinheiro dele. — Vou tomar um banho, se não se importar.

Paul me observou por um tempo, a mandíbula tensionada, e relaxou os braços, assentindo depois.

— Sinto muito — sussurrei uma última vez, sabendo que, não importava quantas vezes eu repetisse essa frase, ela jamais mudaria o passado.

Com o coração apertado, segui o caminho para o banheiro com minhas roupas e tentei não arrancar meu cabelo com os dedos enquanto tomava banho.

🍷

A primeira coisa que me veio à mente quando entrei no meu carro foi gargalhar muito alto, o que era desafiadoramente estranho. Se antes eu queria me enterrar num buraco por raiva ou timidez na frente de Paul, agora esse sentimento se transformou em descontração. Maldito Harper.

A ironia era que ele me negava o sexo com um jogo infantil que ele mesmo criou, mas, quando eu decidia me recorrer a outras pessoas para saciar minha cede, ele ainda intervia no meu pensamento. Você gosta dele, traduziu meu cérebro. Não gosto..., afirmei sem pôr total confiança nas minhas palavras. Bem, talvez só um pouquinho...

EU ENTREGO MEU CORPO A VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora