15 | Eu [não] vou ficar bem sem você

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| 3 ANOS ATRÁS |

— Eu estou muito nervoso, Caio! — falei com o medo tangível na voz para deixar óbvio o quanto eu não estava preparado para encontrar com meu primeiro cliente.

— Olhe, estamos em época de frio. A penetração anal dói muito em períodos assim, mas você está piorando as coisas. — Caio segurou minhas mãos dentro de seu carro, o rosto afável na minha direção. — Não precisa ir se não quiser. Poderemos vir outro dia.

— Não. — Balancei a cabeça, embora eu ainda estivesse com um pé atrás. — Eu estou bem. Se eu ficar adiando minha primeira vez como vim fazendo nas últimas semanas, nunca conseguirei entrar nessa onda de programa.

Ele deu um sorriso confortável para mim, deixando minhas mãos livres de novo.

— Okay. Estarei aqui te esperando. Não irei a lugar algum, tá bom?

Fiz que sim, e então assoprei meus dedos para aquecê-los.

— Lembra de tudo o que eu te falei? — perguntou docemente.

— S-Sim...

— Você sabe que não é obrigado a engolir o sêmen, Chris, não sabe? Pode acabar vomitando. Peça para ir ao banheiro.

— E se ele me forçar?

— Ele não fará isso — ele riu. — Fique calmo, amor. Se ele ultrapassar esse caminho, morda a ponta com força e saia correndo de lá. Mas não se esqueça de pegar o dinheiro, claro.

Isso me fez se sentir mais tranquilo, e aproveitei essa distração momentânea para usá-la a meu favor e esquecer qualquer coisa negativa. Respirei fundo, torcendo em silêncio para que essa noite acabasse o quanto antes e que eu pudesse, mais tarde, rir dessa minha experiência com Caio em sua casa, recordando o quão ridículo e desnecessário era meu nervosismo. Deus me ajude...

— Tudo bem. — Abri a porta após beijar seu rosto. — Deseje-me sorte.

— Nem vai precisar. Qualquer coisa, só é me dar um toque. Mas acho que também não precisará disso.

— Assim espero — sorri, fechando a porta do carro logo depois.

E o clima frio veio imediatamente, colidindo contra os meus braços à mostra. Ai, minha nossa... Me mantive parado alguns segundos, o olhar voltado para o hotel respeitável à minha frente enquanto buscava algum motivo que me fizesse voltar ao carro e desejar nunca ter pisado aqui. Vamos lá, você consegue! Suspirei, depois caminhei para o hotel com minha bolsa em um dos ombros, a sensação de estar carregando uma tonelada nos pés ainda presente. Abri as portas de vidro enormes, fui à recepcionista e falei meu nome e do homem que estava no quarto no qual eu ficaria essa noite. Após uma digitação rápida em seu computador, ela me entregou uma chave sorrindo — uma atitude comum, mas que ajudou a manter meus nervos em ordem —, e eu fui ao elevador, apertando o botão 4 quando entrei.

Okay, eu não posso voltar atrás... Me encostei numa das quatro paredes internas e passei as mãos geladas no rosto. Decidi observar ao menos um instante meu corpo no espelho diante de mim, só para me confirmar o que Caio veio repetindo desde que nos conhecemos: que eu faria os clientes perder a cabeça. Mas eu sabia que uma parte desses comentários funcionava como um incentivo que nem eu mesmo sabia buscar. Preciso acreditar nisso. Sim, eu sou bonito do meu jeito! Um som em forma de clique e uma luz amarela no topo indicou que já cheguei, me dando passagem para sair. Fiz isso.

EU ENTREGO MEU CORPO A VOCÊOnde histórias criam vida. Descubra agora