Vinte anos e nove meses depois...
— Diga-me algo para desenhar — a garota falou, olhou para ele e sorriu.
Que aconteceu com minhas idéias loucas?!? — ele pensou, estranhando a ausência de criatividade. Queria sugerir um desenho de modo a surpreendê-la, uma ideia que ela viesse a gostar. Sabia que era capaz, mas nada, absolutamente nada, surgia nos pensamentos dele.
Ela o olhava, querendo uma resposta. Era uma mulher pouco paciente, apreciava decisões rápidas, criativas e inteligentes. Tinha personalidade marcante e sem dúvida, ela o cativara pela segurança que mostrava em suas atitudes.
Sei que posso imaginar um belo desenho — ele tentava se convencer. Sentia-se investigado, quase invadido pelo olhar crítico da jovem.
Ela não irá gostar de mim — a insegurança dominava-o.
A garota começou a se desinteressar... Desviou o olhar para a paisagem à frente.
Tenho que responder... — sentiu-se bloqueado, pressionado pela própria inseguridade. Perdeu a confiança em encontrar uma ideia brilhante. Ainda assim, revirou outra vez a mente atrás de um impressionante desenho. De repente, lembrou-se de quanto admirava árvores. Então, escapou-lhe da boca:
— Uma árvore! — respondeu sem ter imaginado um belo desenho.
— Uma árvore!? — aparentemente ela achou que havia perdido tempo. Começou a desenhar outra coisa...
Aguardava a busca dele, por mim. Momentos frustrantes conduzem à introspecção e podem ser o início do caminho.
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" Preste atenção! As lições, você as possui, estão todas em seu interior. Vá, se precisa novos estímulos para encontrá-las "
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BIVIÁRIO
Romance" A água por certo era a essência da cachoeira, mas não exatamente ela própria, que na verdade é efêmera. A água em sua eternidade, como Humberto já compreendia após observá-la na caverna, seguia seu rumo recolhendo a experiência de ter sido cachoei...