Capítulo 7 - A Pedra

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          O dia estava claro, o céu limpo, sem nuvens, permitia plena atividade solar sobre seus ombros. Em volta a floresta, encantadora e encantada. O silêncio estava lá também, é claro! Olhou para a pedra à beira do lago. Duvidou que conseguiria. Resolveu tentar.

Não lembrava onde havia lido, mas conservara a ideia principal, talvez pudesse fazê-lo. 

Pegou cuidadosamente aquela pedra. Ela não tinha nada de especial em relação às inúmeras companheiras da margem do rio, mas foi ao olhá-la que motivou-se àquela experiência.

Começou a acreditar que poderia.

Colocou a pedra sobre a palma de sua mão esquerda e com a direita, a cobriu parcialmente sem realizar pressão. Podia enxergar a pedra entre suas mãos. Não foi exatamente concentrar-se o que fez em seguida, ele apenas abriu a mente a fim de compartilhar experiências e compreender um pouco aquela pedra. Não houve esforço, não se preocupou mais em conseguir ou não, apenas deixou a mente suscetível à pedra.

Não vejo, ao menos não como você vê. Não ouço, ao menos não como você ouve. Não sinto o gosto de alimentos ou de qualquer outra substância, ao menos não como você sente. Reajo à temperatura, mas não compreendo o contato, ao menos não como você faz ao tocar. Não posso cheirar o mundo, ao menos não como você pode fazê-lo.

Ele começou a descartar seus sentidos, um-a-um, era necessário esquecê-los para poder compreender um pouco, aquela pedra. Percebeu que a pedra se abrira para ele e o entendia melhor que ele a ela.

Mantenho-me tranquila diante as intempéries; aceito o meu lugar e as eventuais mudanças que ocorrem. Tenho meu peso e meu volume de maneira que interfiro no destino deste mundo, com o poder desses aspectos, contribuindo com a harmonia do caos. Não sinto raiva e conheço o que é o Amor.

Ele desejou saber se ela falava sobre o mesmo Amor que ele conhecia, mas não conseguiu descobrir. Só depois entenderia que o Amor da pedra era universal. Tampouco soube sobre a tal harmonia do caos. Harmonia do caos? — sobreveio-lhe! Enfim, continuou a captar as mensagens da pedra.

Se alguma vez quebrar-me em pedaços, como já aconteceu centenas de vezes, isso não terá importância, ainda serei uma só. A total compreensão dessa sensação não foi possível, mas ele sentira que era muito importante.

O passado só me comove naquilo que dele persiste no presente. O futuro, ainda que em muitos aspectos, previsível e conquistável, não conheço. "O presente, precioso, generosamente nos revela a Eternidade." Se puder transmitir-lhe algo, gostaria que concebesse a minha Paz.

Humberto ficou emocionado, agradeceu à pedra pela disposição que teve em partilhar aquele momento com ele e devolveu-a à margem do rio.

Não seguiu qualquer raciocínio lógico para obter as informações que teve, elas surgiram em sua mente. Ele entrara um pouco naquele mundo, o que não era absolutamente um exercício intelectual. Ele estava certo de ter tido sucesso e ficou Feliz. Claro que não pôde ser aquela pedra, mas ele mudou após aquela experiência, era algo a mais, crescera.

Imaginou repetir a experiência com outras pedras, com a água do rio, com plantas e animais. Será que todas as pedras são como esta? Ou será que, como os seres humanos, as pedras estão em diferentes estágios de evolução?

Alegrou-se por ter-se comunicado com uma boa pedra. 

Maravilhou-se com a ideia da compreensão. Queria misturar-se com todos os seres, ser um só com o universo. Talvez fosse isso que a pedra quis dizer sobre a impossibilidade de dividi-la. Começou a suspeitar que realmente o Amor da pedra era diferente do seu e embora não pudesse absorver a plenitude do sentimento, ele desejou conhecê-lo. 

Aquilo era fascinante, mas de repente notou que havia ficado um tanto exausto. Não era provável que conseguisse realizar nova experiência naquele dia. Ficou assustado com a possibilidade de não ser capaz de fazê-lo uma outra vez. Lembrou-se da mensagem da pedra e acalmou. Por hoje estou Feliz, gostaria de conservar a Paz que a pedra me possibilitou sentir — ficou satisfeito.

Estávamos completamente misturados quando comungamos com a pedra. Bastava que ele abrisse a mente para mim como fez com a pedra e poderíamos nos homogeneizar conscientemente.

Era uma simples questão de tempo.

Era uma simples questão de tempo

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" Mantenho-me tranquila diante as intempéries; aceito o meu lugar e as eventuais mudanças que ocorrem. Tenho meu peso e meu volume, de maneira que interfiro no destino deste mundo, com o poder desses aspectoscontribuindo com a harmonia do caos"

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" O passado só me comove naquilo que dele persiste no presente. O futuro, ainda que em muitos aspectos, previsível e conquistável, não conheço. O presente, precioso, generosamente nos revela a Eternidade "


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