Devolva

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Nunca contei isso para ninguém,  apenas eu e minha amiga Ana sabemos dessa história e tudo que aconteceu aquela noite.

Era verão,  fazia muito calor.  Meu nome é Nara, moro no Estado de Minas Gerais e tudo isso aconteceu na cidade de.....

Ana e Eu,  tínhamos 11 e 12 anos na época. Muito calor, no cair da noite,  adorávamos ficar no quintal de casa ( um espaço verde enorme), deitadas na grama,  olhando as estrelas.

Nesse dia,  nossos pais tinham ido visitar meus tios que moravam na capital.

Adorava ficar sozinha com Ana,  ela era muito divertida,  minha melhor amiga,  crescemos juntas, e sempre que estávamos sozinhas,  aprontávamos.. Rs

Coisas de criança, gostava de descobrir o novo.  Morava numa casa antiga,  afastada.. Tinha lugares na casa,  que nunca tinha visitado.. E aproveitava a saída dos meus pais,  para fuçar em tudo, já que eles confiavam em me deixar sempre sozinha, sem nenhum adulto responsável, só pedia que os pais de Ana, fosse da uma olhada as vezes para certificar que estava tudo bem.

Naquela noite estava ansiosa,  não só eu,  mas a Ana também.

Ficamos ali no gramado jogando conversa fora,  adorava conversa sobre fantasmas,  mas depois morria de medo. Típico né kkkk..  Nunca tinha presenciado nada,  ate aquela noite..

Nunca esquecemos daquele dia,  ficou marcado na nossa infância e memória.

Decidimos brincar de "esconde-esconde". Comecei a contar e Ana foi se esconder...  Contando ate 10, ouvi um grito- " Nara, me ajude".. Corri para vê  o que tinha acontecido..  Era Ana caída dentro de um buraco..  De início começamos a rir,  ate descobrir o que tinha lá dentro.

-- Uma caixa preta,  com um cadeado enorme enferrujado....  

Não tinha chave,  porém,  Ana era mestre em arrombar as coisas. Assim ela fez com aquele cadeado.

Ao abrir a caixa,  descobrimos diversos objetos antigos.. Todos velhos,  cheirando a mofo. Tinha cartas,  fotos,  grampos,  joias e uma linda tiara de cabelo cheia de rosas,  que Ana se apaixonou assim que viu.  Ela amava flores e aquela tiara,  tinha ganhado  seu coração.

Mamãe e Papai tinha pedido para os pais de Ana da uma olhada na gente de vez em quando, afinal estava tarde e estávamos acordadas ainda.

Ouvimos o barulho do carro, corremos colocando tudo de volta no lugar, mas Ana resolveu ficar com a tiara.

Horas se passaram,  comemos,  jogamos,  conversamos...  E por fim,  resolvemos ir dormir.

Sono profundo,  estávamos cansadas,  a noite tinha sido divertida e no outro dia seria o passeio da escola.

Dormimos,  mas cerca de 02h da manhã acordamos com batidinhas na porta. "Toc-toc-toc"... Pensamos nós que fosse a mãe de Ana verificando se estávamos dormindo mesmo.

Não respondemos e continuamos quietinhas tentando dormir.

Novamente cerca de 03h da madrugada um vento forte abriu a porta.  Parecia um vendaval. Saiu girando pelo quarto,  como se estivesse procurando algo e realmente estava..

Amedrontada,  Ana correu para minha cama,  nós abraçamos e ficamos quietinha ali.. Começamos a ouvir passos no quarto,  Ana começou a chamar pela sua mãe, mas ninguém respondeu.  Em seguida sentimos algo subir na cama,  não sabia o que era,  pois tinha jogado o lençol sobre nossas cabeças.

Só sentimos um rugido e em seguida o lençol saiu voando,  deixando nós cara a cara com aquilo.  Era uma sombra negra,  aparentava ser uma mulher,  cabelos longos.

Lembramos da foto na caixa,  era ela,  a moça da foto.  Antiga moradora da casa,  tinha sido assassinada ali e todos aqueles pertences era dela,  tinha sido enterrado ali pelos familiares.  Era objetos que ela gostava e que em vida,  vivia usando.

Percebemos assim que ela gritou..  " Devolva-me". Ela queria a tiara que Ana tinha pego.

Estávamos com muito medo,  Ana chorava e mau conseguia se mover.

-Disse a Ana : Segura minha mão e corre assim que eu disser já...  Contei em pensamento,  já tinha um plano,  gritei já,  Ana e eu saímos correndo e em seguida joguei a tiara em direção ao fantasma.  Logo tudo ficou claro,  olhamos para trás e não tinha mais nada.. Ufaa realmente era só a tiara que ela queria.

Depois disso,  Ana nunca mais visitou minha casa.  Continuamos amigas,  porém não mais como antes.

Por Nara Pacheco e Ana Pimentel.

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