Orgia de sangue na corte de Elizabeth Bathory

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O lesbianismo completou o cenário onde ocorreu toda a tragédia, pois destas orgias muito sangue foi derramado para o deleite da Condessa.

A alma imersa em delícias jamais pode ser imaculada” – William Blake

Antes de iniciarmos nossa horripilante aventura envolvendo o passado histórico de uma determinada região da Europa, devo admitir em particular o meu mais profundo fascínio pelo culto do vampirismo, tema sempre atual que envolve diretamente o prazer ilimitado do sexo em relação absoluta com o que existe de mais lúgubre no imaginário humano.

Segundo o que escreveu Nelson Liano Jr., “A palavra Vampiro tem origem em Vampyr, cuja tradução do romeno é beijo de fogo. É o máximo do prazer, o desejo de tirar da vida o alimento para a eternidade devolvendo ao ser beijado a mesma capacidade de transgredir as leis naturais e morais.” De fato, este ‘beijo de fogo‘ possui uma caráter explicitamente erótico que pode entender-se também como ‘o beijo mais íntimo’, que pode levar ambos ao prazer absoluto!

O vampirismo fascina no primeiro momento do impacto por seu caráter orgíaco de luxúria sexual, mas logo após essa primeira impressão, descortina-se ante nós o verdadeiro cenário de violência explícita onde o vermelho vivo da cor do sangue mancha com seus coágulos o chão onde pisamos! Sangue, o líquido da vida!

Como se não bastasse o sexo e o sangue, o vampiro suplanta a temida morte, vence assim o espectro mais temido pela humanidade, a “suprema lei da igualdade que fere sem piedade, a todos sem distinção“, como interpretou Gonçalves Magalhães em relação a morte.

Assim vive este sinistro ser, o vampiro, cadáver que se levantou do sepulcro para beber o sangue dos que ainda respiram a vã esperança da vida… O mito do vampirismo encontrou nas páginas da literatura o local ideal para alojar-se, longe do vulgo, da luz do sol do meio-dia, no obscuro dos livros empoeirados e já carcomidos por cupins de prateleiras de velhas bibliotecas e sebos. Lá dormem o sono diurno todas as legiões de vampiros, acordam quando um de nós, abre uma destas obras e lê num só fôlego todo o tema sobre o assunto, ou faz referências a elas.

O livro “Drácula” de Bram Stoker, é um exemplo, pois o mito do vampiro é explorado nesta obra de forma explícita, mas explica-se o fenômeno, o fundo da obra possui um caráter histórico, Vlad Tepes Drácula existiu! Mas não é só esta referência histórica que dá o caráter de terror à obra, Bram Stoker juntou a lenda dos vampiros da Europa Central, um personagem histórico cruel e justo da Idade Média, um cenário pestilento, medonho, povoado por pássaros noturnos, lobos, cães, estes que ele chamou-os de “Filhos da Noite“, com suas “músicas tristes que produzem, como um lamento pela solidão“, os lúgubres uivos para a lua…

Ele juntou todos os resultados de suas pesquisas, leituras de autores góticos, mapeou toda a antiga Transilvânia e através do seu conhecimento em geografia, localizou o castelo arruinado do seu Conde Drácula…

Mas tudo isso é assunto para um outro momento que poderia levar o título de “As Crueldades de Vlad Tepes Drácula“. Mas foi necessária esta pequena reflexão filosófica do mito do vampirismo...

Referi-me no começo deste conto" em uma determinada região da Europa“. Hungria, para ser mais exato. Terra distante, fria, repleta de montanhas e florestas fechadas. País que faz fronteira com a atual Romênia, antiga Transilvânia. Interliga as duas regiões por uma conhecida cadeia de montanhas denominadas “Montes Cárpatos“.

Aqui a geografia parece reunir os aspectos paisagísticos de duas determinadas regiões da Europa Central, ambas cenários reais de fatos históricos ligados ao vampirismo.

Citei Vlad Tepes, príncipe da Valáquia, e em contraste a esta figura masculina, Elizabeth Bathory como a condessa vampiro, também conhecida como cruel e perversa segundo evidências de documentos da época.

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