Capítulo 2

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Ainda me lembro de quando cheguei ao Diário Carioca, um ano e meio atrás, como estagiária. Já havia passado por uma rádio e seguia bem avaliada como treinee no departamento de jornalismo de uma emissora de TV. Mas ao contrário da maioria dos meus colegas de faculdade, meu sonho era mesmo trabalhar em um jornal impresso. Algo que tinha a ver com os passeios que, desde bem criança, fazia com meu pai ao jornaleiro da Rua Áurea, no meu querido bairro de Santa Teresa.

Sempre que me levava à escola, meu pai dava um jeito de passar na banca do Jorge. Gastava um bom tempo lendo as primeiras páginas dos jornais pendurados do lado de fora. Comentava as notícias que mais lhe chamavam a atenção, ria do que lhe parecia curioso e nunca me deixava sair dali sem um gibi ou um passa-tempo. Cresci e incorporei aquele ritual à minha própria rotina. A ponto de até hoje, em plena era digital, ainda ter dificuldade de passar por uma banca sem desacelerar o passo para ler as manchetes do dia.

Não tenho dúvidas de que essas memórias de infância e adolescência pesaram na minha escolha de trabalhar no Diário Carioca. Um jornal combativo, polêmico, que sempre me chamou a atenção nas bancas pela força das manchetes e imagens que estampa em sua primeira página. Um jornal que se orgulha de não vender assinaturas. E que, por isso mesmo, precisa reconquistar seus leitores diariamente, oferecendo conteúdo de qualidade e prestando bons serviços à população.

Desde os meus 15 anos, quando coloquei na cabeça que cursaria jornalismo, meu coração batia mais forte ao passar em frente ao prédio do Diário, no Centro do Rio. Não foram poucas as vezes que me postei, por mais de uma hora, na esquina da Avenida Rio Branco com São José apenas para acompanhar o frenético entra e sai dos fotógrafos e repórteres. Eu precisava fazer parte daquilo. Tinha certeza de que ali era o melhor lugar para se aprender a contar boas histórias. Mais do que isso, para exercitar a arte de recontá-las de forma interessante, ainda que chegassem às mãos dos leitores um dia depois de já noticiadas pelas rádios, TVs, sites e redes sociais.

Quando fui aprovada no processo seletivo, não tive dúvidas em trocar uma promessa de contratação na TV por um estágio com remuneração menor no DC. Eu tinha 21 anos e faltavam seis meses para me formar. A ideia inicial era permanecer no jornal por um ou dois anos a fim de aprender o máximo que pudesse. Queria me colocar à prova e ganhar mais segurança no texto. Depois seguiria com meu plano original de investir na carreira de escritora. O que eu não previ era que me tornaria dependente daquelas coberturas diárias.

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As histórias sempre foram a minha paixão. Quando criança andava com a turma imaginária de Peter Pan e sonhava em passar uma temporada no Sítio do Pica Pau Amarelo. Não bastava ler ou assistir passivamente. Sentia necessidade de participar. E o que encontrei no Jornalismo foi a possibilidade de resgatar aquela magia de estar dentro das tramas, interagindo com os personagens. É como se eu fosse a Hogwarts assistir a algumas aulas de bruxaria, jogar uma partida de quadribol, e depois sentasse para escrever o que senti, o que vi e o que ouvi por lá.

Vez por outra ainda me pego hipnotizada, com o rosto colado na parede de vidro do mezanino da redação. Lá de cima, de onde é possível ver a impressora rotativa em funcionamento, assisto à mágica que transforma enormes rolos de papel em histórias com personagens reais. Fazer parte desse processo e ir para casa imaginando a reação de milhares de leitores no dia seguinte é como estar no céu.

Em meu primeiro ano no Diário Carioca passei de estagiária a treinee e fui contratada como repórter da editoria conhecida como Geral. Uma seção do jornal que cobre assuntos tão diversos como polícia, educação, cidade e saúde. Há seis meses fui convidada a integrar a equipe especializada em coberturas policiais. Aceitei pelo desafio, mas jamais imaginei o quanto isso me transformaria.

Quase nunca sei o que farei ou onde estarei no dia seguinte. O desafio diário imposto por essa falta de rotina é o que mais me fascina. Quando menos espero me vejo envolvida em um novo enredo, com novos personagens, tentando juntar as peças que podem explicar o que acontece à minha volta.

Naquele fim de tarde, ao receber o telefonema de uma garotinha pedindo ajuda, meu coração bateu mais forte. Sabia que estava sendo sugada para dentro de mais uma história real


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#NOTA DO AUTOR:

OLÁ, SE PUDER, DEIXE UM COMENTÁRIO SOBRE ESTE CAPÍTULO. SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE.

OBRIGADO PELA LEITURA :)

JM COSTA


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