#NOTA DO AUTOR:
QUERIDOS LEITORES, O PRÓXIMO CAPÍTULO ENCERRARÁ NOSSA HISTÓRIA.
ESPERO QUE A TRAMA ESTEJA AGRADANDO VOCÊS ATÉ AQUI E AGRADEÇO PELOS VOTOS E COMENTÁRIOS QUE VENHO RECEBENDO.
--------------------------------------------------------------------
Assim que cheguei na redação do Diário recebi os parabéns de todos pela cobertura do caso. A imprensa inteira corria atrás da nossa história. O drama da corajosa garotinha sequestrada por policiais corruptos também ganhou espaço nos noticiários internacionais. O governador deu entrevista garantindo que tudo seria investigado com rigor. E, nos bastidores, já se especulava a queda do comandante geral da PM. Impressionante a quantidade de coisas que acontecem enquanto se dorme.
A reunião com os editores na sala do diretor de redação foi uma guerra. Meus vídeos foram submetidos até aos acionistas do jornal. E a decisão de não publicá-los veio lá de cima. Não queriam dar voz a um traficante que, no entender deles, armou para denunciar a polícia. Queriam evitar a todo custo a leitura de que o jornal havia se unido a um bandido para desmoralizar a PM. Eu concordava no que dizia respeito à evitar a divulgação da mensagem solo gravada por Linho. Traria mais pânico do que benefícios. Mas esconder a conversa entre o coronel e o traficante? Não fazia o menor sentido.
Claro que protestei e discordei daquela posição. Não se tratava de uma campanha gratuita ou generalizada contra uma instituição bissecular cujo lema é servir e proteger. Pelo contrário. Estávamos prestando um serviço à população e à própria polícia. Nossas matérias apontavam maçãs podres, um pequeno grupo de criminosos que desonrava a farda, a história e o ideal da Polícia Militar. Mas nessas horas a opinião de uma repórter com menos de dois anos de carreira não tem muito peso. O que mais me incomodava era que, enquanto eu dormia, o coronel Borges negara qualquer relação com Linho. Com um depoimento espontaneamente prestado ao longo daquela manhã, sua defesa tentava uma manobra mirabolante para bagunçar as investigações.
Na versão dada por Borges e seu advogado, o coronel e sua equipe eram heróis e sofriam grande injustiça. Haviam seguido uma denúncia anônima e resgatado Jéssica de um cativeiro uma hora antes da chegada de Linho ao posto de combustível. A menina teria sido sequestrada por bandidos rivais, que fingiam ser policiais militares para incriminar a PM. A história apresentada em defesa dos policiais tinha até um corpo como prova de resistência dos sequestradores à tomada do cativeiro. Um bandido baleado no cerco dos PMs que, antes de morrer, contou sobre o encontro para pagamento do resgate no posto da Avenida Brasil.
O depoimento do coronel, o único dos presos que não invocou o direito de só falar em juízo, era uma obra de arte. Uma peça claramente lapidada e polida por seu advogado Nilson Del Cali — famoso criminalista especializado em defender policiais em situações indefensáveis. Del Cali encontrava brechas na lei, derrubava provas com artimanhas legais, confundia investigações e tinha a capacidade de fazer o processo de um réu confesso se arrastar por anos, até que se diluísse no esquecimento popular. Mas sua habilidade mais comentada nos bastidores das delegacias, redações e tribunais é a inventividade jurídica. Seus clientes sempre têm uma boa explicação, um bom álibi. São todos inocentes ou, quando muito, vítimas de um mal maior do que qualquer dano que possam ter causado.
Em sua defesa, Borges alegou que decidiu ir pessoalmente até o posto depois que seus homens resgataram Jéssica e descobriram que os bandidos passavam-se por policiais e usavam seu nome para negociar com Linho. Segundo o coronel, o tempo era insuficiente para montar uma operação e ele resolveu improvisar para tentar prender o traficante. Levou a menina até o posto e fingiu estar por trás do rapto, seguindo o script armado pelos verdadeiros sequestradores da menina. Linho chegou com homens fortemente armados e o coronel decidira fazer uma espécie de "teatro" para não arriscar a vida de Jéssica. Só deu ordem para prendê-lo ao perceber que a criança estava em local seguro e que um reforço de policiais civis havia chegado ao posto. Mas aí todos foram surpreendidos com a reação do bando de Linho.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PRIMEIRA PÁGINA - Conflito na Baiana
ActionEm uma trama acelerada, tensa e totalmente viciante, a denúncia de uma menina de 9 anos coloca a jovem repórter Clara Gabo diante de um crime brutal, que pode abalar as estruturas da Polícia Militar na cidade do Rio de Janeiro. Quando sua matéria g...