Fools in love

Capítulo 2

Derek não sabia para onde dirigir. Se fosse para a casa da mãe, teria que explicar o que o levou a aparecer ali de madrugada com a filha ainda de pijama nos braços; se fosse para um hotel, provavelmente logo seria localizado por Addison, que deveria estar desesperada em casa. O sangue quente rodava pelo seu corpo e a raiva tomava conta dele de tal forma que não podia ouvir o que Katie dizia no banco de trás.

- Papai, o que está acontecendo? _ a menina questionava muito confusa _ Para onde nós estamos indo?! Eu quero a minha mãe.

Ele não conseguia acreditar no que estava acontecendo. "Addison e Mark?" se perguntava, enquanto tentava imaginar há quanto tempo aquilo podia estar acontecendo. Explicava muito o desconforto de Mark sempre que ele pedia para que ele fizesse algo em seu lugar. Apertou ainda mais o pé no acelerador, mas logo despertou daquele transe maluco quando ouviu a voz de Katie gritando.

- PAPAI!!!

Um carro desviou a sua frente, fazendo com que ele girasse o volante para o lado direito. Pisou no freio para que o carro parasse no acostamento antes que entrasse na calçada e quando o veículo parou com violência, o outro carro passou buzinando, como se tivesse o xingando por aquela falta de atenção. Sua respiração, que estava parada até o momento, voltou a funcionar quando ele sentiu seu coração voltando a bater. Estava tão assustado, que tinha a sensação de que podia ouvi-lo em alto e bom som. O silêncio durou por alguns segundos, até que fosse substituído pelo som de uma criança chorando às suas costas. Era Katie. "O que eu estou fazendo?" ele se perguntou.

- Calma.

Ela também havia se assustado com o acontecimento e olhava por pai parecendo mais confusa do que ele lembrava de algum momento tê-la visto.

- Não foi nada _ disse tentando acalmá-la _ Está tudo bem.

- Vamos pra casa... _ a menina pediu, limpando as lágrimas com a manga de seu pijama.

- Meu amor, calma... Vem aqui com o pai _ ele chamou puxando a mão dela.

Percebeu que ela tremia um pouco e estava com medo por estar em uma rua escura e silenciosa aquela hora. Ela passou entre os bancos da frente e sentou no colo do pai, abraçando.

- Desculpa... _ Derek disse contra o cabelo _ Papai não queria arriscar a sua vida, eu...

Ela continuava chorando.

- Shiiii... Passou. Papai está aqui pra você...

- Eu quero ir pra casa, papai...

- Fecha os olhinhos, princesa.

- Nós vamos pra casa?

- Fecha os olhinhos...

Katie continuou chorando com o rosto contra o peito do pai, esperando que ele a levasse pra casa, mas tudo o que sentia era os braços dele abraçando as suas costas e as mãos acariciando seus cabelos. Em algum momento ela não sentiu mais vontade de chorar, pois estava muito cansada, e tudo se transformou em um gemido baixo até que ela dormisse.

O silêncio deu a Derek a oportunidade que ele precisava para pensar em tudo o que estava acontecendo. No fundo, sua mente ainda não estava acreditando no que ele tinha visto. Nem em seus piores pesadelos poderia imaginar que viveria algo parecido com aquilo. Obviamente se sentia traído, enganado, humilhado, mas estar com Katie ali no seu colo fazia com que sua preocupação fosse outra além dele próprio. "Será que ela chamou a polícia?" se perguntava querendo imaginar o que Addison tinha feito depois que ele saiu. Pensou em voltar pra casa para deixar a filha na cama e tentar entender o que estava acontecendo. Seu senso de responsabilidade gritava que o que ele estava fazendo era errado, era irresponsável, era absurdo, que ele deveria conversar com Addison porque ela poderia ter uma explicação. Ter tirado uma criança da cama no meio da noite para colocá-la dentro de um carro, com a mãe gritando do lado de fora, era muito errado e ele tinha plena consciência daquilo. Talvez não tivesse tomado aquela atitude há 20 minutos atrás se tivesse pensado por mais de cinco minutos depois de atravessar a porta e ter dado de cara com as roupas da esposa espalhadas na escada. Mas estava se sentindo tão enganado com toda aquela situação, que não sentia vontade de voltar pra casa para entender o que estava acontecendo; sentia como se sua vida inteira até ali tivesse sido uma mentira. Não queria tentar entender e nem voltar a viver uma mentira. Só queria sumir.