O jogo foi favorável para o time da nossa universidade. Era claro. Max era o garoto prodígio que todos amavam, temiam e queriam ser iguais; durante o jogo, percebi até a presença de alguns olheiros, que são caracterizados por usarem um tipo de pin de seus times para identifica-los e não serem confundidos com algum integrante de um time rival. Ainda assim, pelo que me lembro das habilidades de Max, aquela não era sua melhor performance.
Ainda que ele fosse o ace do time, com o número de pessoas importantes para avaliar seu jogo, era no mínimo normal que ele fosse espetacular. No entanto, me parecia que sua concentração estava péssima.
- Ele não é demais? – Isla perguntou, suas mãos unidas em frente ao peito, parecendo verdadeiramente (e estupidamente) encantada em ver Maximus no uniforme vermelho e branco do time. Fiz uma careta assim que virei meu rosto para o lado oposto, lembrando quão insuportável é ouvir uma pessoa apaixonada falar de seu parceiro.
- Me parece mesmo muito bom. – abri um pequeno sorriso, rezando para que ela não falasse mais das performances que ele fazia; pelo menos quando o time parasse para esperar o saque. Pelo menos nesse curto espaço de tempo.
Olhei para os lados, me certificando que ninguém viria me cumprimentar e estragar todo meu plano, além de me colocar em uma situação desconfortante em frente à Isla. Ter de explicar que ela está lidando com sua maior inimiga não seria fácil, nem legal, dado ao local onde estamos.
Por sorte, me parece que ficar quatro anos afastada foi tempo suficiente para novas pessoas chegarem na cidade e novos grupos serem formados, esquecendo-se daqueles que um dia fizeram parte de tudo. Somente os que eram bastante próximos conseguiam voltar a interagir, mas a maioria parece ter tido algum arrependimento nos relacionamentos e amizades do passado, de modo que quase nenhum grupo está com os integrantes originais.
O vôlei, por causa de Maximus, sempre foi meu esporte favorito. Mesmo quando estava em Miami, depois do primeiro ano de desintoxicação, tinha coragem de comparecer aos jogos e campeonatos que rolavam na região. Esforcei-me tanto para desvincular a imagem de Max do esporte, que no terceiro ano eu já conseguia assistir ao jogo inteiro sem me lembrar da razão de estar ali naquela cidade.
Por esse esforço, agora consigo sentar-me ao lado de Isla e fingir achar o jogo interessante, mesmo quando algo dá errado, como Isla mesmo faz. Quem quer que visse, não acharia que por trás de toda essa relação entre eu e o vôlei pudesse haver uma lembrança tão ruim.
- Não tem como eles virarem. – Isla riu, satisfeita ao meu lado.
É claro que era mentira. Quinze pontos de diferença, faltando 3 minutos para o fim do jogo não era grande coisa. Por essa razão, o time da U permanecia séria e compenetrada, evitando ao máximo deixar a bola cometer um ponto negativo para eles. Qualquer um que acompanhasse os jogos saberia que não é difícil marcar 15 pontos em 3 minutos, principalmente no nível dos jogadores em quadra, mas Isla com certeza, assim como eu, começou a ter interesse no esporte por causa de Max. Diferente dela, eu não quis fazer papel de burra e me informei sobre o assunto.
Durante a partida, pude ver de relance os olhos de Maximus, que definitivamente não estavam em foco. Ele via, mas não enxergava. Sua mente parecia estar em outro lugar e as vezes que errou um saque ou bateu na bola de maneira errada foram muito maiores do que provavelmente a quantidade que cometia durante o treino. Prova daquilo fora os vários tempos possíveis de serem utilizados que o técnico de seu time pedia para lhe dar bronca. Max apenas abaixava a cabeça, com as mãos pousadas na cintura, e murmurava o pedido de desculpas, concordando que se esforçaria mais para melhorar o placar do jogo. Pelo que eu vi, os jogos da U no último ano tinham uma diferença enorme no placar contra os times adversários; é, inclusive, por causa disso que Maximus ficou tão famoso. Sua entrada no time principal fez completa diferença e é por isso que os olheiros estão aqui. Não é incomum o aluno sair de uma universidade e ir para outra, quando recebe uma proposta de bolsa melhor. Apesar dele nunca ter comentado comigo sobre qualquer interesse em seguir a carreira de jogador, sei que aquela era uma das maneiras que ele tinha para conseguir fazer as coisas da maneira dele.
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Love Me Right
RomanceBailey Wright era uma garota doce e alegre. Aos 12 anos, viveu seu primeiro amor com Maximus King. Achou que o sentimento era retribuído, até que, depois de dois anos de relacionamento, o viu traí-la com outras garotas. Mesmo criança, Bailey não con...