Capítulo 10

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- O que aconteceu? – ouvi uma garota perguntar.

- Ouvi dizer que estupraram alguém.

Engoli seco. As luzes do carro da polícia iluminava nossos rostos ansiosos, que aguardavam notícias sobre o que estava acontecendo dentro da mansão.

- Vocês vão voltar para suas casas ou teremos de leva-los nós mesmos? – um policial, que me parecia ser o líder deles, disse, balançando o braço, como se fossemos moscas rondando sua cabeça. Sua expressão era de fúria; não sei se pelos jovens ainda estarem do lado de fora da mansão, mais curiosos com o que estava acontecendo, do que com o fato de algo ter sido grave o suficiente para a polícia ser chamada, ou pelo fato de ele estar tendo de trabalhar em plena madrugada. – Vão, antes que decidamos pegar mais pessoas para depor.

Rapidamente, todos foram se afastando do local. Com cautela, tentei arranjar um lugar escondido para tentar acompanhar o que estava acontecendo. Eu não deveria estar tão preocupada. Havia feito o que tinha de ser feito.

Augusto havia sumido, era claro. Quando os gritos começaram a ser ouvidos e todos perceberam que era a polícia que estava chegando, aqueles com mais culpa no cartório foram os primeiros a fugir.

Eu sabia que isso iria acontecer. Sabia que iriam envolver a polícia. Um caso desses não tem como passar sem punição; principalmente quando há vítimas. Ou possíveis.

Primeiro, Isla saiu com os olhos vermelhos, provavelmente por ter chorado muito. Em seguida, Jessica veio ao seu alcance, como se estivesse preocupada com ela. Eu deveria ir até ela? Deveria ir consolá-la?

Depois, Leon e Max saíram arrastados pela polícia, os pulsos algemados atrás das costas. Engoli seco por ver Max naquele estado. Ele não parecia estar bravo ou desesperado para provar sua inocência. Tinha uma expressão séria e pesada; podia ver seus pés cambalearem por conta do álcool, mas eu sabia que ele não estava nada alterado, pelo contrário, estava bem sóbrio.

Vi os quatro entrarem em algumas viaturas, e então seguirem para o posto policial mais próximo.

Fiquei ali, parada como uma covarde, observando as viaturas, aos poucos, se afastarem do local, enquanto os poucos policiais que sobraram terminar a vistoria e despachar todas as pessoas que estavam bêbadas demais para saber aonde tinham de ir.

- E então? – ouvi ao meu lado. – Será delegacia ou dormitório?

Olhei para o lado e vi Scott com as mãos nos bolsos. Ele olhava para a mesma direção que eu e, ao contrário de todo mundo ali – inclusive eu – não estava bêbado, com os cabelos bagunçados ou perto de ser confundido com um mendigo.

Senti meus ombros serem cobertos e vi que a jaqueta de Scott estava me protegendo do frio da madrugada.

Não pude responde-lo, nem agradecê-lo, tampouco resmungar por estar sendo protegida por um cara que não suporto. Scott era o mais próximo de alguém com quem poderia contar no momento, e queira ou não, minha mente estava atordoada demais para conseguir pensar em outra coisa senão nas consequências do plano idiota que Augusto preparou – e que eu concordei em participar.

- Venha. – ele segurou meu braço e me puxou em direção ao seu carro. – Vamos fazer você terminar o seu plano direito.

A delegacia estava lotada. Parecia até que havia acontecido um motim lá dentro. Jessica e Isla estavam sentadas em poltronas – as mais confortáveis do lugar, mesmo elas não sendo nem um pouco macias ou cheirosas –, enquanto Max e Leon mantinham-se em pé, esperando por alguma decisão policial sobre o que fazer. Fora eles, diversos alunos embriagados esperavam por sua vez de serem punidos, seja passando a noite presos em uma cela, seja enfrentando o pior, com seus pais aparecendo com expressões furiosas.

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