O dia seguinte começou doloroso. Era como se uma bigorna tivesse caído em minha cabeça. Até meus olhos doíam. Antes mesmo de eu criar consciência do novo dia, minha cabeça girava e reclamava do pouco caso que fiz dele, para deixa-lo dolorido assim.
Para ajudar a piorar, Naomi entrou em meu quarto na hora do almoço, com a mesma delicadeza de um elefante, para me chamar pra refeição – que eu certamente não iria fazer:
- Eu não sei como você conseguiu chegar em casa...
- Naomi, fala mais baixo... – resmunguei. – Um cara da faculdade me trouxe.
- Não sei nem como você consegue lembrar.
Nem eu. Para dizer a verdade, não sei por que a ressaca me pegou tão forte. Eu não me lembro de ter bebido litros, nem de ter aceitado outra coisa que não fosse uma cerveja aqui, uma vodca ali. Talvez fosse aquele papo que as pessoas mais velhas têm, de que já não são mais as mesmas com a bebida; ainda assim, não é um bom sinal ter sintomas de gente mais velha, estando somente primeiro semestre da faculdade.
- Se nossos pais chegarem aqui de repente, você sabe que eu seria uma Naomi morta, não é? – ela resmungou, me passando a aspirina e o copo d'água. – Você poderia se cuidar um pouco mais.
- Naomi, mesmo que eu diga que apenas bebi algumas cervejas, você jamais acreditaria, então por que se dar ao trabalho de me dar sermão, se sabe que não vou ouvir?
Ouvi minha irmã bufar e sabia bem que ela não brigava mais comigo, porque estava vendo a si própria em meu lugar. O bom de não ser a irmã mais velha, é que mesmo depois de você cometer alguns erros, ela terá uma paciência maior do que os pais, pelo simples fato de saber que vir com sermão para cima não é a solução – principalmente se deseja ser ouvida.
- Você saiu com Maximus?
Abri um dos olhos e como reação, ergui a sobrancelha do olho que abriu para que ela soubesse exatamente o que eu estava pensando.
- Eu vi vocês dois ontem, antes de você entrar e avisar que ia sair. – ela ergueu os ombros, como se fosse normal você sair de uma conversa com seu convidado para espiar a irmã no lado de fora da casa. – Achei que você o odiasse.
Percebi, então, que ouvir Naomi falar sobre meus sentimentos por Maximus era bem mais confuso do que minhas amigas ou eu mesma. Ela era minha irmã mais velha, um exemplo de maturidade e pessoa adulta mais próxima de mim. Achar que eu odeio alguém que me fez um enorme mal há muito tempo me faz pensar que eu realmente sou mais infantil do que imaginava. Do que imaginei a alguns dias atrás, pelo menos.
Me mexi, até sentar na cama e abraçar meus joelhos, enquanto encosto na parede. Encarei a colcha bagunçada e senti minha irmã se remexer, encontrando uma posição mais confortável ao ver que eu havia dado o sinal de que estava pronta para uma conversa franca de irmãs.
- Para ser sincera, eu não sei mais o que sinto por ele. – falei, expondo a dor do meu coração. – Isso me deixa maluca. Até um tempo atrás, eu o odiava. Odiava de verdade. Queria vê-lo sofrer. Mas agora que o vi. Depois que falei com ele... vi que nada daquilo importava.
- Talvez você tenha tido uma desilusão com relação à satisfação que acharia que iria ter ao vê-lo atingido...
Balancei a cabeça.
- Eu só queria que ele sentisse o que eu senti nos últimos anos, para que entendesse quão mal causou em minha vida.
- Ah, a inconsequência. – ela suspirou, como se sentisse falta de não ser madura e responsável, e ponderar antes de tomar uma atitude. Mesmo não sendo totalmente formada profissionalmente como nossos pais, Naomi era o exemplo de pessoa para mim, assim como talvez nossa mãe tenha sido para ela. – Você só descobre a desnecessidade dela quando ela se mostra ativa na sua vida.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Love Me Right
RomanceBailey Wright era uma garota doce e alegre. Aos 12 anos, viveu seu primeiro amor com Maximus King. Achou que o sentimento era retribuído, até que, depois de dois anos de relacionamento, o viu traí-la com outras garotas. Mesmo criança, Bailey não con...