Capítulo 13

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Permaneci calada, assistindo ao espetáculo. Milhares de possibilidades passavam pela minha cabeça. Possibilidades dos dois terem se conhecido, conversado sobre seus irmãos menores, combinarem de deixar isso para trás, já que não era assunto deles. Kennedy não parecia se importar em me ver. Não parecia nem sem graça por ser o irmão do traidor.

- Existe prazo de permanência. Você deve saber disso, não é, sabe-tudo? – ele respondeu ao comentário de Naomi, que havia acabado de brincar com sua orientação sexual.

- Ah, só pare! Essas desculpas não vão fazer você parecer menos viado! – e deu um tapa no braço – provavelmente – duro de Kennedy.

Fiquei encarando, boquiaberta, os dois fazerem brincadeiras; minha irmã com seu comum entusiasmo quando encontra com um amigo, e King de maneira mais contida, mas com um leve sorriso no rosto. Fiquei minutos parada ao lado dos dois feito uma estátua, até Naomi se tocar que eu estava ali e querendo muito saber o que diabos ela estava fazendo, conversando nesse nível de intimidade com o irmão do meu até-há-pouco-inimigo.

- Ah, você deve conhecer a Bailey, não é? – Naomi me deu um empurrãozinho, uma maneira legal de se apresentar a ex-cunhada-traída. – Ou deve ter ouvido falar. - e soltou uma risadinha, como se houvesse um tipo de segredo entre os dois.

- Conheço, sim. Quase fomos parentes. – ele ergueu uma mão para mim, todo polido, como se eu fosse uma figura fazendo uma visita a ele no exército. A única coisa que pude pensar sobre Kennedy, é que ele era chato. Tedioso. O tipo de cara que pais gostam, porque são adultos demais.

Cruzei meus braços, certa de que não cumprimentaria o irmão de Max. Ele não pareceu nem um pouco constrangido e logo desviou o olhar de mim, para minha irmã.

- Cadê o Jace?

- Em casa, preparando o jantar. – Naomi se gabou, orgulhosa de dizer que o namorado iria cozinhar para ela em um sábado à noite.

Dessa vez, King não supriu a risadinha irônica e mudou o peso de perna.

- Ele sim virou um mariquinha. – Kennedy balançou a cabeça e recebeu uma tentativa de soco de Naomi.

Enquanto ela defendia a opção sexual de Jace com garras e unhas, eu me coloquei a "admirar" o que assistia. Não conseguia acreditar que os dois estavam conversando como se fossem amigos de longa data. Da onde eles se conhecem? Desde quando? Naomi não pegou minhas dores? Ele não pegou as dores do Kennedy? Por que estavam falando como se não soubessem o que aconteceu entre eu e Maximus?

Durante minha batalha de pensamentos, desviei o olhar dos dois ao perceber que, o fato de Kennedy se manter alheio ao meu passado com o irmão dele, sem nem ao menos demonstrar qualquer tipo de sentimento, me perturbava. Não que ele fosse obrigado a se desculpar ou enviar um olhar de dó - quem gosta de receber um olhar de dó? -, mas por possuir o mesmo sangue de Maximus nas veias faz com que a regra do "Se você se machuca, eu sinto junto" valha, não? Pelo jeito, não. Não é à toa que Maximus não fala sobre Kennedy. 

Falando no diabo, ao passear com os olhos pelo estacionamento, a fim de ignorar a conversa animada dos "irmãos mais velhos chatos", pude ver seu perfil de longe.

Ele saía correndo até nossa direção com algumas sacolas nas mãos. Por conta de suas pernas longas – que o fazia ser mais alto que Kennedy –, se aproximou de nós absurdamente rápido. Muito mais do que o tempo que eu precisava para me preparar.

- Pois vou convidar você para jantar conosco só para te provar que ele sabe cozinhar melhor do que aquela sua namorada tosquíssima da França. – Naomi apontou para Kennedy, que não percebeu Maximus diminuindo a velocidade e mudando a expressão do rosto para uma apreensiva, ao perceber com quem seu irmão estava conversando.

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