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Não existem pessoas certas ou erradas. O que for errada para você, com certeza, será a certa de um outro alguém.

(Querido John)

Eva

Meu despertador começou a tocar ao som de "No" da cantora Meghan Trainor.

Prendi meus cabelos e tomei um banho quente, mesmo sabendo que o tempo não pedia isso.

Escolhi um vestido florido, com alças finas, que seguia até metade das minhas coxas, soltinho, o que me deixava confortável.

Passei uma leve maquiagem e batom rosa matte. Coloquei minhas pulseiras para cobrir minhas cicatrizes e sapatilhas pretas.

Soltei meus cabelos, dei uma leve arrumada neles, peguei minha mochila e fui para a cozinha. Larguei a mesma em cima do balcão e preparei meu café. Fiz uma vitamina de banana com aveia, minha preferida.

Depois segui direto para o estacionamento. Perdi preciosos vinte minutos, porque quando estava saindo de casa, meu telefone tocou. Era minha mãe me cobrando porque não liguei ontem à noite.

Quando cheguei ao estacionamento da faculdade, havia apenas duas vagas. Soltei o cinto e antes de sair, dei uma última olhada no visual pelo espelho retrovisor. Recitei meu mantra e saí do carro.

Um carro começou a se aproximar e notei ser a mesma caminhonete do dia anterior. Minha curiosidade foi maior e fingi estar realizando uma ligação enquanto o carro estacionava. Queria saber quem era a pessoa que andava com um par de luvas estampadas na lateral do carro.

A porta do passageiro foi aberta e um garoto alto, cerca de 1,80, ombros largos e musculosos saltou da caminhonete.

Vestia camisa preta, acompanhada por uma jaqueta de couro também na mesma cor. Jeans lavagem escura apertada e botas pretas, estilo soldado.

Uma barba rasa, deixando-o com um ar de largado, mas sexy. Cabelos loiros um pouco maior do que o normal jogados para a esquerda, com o lado direito raspado.

Havia um pequeno curativo no nariz e na sobrancelha direita. Usava óculos Ray Ban como uma tentativa inútil de esconder seus ferimentos.

Ele olhou em minha direção e fui pega no flagra olhando para ele. Deixei o telefone cair e quando me abaixei para pegar, bati minha testa na chave do carro.

— Ai caralho!

Levei minha mão à testa e senti algo molhado. Quando olhei, uma pequena macha que sangue marcara meus dedos.

— Há inferno...

Abri o porta-luvas e procurei o pacote de lenços umedecidos que guardava sempre para uma emergência. Segurei um pouco no machucado até ter certeza que o sangramento estancara.

Peguei minha mochila e ainda segurando o lenço, saltei do carro, tranquei as portas e segui para o prédio. Enquanto bancava a desastrada, nem vi para que lado o rebelde havia ido.

Logo na entrada, Mia já estava me esperando, segurando dois copos de cafés.

— Dois cafés? Está precisando ficar acordada?

— Até que preciso, mas comprei um para você — disse me dando um dos copos.

— Esqueceu que não tomo café?

— Droga! Esqueci completamente. Tudo bem, ficarei com os dois. Eu sem café não tenho vida.

— Conheci alguém muito parecida com você.

— Sério? Quem?

— Minha vizinha.

— Tem certeza de que não quer mesmo?

Quando eu ia negar novamente, alguém bateu nas minhas costas, me fazendo ir de encontro aos copos de cafés que Mia segurava. Parte do líquido quente caiu no meu vestido, queimando minhas pernas.

— Ai — falei enquanto puxava meu vestido da pele.

— Céus! Você está bem?

Mia correu ao meu auxílio.

— Qual é Luan! Você apanhou demais ontem e perdeu um pouco da visão? — disse Mia enquanto pegava um lenço de dentro da sua bolsa e tentava secar o molhado do meu vestido.

— Até onde sei, a entrada do prédio não foi feito para tomar café e ficar conversando. Liberem a entrada e vão tomar café na lanchonete.

Olhei para o garoto grosso que havia trombado comigo e fiquei surpresa ao reconhecê-lo. Era o mesmo que vi saltar da caminhonete minutos atrás. O que tinha de bonito, tinha de arrogante.

Nossos olhos se encontraram e vi que seus olhos tinham cores diferentes, o direito era verde, enquanto o esquerdo era castanho, quase mel.

Seus olhos me lembraram de um filme que assisti onde à atriz Sandra Bullock era uma bruxa. Lembro que quando vi o ator com olhos coloridos jamais pensei que existiria na vida real.

— O corredor é enorme, não acredito que seu ego seja maior que esse espaço.

— Adoro esse seu humor logo cedo.

— Vem Mia, vamos ver se conseguimos salvar seu vestido. E se não conseguir, pode colocar na conta do Luan, ele ficará muito feliz em lhe dar um novo — disse Mia me arrastando para o banheiro.

— Farei uma festa no sábado, você está convidada e pode levar sua amiga.

Olhei rapidamente para trás para ter certeza de que ele estava falando com nós duas.

— Acredito que sem esse vestido, ela pode ser mais interessante — Luan me avaliou dos pés à cabeça enquanto passava a mão pela boca.

— Vai se ferrar, idiota! — ouvi Mia sussurrar.

Ele ficou nos observando por algum tempo e depois seguiu o caminho oposto.

Entramos no banheiro e Mia me levou direto para pia. Pegou vários papeis toalhas, molhou um pouco e começou a passar na mancha de café.

— Não sairá tudo.

— Então ele é o tão famoso Luan? — perguntei.

— Famoso, prepotente, arrogante e idiota.

— Pelo jeito você o odeia.

— Tive o desprazer de conhecer intimamente no ano passado.

— Você ficou com ele?

— Sim, mas não é nada com que eu tenha que me orgulhar. Estávamos na mesma festa e rolou. No dia seguinte, ele me ignorou como se eu fosse um copo descartável.

— Vocês...

— Sim, nós transamos. Eu me odeio mais do que odeio ele. Eu sabia que ele não queria ter algo sério e fui assim mesmo.

— Ouvi algumas meninas comentando que ele não fica com a mesma garota por muito tempo.

— A da vez agora é a Alice, estudante de educação física. Fique longe dele, ok?

— Não estou interessada em ter um relacionamento seja com quem for.

— Luan cheira a problema e muita confusão. Não se importa com ninguém que seja ele mesmo. Dinheiro é o seu forte, se você tem isso e sexo para oferecer, então está na lista dele.

Mia falava com uma raiva, que cheguei a imaginar que ela rasgaria meu vestido tentando limpar.

— Acredito que já está limpo o suficiente Mia.

Mia ergueu o olhar e viu que eu estava sorrindo.

— Me desculpe, mas quando o assunto é Luan, eu perco as estribeiras.

— Então vamos correr para a aula porque estamos atrasadas — falei ajeitando o vestido e depois arrastando Mia para fora..

Seu amor, meu destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora