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Eva


Pare de idealizar seu amor em vez de encontrá-lo. O amor não é sempre como um raio, às vezes é só uma escolha.
(Amores e outros desastres)

Eu mal consegui me levantar da cama em dois dias.

No primeiro dia acreditei que morreria.

Depois do meu encontro com Alice, eu tinha certeza que ela contaria para todo mundo o que eu fizera. Como uma praga, a notícia se espalharia e em questão de horas, todo o campus saberia.

Eu não saberia como encarar o olhar julgador de cada um, nem mesmo de Luan. Principalmente ele.

Sua vinda ao meu apartamento sem avisar, só me levava a constatar fatal realidade: todos sabiam. E contra isso eu não poderia lutar. Longos meses me tratando apenas para ver tudo desabar ao reencontrar Alice.

Achei estar forte o bastante para seguir, mas o passado sempre estaria atrás de mim, esperando o momento de voltar a tona.

Não consegui dormir, nem mesmo tomando meus remédios. Tentei falar com Bianca, mas ela estava viajando e seu celular só dava caixa postal. E com o meu atual psicólogo ainda não me sentia a vontade o suficiente para falar sobre minha crise.

Por um instante, eu pensei que ficaria bem, mas eu tinha me enganado. E deixar Luan entrar era o sinal que chegara o fim.

— Sua cara está horrível... E o que dizer dessa roupa?

— Você veio a minha casa para me ofender? Se for só isso, pode ir embora.

— Calma, eu só quis quebrar o gelo. Estive preocupado.

— Você preocupado? Comigo? — desdenhei.

— Porque não posso ter estado preocupado com seu sumiço de dois dias?

— Bem, para quem não gosta de mim, teve o trabalho de perceber minha ausência. Já agradeci pelo salvamento do outro dia. Isso não nos torna amigos.

— Mesmo doente ainda tem forças para me ofender. Suponho que fiz mal em vir aqui. Pensei que poderia estar muito doente, mas com essa língua afiada, percebo que está ótima.

Luan virou-se para sair e antes que ele abrisse a porta, eu o impedi.

— Espera... Desculpa. Eu só não estou no meu melhor dia — falei por fim.

Luan relaxou os ombros e voltou a me olhar.

— Por que não está as aulas?

— Devido à Alice — fui sincera.

Ele ergueu suas sobrancelhas.

— Você não foi para a aula porque ficou com medo da Alice? Ela pode ser qualquer coisa, menos uma ameaça.

— Ela sabe a verdade, e a essa altura todos já devem saber.

— Que verdade? Que você matou seu namorado?

Ouvir essas palavras saindo de sua boca doeu mais do que ouvir a acusação de Alice.

Porque ter a certeza de que ele sabia da verdade me doía tanto?

— Você sabe agora — falei por fim.

— Sei a versão contada por ela. Quero saber a sua.

O quê?

Ele viera aqui preocupado com meu sumiço ou minha verdade sobre os fatos?

— Podemos sentar? Sinto que você pode cair a qualquer momento. Qual foi a última vez que comeu?

Seu amor, meu destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora