Eva
Espero que você leve uma vida da qual se orgulhe, ou que tenha força para começar tudo de novo.
(O curioso caso de Benjamim Buttom)
Tempo atual
Acredito que nunca havia tremido tanto, como agora.
Fazia exatamente quinze minutos que estava no meu carro segurando o volante com tanta força que meus dedos estavam pálidos.
— Vamos lá Eva, você consegue, você é mais forte do que pensa — recitei meu mantra que havia treinado meses atrás quando voltei para casa.
Após conversar com Bianca, gradualmente fui tentando voltar para minha vida. Minha mãe havia mudado sua rotina para ficar mais tempo em casa, boa parte para ficar de olho em mim. Meu pai com a sua reeleição, seus horários estavam cada vez mais complicados.
Continuei com minha rotina, indo à clínica, ao cinema e livrarias. Às vezes minha mãe me acompanhava e fazíamos nosso dia ser único.
Realizava caminhadas no final da tarde, via séries ou lia um livro e aos poucos meu apetite foi voltando. Ainda tinha momentos críticos, mas recorria a Bianca e ela conseguia me acalmar.
Foi ideia dela de iniciar a faculdade. Ter contato com pessoas da minha idade. Fui relutante no início, porque ainda não me sentia segura, mas Bianca conseguia ser irritantemente chata quando queria.
Meus pais conseguiram alugar um apartamento à quatro quadras da faculdade porque já passara o prazo de solicitação de dormitórios no campus. Nem reclamei, afinal, seria ótimo não ter que dividir o quarto com alguém.
Mas esse mimo não saíram de graça. Eles deixaram bem claro que eu deveria continuar com os medicamentos e minha visita semanal ao meu novo psicólogo. E ligasse para casa diariamente.
— Está tudo bem aí?
Assustei-me com a batida no vidro do carro. Apertei o botão e baixei o vidro.
— Oi! Desculpa se te assustei, é que você está parada aqui a um tempão. Supus que estivesse com algum problema.
— Nem percebi que passou tanto tempo assim — fui simpática.
— Novata?
— Está tão na cara assim?
— Como um pisca-pisca. Se quiser, posso te dizer onde você pode estacionar.
Antes mesmo que eu pudesse responder, a garota deu a volta no meu carro, abriu a porta do passageiro e sentou.
— E a propósito, me chamo Mia — a garota estendeu a mão em minha direção.
Demorei alguns segundos para responder ao seu cumprimento.
— Eva — respondi.
Ela era uma morena clara, cabelos cacheados. Usava uma blusa branca de renda, com um casaco preto, com as mangas levantadas até metade dos braços, e calça jeans.
Senti-me simples até demais perto dela. Havia colocado jeans com lavagem escura, blusa branca de mangas compridas a fim de esconder as cicatrizes.
Nada de maquiagem ou acessórios. Meus cabelos estavam presos em coque folgado, como se eu não tivesse tido tempo para arrumá-los.
— Ali parece ser um bom lugar. Você não terá problema em sair, poucos estacionam por aqui — Mia apontou para um lugar onde havia quatro vagas.
— Por quê? — perguntei curiosa.
— Porque é um pouco longe da entrada, e também porque aqui é a área da turma de luta clandestina.
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Seu amor, meu destino
RomanceEva tinha a vida perfeita; pais amorosos e um namorado que era o "cara para amar pela vida inteira". Até que um segredo descoberto na festa de sua formatura mudou tudo. Seu castelo foi derrubado e o seu "final feliz" tornou-se apenas um sonho distan...