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Luan


Algumas coisas são verdadeiras, acreditando ou não.
(Cidade dos anjos)


Foi difícil manter minha atenção na apresentação de Gabi, quando tinha uma morena no camarote do outro lado do salão que eu não conseguia parar de olhar.

Ela não consumia bebida alcoólica, e isso poderia ser por dois motivos: ou ela seria a motorista da noite, já que sua amiga estava no segundo balde de cerveja ou, ela era careta o suficiente para não beber.

Por volta das duas da manhã, observei a garota do café segurar o braço de sua amiga e a guiar para fora do camarote, passando pelo bar para se despedir de Mia e depois seguir para a saída.

— Preciso ir embora — falei me levantando do sofá.

— Por quê? O show ainda nem terminou — Rubens disse enquanto pegava outra cerveja.

— Tenho negócios para terminar.

— Na madrugada? — perguntou erguendo as sobrancelhas.

— Me conhece, sabe que esse é o melhor horário.

— Cara, você está estranho o dia inteiro, o que está acontecendo?

— Está tudo bem. Vejo vocês amanhã no treino.

— Acha mesmo que treinaremos amanhã com a ressaca que acordaremos? — Guto riu.

— Então aprendam a beber. Tenho uma luta para vencer na próxima semana. Vejo vocês amanhã à noite. Curem essa ressaca e estejam prontos para levarem uma surra.

— Não quer companhia para passar a noite? — a garota tentou me chamar atenção.

Toquei seu rosto e a beijei.

— Já tive sua companhia por essa noite.

Saí do camarote e me apressei em passar pela multidão que estava na pista assistindo à apresentação de Gabi. Não seria difícil encontrar duas garotas perambulando sozinhas pelo estacionamento.

— Vamos Adele, me ajude, por favor. Não dá para te carregar sozinha.

Ouvi sua voz e logo a vi tentando colocar sua amiga no carro.

— Eva, você é a melhor amiga que conheci em todos os tempos. A única que me aguenta enquanto falo do idiota do meu ex.

— Adele, pela última vez, o seu ex foi quem saiu perdendo nesse jogo. Você merece mais, então pare se lamentar e entra na droga do carro. Se soubesse que seria isso, teria ficado em casa.

— E ter perdido a oportunidade de falar com os dois dos caras mais quentes que já conheci?

— Nossa, nem dormirei depois dessa noite incrível — disse em tom de deboche.

— Boa noite meninas, precisando de ajuda aí? — perguntei me aproximando do carro.

— Olha só quem apareceu para nos dá um "oi" — disse a amiga.

— Adele, só entra no carro, por favor. Estou morrendo de sono e preciso te deixar em casa antes de apagar na minha confortável cama.

Eva empurrou Adele para o banco do carona e colocou o sinto.

— Acredita que consegue levar sua amiga bêbada para casa?

Eva fechou a porta do carro e se virou para me encarar.

— Consegui colocar ela no carro, não consegui? Porque não volta para seus amigos e as garotas patéticas do camarote?

Não pude conter um sorriso.

— Estava de olho no meu camarote?

— Porque eu perderia minha animada noite, observando você?

— Você estava me observado?

Eva ergueu as sobrancelhas.

— Acha mesmo que é o centro de tudo?

— Vejo você se escondendo pelos corredores, tentando passar despercebida. Seus dois minutos perdidos dentro do seu carro no estacionamento diariamente antes de ir para a aula.

Vi Eva respirar profundo. Pensei que ela estouraria e começar a gritar ofensas, mas ela me surpreendeu mais uma vez.

— O que faço da minha vida não é da sua conta.

Eva deu a volta no carro e fiquei observando elas saírem do estacionamento. Saí da boate supondo que Eva precisaria de ajuda, mas ao invés disso, acabamos brigando. Na verdade, nem chegamos a isso.

Minha noite também terminara. Eu precisava ir para casa descansar. Teria treino a noite e precisa de toda minha energia. A luta de sábado significaria uma vitória e dinheiro para o tratamento da minha mãe.

Seu amor, meu destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora