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Eva


São os seus defeitos que fazem de você uma pessoa única.
(A bela e a Fera)


Eu só poderia ter perdido de vez minha razão, ajudar um cara que eu nem conhecia direito. E ainda mais conseguir cinco mil reais em tão pouco tempo.

Entrei no aplicativo da minha conta para verificar quanto eu tinha em dinheiro. Sabia que meu pai criara uma poupança para bancar a minha faculdade, eu poderia pegar uma parte, e talvez ele nem percebesse. Depois eu daria um jeito de repor.

Teria que ir em casa, não costumava andar com todos os meus cartões na bolsa. Sacaria o valor e voltaria para o apartamento de Luan. Quanto mais rápido ele conseguisse o dinheiro, mas rápido sua mãe receberia a medicação.

Se meus pais ou Mia soubesse o que eu estava prestes a fazer, iriam surtar e no mínimo iriam pensar que eu havia enlouquecido.

Mas eu estava fazendo isso pensando no sofrimento de duas pessoas. Ele só tinha a ela, o mínimo que eu poderia fazer era proporcionar um pouco de conforto.

Tomei banho, troquei de roupa, colocando um vestido confortável marrom e minha jaqueta jeans. Peguei minha bolsa e fui para a garagem.

Fui direto para uma agência do meu banco, saquei o dinheiro e tive o cuidado para que ninguém visse o valor que estava sacando.

Passava um pouco das vinte horas quando estacionei na rua de Luan. A iluminação da rua não era uma das melhores, e o lugar também não parecia o mais seguro. Peguei minha bolsa, travei as portas do carro e entrei no prédio.

Com três batidas leves, Luan abriu a porta. Não estava mais de calça ou camisa. Usava apenas uma bermuda preta, e estava com a aparência de cansado.

— Momento errado para aparecer? Teria ligado, mas não tenho seu número — falei como se estivesse me desculpando.

— Acabei pegando no sono deitado no sofá. O que está fazendo aqui a essa hora?

— Vim entregar o dinheiro para o tratamento de sua mãe.

— Pensei que dissera que não aceitaria.

— E eu acreditei que já tínhamos falado sobre isso. Vai me deixar entrar?

Luan liberou minha entrada e antes de fechar a porta, olhou para o corredor.

— Não fui seguida, se é com isso que está preocupado.

— Não, não é com isso que estou preocupado.

Olhei para a sala e vi algumas latas de cerveja largadas em cima da mesa.

— Agora sei porque essa cara amassada. Aqui está o dinheiro — falei tirando o envelope da minha bolsa.

— Eu não posso aceitar.

— Voltamos a esse assunto novamente? Já estou com o dinheiro aqui.

— Você é maluca por andar com um valor tão grande na bolsa, ainda mais em um bairro perigoso como esse.

— E quer que vá embora com esse valor, arriscando ser assaltada?

— Eu já encontrei uma maneira de obter o dinheiro.

— Como?

— Meu carro. Encontrei um comprador para ele.

— Venderá o seu carro? E como fará para ir para a aula?

Seu amor, meu destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora