Capítulo 12

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Já havia se passado dois dias após nossa ultima conversa; eu definitivamente nunca mais tinha visto Phillip, a não ser no café da manhã, mas ele já não me encarava mais. Eu me sentia no ISM, só que com comida gostosa e paredes quentes. Naquela tarde, Jeena veio me visitar. Nós conversamos, brincamos, até mesmo dançamos, e naquelas pequenas seis horas, eu me senti amada. Jeena não era a melhor pessoa do mundo, mas ela agia como se fosse; e não precisava de esforços, ela me trazia segurança, me fazia sentir algo diferente.

Quando ela foi embora, eu me deitei. A noite estava silenciosa, os únicos barulhos que eu podia ouvir eram os da minha respiração e a brisa, que soprava pela fechadura da janela. Passavam das 3:45 AM, quando ouvi um breve grito, o que me fez correr para a janela. Abri a pequena portinha e coloquei meu corpo para fora, olhando para as janelas dos quartos, primeiro, encontrei Phillip, e logo em seguida, vi Rachel estirada no chão de paralelepípedo, caída sobre uma poça de sangue. Levei minhas mãos à boca. Olhei para Phillip, que imediatamente correu para dentro, saindo se seu quarto, fiz o mesmo.

Coloquei o roupão e segui escadas á baixo até chegar no pátio onde estava o corpo de Rachel. Logo que me aproximei, não pude conter as lágrimas, a cena era horrível. Coloquei as mãos na testa, indignada e já me via sem fôlego, quando Phillip me abraçou e apoiou minha cabeça em seu peito. Eu chorava e ao mesmo tempo controlava aquela emoção, na tentativa de não piorar as coisas. A cada garota que chegava ao pátio, mais um choro descontrolado começava. Eu estava em choque, péssima por saber que eu poderia ter falado com ela, mas recusei, a consciência pesava mais que uma tonelada, e aquilo destruía tudo em mim.

Duas horas depois, o corpo foi retirado do local. Havia sido relatado suicídio, pois nenhuma pessoa tinha entrado em seu quarto após o jantar. Sua médica, Dra. Katy disse que ela estava tendo problemas, ela se sentia inútil, um peso para todos, afirmava que ela jamais conseguiria se colocar em meio a sociedade. Eu sabia o quanto era difícil se esforçar, acreditava totalmente que ela teve um motivo justo para fazer aquilo, e sinceramente, eu não fazia o mesmo por causa da Jeena.

Não consegui mais dormir depois do ocorrido, então fui para a sala onde havia uma grande lareira, estava esfriando, Phillip me seguiu e, pela primeira vez, eu não me incomodei. Ficamos sentados no sofá, ele me acolhia com um abraço quente, enquanto eu observava a lenha queimar.

-Me desculpe... -Ele disse, encarando a parede.

-Você me magoou muito. -engoli seco.

-Eu tentei... Mas você não foi a única a ser arrastada.

-Eu fiquei lá por 27 horas, Phillip!

-E, em pelo menos 25, eu tentei fazer alguma coisa! -Engoli seco.

-Eu não queria ser grossa com você...

-Eu sei. Sabe, Sunny, eu nunca fiz nada por nenhuma garota, até porque, eu nunca tinha passado tanto tempo com uma. Quando eu te vi, sendo arrastada, fiz de tudo, mas assim como você, fui arrastado, para o meu quarto. Eles me trancaram lá até a manhã seguinte. Então, no café, eu novamente tentei fazer com que a tirassem dali e dessa vez eles me impediram de sair do quarto em qualquer refeição e ocasião.

-Eu não sabia que você...

-Eu sei. – Ele olhou nos meus olhos – Me desculpe por não ter conseguido. Talvez eu não tenha tanto poder aqui.

-Eu que devo pedir desculpas. Não sabia que tinha tentado, eu devia ter te ouvido antes. -Sorri, abraçando-o.

-Pode sempre contar comigo, eu nunca vou deixar que façam nada com você, e caso eu não consiga, saiba que eu estarei tentando.

-Eu sei. – Sorri, e beijei sua bochecha.

Passamos o resto do dia juntos, já que o palácio estava em luto. Todos almoçamos nos quartos e Phillip optou por almoçar comigo. Ele era inteligente e adorava ler, tudo o que eu estava lendo, ele já tinha lido, eu adorava o fato de ele ser tão humano quanto um camponês; ele tinha humildade, carisma e simpatia, e ele ficava lindo quando ria das minhas piadas, que não tinham graça alguma. Éramos a melhor companhia que ambos podiam ter.

Sunshine (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora