Capítulo 15

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Naquela semana, eu li três livros. Não saí do quarto para as refeições e passei a maior parte do tempo deitada, evitar cruzar com Phillip era minha tentativa de fazer as coisas voltarem ao normal. Depois de dias nessas condições, decidi que eu precisava sair um pouco, talvez caminhar por corredores, descobrir novas salas. Hanna preparou um banho e assim, me banhei e troquei de roupa. Me despedi de Hanna e abri a porta, Phillip estava lá, frente a frente comigo, como se soubesse o momento exato em que eu sairia do quarto.

-O que faz aqui?

-Me desculpe, eu teria entrado, ou pelo menos batido na porta, mas fazem quase vinte minutos que eu estou tomando coragem. Podemos conversar?

-Em outro lugar, por favor. -Falei saindo do quarto e fechando a porta.

-Tudo bem. Acompanhe-me. -Disse ele dando-me o braço. Agarrei-me a ele e partimos pelos corredores.

Andamos por todo o corredor, e atravessamos o  outro corredor, que dividia o lado dos aposentos reais com o restante. Subimos um par de escadas e paramos em frente a uma porta. Phillip fechou os olhos por alguns segundo, respirou fundo e encarou a porta antes de abri-la.

-Aqui era o quarto do Justin... -Disse ele, apoiando-se na mobília.

-É enorme... -Entrei, admirando a decoração; havia brinquedos e mais brinquedos, uma grande cama e quadros nas paredes. -Esse era ele? -Disse, observando um dos quadros, com duas crianças.

-Sim...

-E o outro é...

-Sim, sou eu.

-Por que me trouxe aqui?

-Pra falar a verdade, eu não sei. -Disse ele sentando-se na cama- Eu nunca trouxe ninguém, até porque, já faz anos que não venho aqui. Coragem era o que faltava. - Ele apoiou a testa nas mãos.

-Phillip... – Me sentei ao seu lado e pousei minha mão em sua perna – Eu... Sinto muito.

-O problema, -Disse ele, deixando as lágrimas brotarem – é que as pessoas acham que príncipes não tem problemas. E o pior é que eu tenho fingir que as coisas são assim. -Limpou as lágrimas – Eu estou tão cansado.

-Me desculpe, eu não queria ter sido estúpida aquela dia...

-Eu sei que não foi sua culpa. Ele sempre faz isso!

-Como assim?

-Eu sei o que meu pai fez.

-Como sabe?

-O mordomo que te levou...

-Me desculpe...

-Não te culpo, eu que fui precipitado demais... Sabe, nunca passei tanto tempo com uma garota, então eu achei que você fosse sentir o mesmo...

-Sentir o mesmo?

-Não sei o que sinto por você, Sunny! - Levantou-se -Eu nunca senti nada assim! Eu nunca quis ver uma pessoa a todo instante, nunca passei vinte minutos na porta de ninguém, tentando pensar no que dizer! Nunca pensei em trazer alguém aqui, e nunca desabafei com ninguém!

-Eu nunca tive ninguém, Phillip. Nunca tive amigos. -Me levantei, também – Eu pensei que morreria lá, pensei que tudo o que eu veria seriam apenas paredes de titânio. - Não me contive e as lágrimas vieram – Mas você me deu mais uma chance, você me trouxe de volta à vida, e eu te amo por isso! Você me faz bem, eu adoro passar as tardes com você. Adoro quando elogia meu cabelo e quando ri sem motivos. Eu sou grata por isso!

E ele me abraçou, como se fosse a última vez, eu podia ouvir sua respiração e a música que seu coração fazia ao bater. Sentia seus braços, fortes e seguros, em minha volta, e aquela era a melhor sensação do mundo. Ele se afastou e me encarou, sorrindo. Sua face, avermelhada, os olhos brilhosos e os lábios levemente carnudos me faziam sorrir, aliviada.

-E agora? O que fazemos?- Disse, encarando-o.

-Eu não tenho a mínima ideia. Mas, se eu pudesse, ficaria aqui o dia todo.

-Phillip, tem certeza que, ninguém vem aqui?

-Sim. O único que vem, vez ou outra, sou eu.

-E se passássemos a tarde aqui?

-Por mim tudo bem, me livrei das tarefas reais por hoje. -Ele riu.

-Que ótimo. -Ri.

E foi isso o que fizemos. Passamos a tarde conversando, rindo e claro, ele me roubou alguns beijos, mas eu nem me importava mais. Eu estava feliz, me sentia completa de novo.

Sunshine (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora