Capítulo 23

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NATHANIEL

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NATHANIEL





Desafrouxo o nó da gravata sem o desfazer e passo-a pelos cabelos, atirando-a em algum canto.

Sento na minha cadeira de couro, no escritório da mansão, agradecendo mentalmente por ter voltado para cá, mesmo que apenas por uns dias.

Quando a maldita decidiu partir, liguei para Kaio pedindo que desfizesse o acordo com os compradores, vender a casa não era a melhor das soluções.

O telefone que liga todas as linhas da casa em meu escritório toca, tão alto que me irrita. Atendo-o imediatamente.

-Alô - Faço pouco caso, depois de o atender mais de mil vezes desesperado, pensando poder ser a garota. Eu já sabia que não era.

-Senhor, há um jovem no portão, ele disse que precisa falar com o senhor - Um dos meus seguranças que no momento eu não me importei em identificá-lo informou-me e eu levei uma das mãos à sobrancelha, sem conseguir imaginar a merda que poderia ser desta vez. Eu honestamente, não sou obrigado a aguentar mais uma depois dessa maldita reunião.

-Mande-o subir  - Mesmo contra minha vontade, algo me dizia para deixá-lo, mas o que prevalecia era quem dizia que eu não iria gostar nada disso.

Em poucos minutos um garoto, no máximo vinte anos, o que contradizia sua barba dando-lhe uma feição mais velha. Aparentemente nervoso, ele aperta minha mão e sorri. O cumprimento mandando-o que vá direto ao assunto.

-É que eu tenho algumas coisas para o Sr. Nathaniel Bruce.  - ele disse abrindo um envelope amarelo, com fita vermelha lacrando-o.  -Você é ele, não? - sua voz vacilante deu-me vontade de rir. Concordei com um gesto discreto de cabeça, e ele tirou o conteúdo do seu envelope.

-Mandaram entregar-lhe - O rapaz põe em minhas mãos centenas de fotos, e permanece encarando-me enquanto eu, com o maldito rendido que sou, vasculho cada canto da garota.

-Pode ir. - disse ainda com os olhos fixos na entrega, o notei sair para cair na cadeira.

A felina, em várias fotos, em ruas diversas, vivendo perfeitamente bem, sem Nova Iorque, sem o Empire, sem mim. Ela está tão... Diferente.

Incrivelmente linda, mas tão diferente.

Como diabos ainda não superei a ida dessa garota?

A ideia dos motivos pelos quais mandaram-me estas fotos... prefiro deixar longe da minha mente.

O celular já esta em sua sexta ou sétima chamada quando leio o nome de Daniel na tela. Tudo que eu menos quero agora.

O pensamento que pode ter acontecido algo sempre convencê-me de atendê-lo. Reviro os olhos e atendo.

-Fala - Seco, sem emoções. Falo e prendo a respiração esperando por mais uma merda.

-Irmão - Seu tom preocupado não faz muito pela minha autoestima. Apenas a voz do garoto consegue me fazer sentir o maior de todos os babacas.

-O quê aconteceu com você? - Pergunto, arrependido de ter tentado ignorá-lo.

-Só queria fazer-lhe a mesma pergunta - Ele diz em tom baixo, quase inaudível. Respiro fundo, esfregando os olhos para fugir do interrogatório que ele planeja.

-Estou com alguns problemas com as boates  - Omito meu maior problema, mas não deixo de falar a verdade quato ao meu negócio.

-Isso parece ser o de menos agora, cara  - Ele fala em tom natural, como estivesse olhando para mim neste exato momento.



DANIEL


Era muito comum ser repreendido por Nathaniel e sentir seu olhar diminuir-me como um grão de arroz, mas mesmo daqui, a meio mundo de distância, posso notá-lo diminuído. À dois dias encontrei com fotos onde o cara saía escoltado por seguranças de uma de suas boates, eu honestamente, vi em seu rosto que o seu problema tinha um nome, e possivelmente um rosto lindo.  Acho que percebê-lo fodido pela garota foi muito mais impactante que o discurso apaixonado que eu esperava.

Pareço enxergá-lo, apoiado sobre os joelhos com um copo de uísque na mão, sem perder nunca sua marca, de camisa social, senão paletó e gravata. Ele tenta esconder, claro, não seria Nathaniel Bruce se não tentasse. Pressiono, insisto, consigo seu suspiro, indo direto ao ponto. Katherine.

-Ela foi embora e já fazem dois fodidos meses. Eu não podia ser fraco, mas a verdade é que a garota é minha dona. - ele diz, baixo, tão baixo que eu não tenho certeza de ter de fato escutado.

Deixo-o respirar, e possivelmente engolir o restante de sua bebida. Continuo.

-Você devia ter falado. - Droga, sei que isso não muda sua convicção, mas o cara obviamente está apaixonado, isso esta absurdamente errado.

-Você devia ter se deixado levar Nat, você merece sentir essa merda - Lanço minha opinião, sabendo o quanto ele presa minha palavra.

-Você me conhece garoto, você melhor do que ninguém sabe que eu não posso fazer isso  - Quem diabos fez a cabeça deste homem? Incrivelmente irreversível. Por pouco.

-E o quê diabos você quer dizer com essas porras? - Ele murmura, no seu tom irritado que quando adolescente me assustava, percebo que o tempo passou quando acho engraçado.

-Estou dizendo que você estava tendo uma noção errada sobre o que é ser fraco e a sua visão destorcida, irmão, infelizmente fez de você um. Ser fraco é sentir e não conseguir dizer, ser fraco é ter e não conseguir mostrar. Vá lá cara, vá e mostre à garota o quanto você a ama. Você vai ver, você vai se sentir forte. Você será, irmão, pela primeira vez, absolutamente o rei que você merece ser.  - Bom, eu não sei de onde tirei isso. Nathaniel fez silêncio do outro lado da linha e eu respirei fundo, com a noção que ele podia simplesmente gargalhar sarcástico, ou finalmente entregar-se à essa coisa que o tem consumido.

-Estou impressionado com seu grau de viadagem - Tenho minha resposta. O tom de desdém me faz gargalhar, arrancando-lhe um riso abafado.

NATHANIEL





-Tem meu conselho, cara  - Daniel finaliza seu momento sem cérebro e eu posso finalmente voltar a respirar. O quê diabos Munique estava fazendo com o garoto? Isso deixou-me bem mais preocupado.

-Vou tentar segui-lo desta vez  - disse sincero quanto a tentativa de seguir seus conselhos.

Daniel despediu-se brevemente e nem tive tempo de deixá-lo à par de algumas mudanças que precisarei nas Indústrias, mas para isso eu terei tempo.

Agora preciso correr atrás do que tira meu tempo, do que leva tudo em mim, e eu não posso ficar mais nenhum dia longe.

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