Capítulo 19

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NATHANIEL

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NATHANIEL

-Você está chegando? - sentia meu coração apertado, como fosse algum tipo de aviso antecipado.

-Mais uns dez minutos, irmão - o puto fala numa calma que eu honestamente, não tenho noção de onde possa ter vindo.

Acho que eu estava pela primeira vez, amarelando, como dizem os jovens por aí. Era estranhamente bom ter Daniel por perto por algumas horas, mesmo que o motivo me faça pensar que desta vez eu definitivamente perdi a minha mente.

Passa em minha cabeça imagens que há muito passaram a ser apenas recordações, até porque eu obviamente não me vejo mais como aos quinze à vinte anos, jogando futebol e brigando sempre que Daniel trapaceava. O infeliz era profissional em precisar jogar sujo para ganhar as partidas.

-Onde está a minha cunhada? - ouvi sua voz bem humorada passando pela entrada do hotel, ergui-me do sofá em que o esperava e tirei alguns segundos para observá-lo enquanto desfilava como uma vadia pelo salão.

-Ela não é minha namorada - disse fraco, sem querer tocar no assunto Katherine. Daniel veio até mim como a boa criança que sempre foi, sem hesitar em me abraçar apertado.

-Vai amassar minha roupa, seu merda - reclamei alguns segundos depois, quando notei que o abraço se prolongava.

-Você ta parecendo uma menina neste paletó - ele disse rindo, me fazendo revirar os olhos com seu velho senso de humor.

-Você está fortinho, garoto - dei alguns tapas em seus ombros, sacudindo-o para notar minha observação. -Isso só pode significar uma coisa - disse baixo sorrindo de canto, para que só ele escutasse. Daniel me olhou com aqueles olhos verdes, como quem espera pela minha merda, já pronto pra rir de qualquer besteira que eu fosse falar.

-Não falta boa foda em Munique - murmurei, implicando com ele que gargalhou balançando a cabeça.

-É incrível como você não muda, Nathaniel - ele reclama, caminhando ao meu lado enquanto íamos para o carro. -Mesmo estando apaixonado, o que eu particularmente achei que te deixaria longe de sexo e drogas - sorri sem vontade, sem achar necessário rebater seu comentário.

-Algumas coisas nunca mudam, Daniel - disse apenas, torcendo internamente para que o assunto findasse ali.

-É aqui? - Daniel perguntou quando estacionei o carro em frente a uma delegacia, eu assenti, tirando o cinto de segurança e ajeitando brevemente a gravata. Algum canto em mim sentia-se um fodido por estar fazendo isso, outro canto agradecia porque até então, reclamava da demora por estar fazendo.

Hoje cedo chamei meu irmão para a cidade. Sei que se quisesse facilmente desmascarar a garota, não precisaria tirar o fodido de seus estudos e sim usar toda a ajuda de Kaio que sempre está a minha disposição. Mas isso é de fato uma questão particular, e certamente familiar demais.

-Bom dia Sr. Bruce - o policial que eu procurei para ter minhas informações cumprimentou-me formalmente e encarou Daniel por alguns segundos. -E Sr. Bruce - foi uma tentativa de graça que Daniel aceitou de bom grado apertando a mão do homem.

-Bom, Sr. Harmon, precisamos de algumas informações - disse enquanto o policial dirigia-nos para as cadeiras em frente a sua mesa. -Preciso saber qual o calibre de uma pistola ASG Dan Wesson - disse por hora, notando Dan levar a ponta dos dedos para a boca, como faz quando está tramando uma grande merda. -Preciso também da informação que eu ignorei no IML - afirmei, infelizmente pondo-o numa situação onde ele não tem escolha, senão dizer-me as coisas.

-Calibre 0.117 - ele diz, pondo uma das pistolas sobre a mesa. -Imaginei que viria atrás quando soubesse da coincidência - sua feição não me dizia nada, vi Dan erguer uma sobrancelha para ele, e em seguida olhar para mim, esperando uma explicação. Explicação na qual eu também queria.

-Então você não sabia que os últimos três assassinatos que ocorrem estranhamente perto de você foram consumados pela mesma munição? - o homem pergunta mascarando sua surpresa, Daniel não disfarça a boca entreaberta em um pequeno "oh" . Mesmo que esta fosse a fodida resposta que eu procurava, não me agradava em nada ter que ouvi-la. A maldita de fato tinha algo a ver com os atentados, ou melhor, com meu livramento deles. Acho que caí um pouco para o lado na cadeira, ouço apenas as respirações pesadas na sala até o homem tornar a falar.

-Desculpe a intromissão Sr. Bruce, mas como timidamente toda Nova Iorque já sabe, o senhor poderia nos relatar o por que de estar sendo definitivamente caçado? - a pergunta direta não me atinge, estou em alguma espécie de transe onde me imagino apertando o pescoço de Katherine.

-Isso é o que menos me preocupa agora - disse sincero, me erguendo e sendo acompanhado por Daniel.

Meu irmão me observava em silêncio e eu fodidamente não estava preparado para qualquer merda que ele fosse jogar sobre mim. Estou cansado destes jogos, eu quero a maldita felina, e saber que não foi por acaso que a garota caiu bem no meio da minha boate, me deixa furioso, uma fúria sobre-humana na qual eu certamente nunca antes senti.

-Vai seguir para o plano de amanhã? - Dan perguntou e eu quase pude tocar o receio de sua voz. Algo como angustia envolvia minhas entranhas me fodendo de dentro a fora.

-Eu preciso - não me importei com a voz embargada, como estivesse bêbado demais para dizer algo nítido. -Mas não posso perdê-la, entende? - sussurrei, querendo intimamente que ele não tivesse escutado. Ele sorriu. Um sorriso daqueles que não chega aos olhos, aquele brilho de garoto nas suas pupilas verdes estava ali novamente, certamente debochando interiormente, tentando ligar o desabafo a maldita aposta. Aquele brilho... Eu invejava isso nele.

-Acho uma boa hora para o discurso que tem ensaiado - ele disse com um humor amargado, eu ri fraco, lembrando de todas as vezes que tentei fazer essa merda nos últimos dias.

-Acho que eu não sei fazer isso - confesso. Em tom grave, cabisbaixo, fodidamente derrotado.

-Com o tempo você aprende, só torço para ela não depender disso quando precisar te escolher - a fodida frase me atinge num lugar estranho, aquele que eu cheguei a pensar seriamente estar em decomposição. A verdade é que o maldito cubo de gelo está vivo, e senti-lo bater forte no meu peito com o que Dan disse, me faz sentir um tipo raro de fracassado.

-Amanhã, no estacionamento. Você sabe que eu não saberei chamá-lo sem escancarar todo o jogo - me aproximei de Dan para que só ele ouvisse o que tinha a dizer. Ele assentiu, com uma certa firmeza que passava-me confiança. Subi para o hotel, tendo horas contadas para convencê-la de inconscientemente, entregar-se à essa trama sórdida que a trará subtamente para meus braços. Porra, na pior das hipóteses, a levará imediatamente para algum lugar perigoso longe do meu alcance.

Trilogia Invictos - Sr. Bruce - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora