Capítulo 4

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Já havia amanhecido e nem eu nem a estranha havíamos pregado os olhos. Ofereci alguns agasalhos já que suas roupas estavam molhadas e aparentemente ela chegou em Nova Iorque apenas com a roupa do corpo.

Não é a primeira vez que faço isso. Acho que por não estar acostumado a morar sozinho, quando cheguei em Nova Iorque, abriguei um casal de imigrantes suecos. Eles ficaram por uma ou duas semanas e não me foi um incômodo. Katherine está sempre por perto, mesmo que eu ache estranho, eu sempre a encontro.

A garota não falou quase nada. Observou a casa atentamente e só respondia com acenos perguntas do tipo, você prefere chá ou café.

-De onde você é, Katherine? -Pergunto indiferente, como fosse uma mera pergunta sem importância. Seus olhos grandes e azuis vageiam pela sala, e logo pousam sobre mim que a encaro esperando sua resposta. Observo-a puxar uma grande quantidade de ar, e torcer o lábio antes de responder, como quem hesita.

-Detroit -Sua voz é calma como um furacão silencioso e me deixa agoniado. Agora entendo melhor o porque de preferir passar seus dias vagando pelas ruas.

-E o que você faz? Quer dizer, o que você gosta de fazer? -é torturante. O modo em que ela olha para todos os cantos da casa menos pros meus olhos, é extremamente torturante. Preciso fazer contagem regressiva infinita para controlar a vontade de tocar seus lábios e impedi-la de continuar os mordendo freneticamente como faz agora.

-Me desculpe, mas você tem algum problema em olhar para mim? -Antes mesmo de terminar a maldita frase, já havia me arrependido profundamente por tê-la dito. Mantive a cabeça erguida enquanto ela me encarava com uma sobrancelha levemente arqueada. Porra, agora seus olhos não param de dançar por todos os traços do meu corpo e isso é fodidamente excitante.

Controle-se Nathaniel, é só uma garota.

-Bom, Nathaniel -ela me encara ao falar meu nome como se tivesse esquecido dele por um momento, e céus, meu nome saindo por sua boca carnuda e rosada era algo que eu ainda não havia conhecido. Se não for hipérbole posso dizer que senti meus braços se arrepiarem.

-Eu desenho -ela diz com facilidade sem gastar um segundo sequer pensando. -Trabalho com isso e é o que eu gosto de fazer.

"Trabalho com isso". Eu definitivamente preciso conhecer que mulher é essa e o que diabos ela está fazendo na minha casa.

Katherine ajeitou-se no sofá, sentando-se por cima das pernas, e tentando ignorar o calor, seu olhar em mim dizia que eu precisava levar minhas perguntas à diante.

-E como você prefere?- levanto indo até as cortinas brancas da sala e abro-as. -Cadernos, quadros, lápis, pincéis? -algo me dizia que ela não faria, mas sim, ela sorriu inocentemente e eu quase babei por muito tempo. Que puta sorriso bonito, garota.

-Cadernos...-Seu tom já admitia uma certa animação que não passou despercebida por mim.

-Cadernos...certo -fui até a cozinha verificar o forno elétrico -Tem comida pronta aqui, se possível não saia -avisei antes de passar pela porta para mais um longo e cansativo dia de encomendas.

-E Kaio, onde está? -chamei atenção de uns rapazes que descarregavam bebidas e taças numa das casas.

-Não sabemos, senhor. Ele apenas pediu que avisássemos que não poderia vir -Kaio nunca me deixa na mão, obviamente algo grave aconteceu. E ele também nunca hesita em me pedir ajuda, porra, eu realmente me preocupo com esse puto.

Peguei meu celular no bolso da calça e disquei seu número. Aguardei que chamasse até cinco vezes e acabei deixando mensagem na caixa postal, pedindo que assim que ele ouvisse, me ligasse com urgência.

Trilogia Invictos - Sr. Bruce - Livro IOnde histórias criam vida. Descubra agora