Capítulo 36

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NATHANIEL







-Eu estou confuso, não sei bem o que lhe falar - Kaio finalmente quebra o silêncio do escritório depois que eu contei-lhe o que sucedeu a festa em Paris. No calor do momento, apoiei a garota, mas agora, com os olhos fixos no papel de adoção, a realidade me deixa quase em surto psicológico.

-O quê você disse exatamente sobre isso? - Ele perguntou, tentando fielmente ajudar-me a centralizar o problema.

-Disse que ela podia o que quisesse - Murmurei contrariado ao mesmo que ciente que não foi algo mentiroso.

-E isso é verdade? - Seu tom desconfiado deu-me a certeza que faltava para responder-lhe.

-Claro que sim - Afirmei. Achando o ponto que me assusta e faz-me querer convencê-la a desistir.

-Leia isso - Entreguei o papel à ele. Kaio fixou seus olhos nas condições impostas pela Secretaria do Instituto de Adoção de Paris, e não demorou muito para rir fraco, afirmando que meti minha bunda numa grande merda.

-Você não está pronto para isso - Ele repete o que eu tenho memorizado, e por breves instantes, penso no quão bom seriam alguns dos conselhos de Daniel.

-Definitivamente não - Reforço, sentindo um gosto amargo na boca.

-Mas se você visse o modo em que seus olhos brilham enquanto fala do menino - Apelei, tentando convencê-lo sem ao menos estar convencido.

-Ela quer isso, ela está pronta - Afirmo, sabendo que não posso tirar a oportunidade dela.

-Posso aconselhá-lo de um modo à deixar tudo menos aterrorizante? - Kaio é cauteloso quanto a situação. Afirmo brevemente, buscando facilitar o que já é naturalmente complicado.

-Admita à si mesmo o quanto quer isso - Ele diz calmo, como se soubesse da minha luta interna. -Confesse que só está assustado porque tem medo de dar errado, e seu grau de culpa ser duplicado porque agora é ela e uma criança com idade o suficiente para ser magoada - Seu conselho me atinge em cheio. Espanca meu peito num modo que tira-me o ar.

Porra do caralho! E se eu falhar?






KATHERINE













-Não podemos fazer isso, Srta. Carter, me desculpe - A fodida assistente do Instituto mantinha sua voz parcial, como se aquilo não fosse o passo mais importante da minha vida.

-Desculpe senhora, mas estamos tentando um bom andamento no processo após as assinaturas, que por sinal, a senhora afirmou não ser necessário a dele - Lembro da informação que me aliviou.

Estaria mentindo se dissesse que sei explicar o que senti no momento em que pus meus olhos sobre o pequeno. Até agora não sei. Mas sempre há coisas nítidas, como a maldita vontade que eu tenho de voar para a França em cada intervalo de dez minutos.

Biologicamente falando, eu sequer sei se posso ser mãe. Nunca interessei-me em saber. Aos quatorze anos inventei de começar a tal prevenção contra doenças e gravidez, nunca parei-a e nunca pensei em pará-la. Desde a última vez que vi minha mãe, minha única certeza é que eu jamais seria como ela. E honestamente, mesmo que o homem parecia relutar, estou crente de que Nathaniel não deixaria-me fazer nada que prejudique o menino.

Droga! É impressionante como Henry lembra-me ele.

-Não precisamos da assinatura minha querida, mas seu comprovante trabalhista e residencial não muda o que a televisão esfrega em nossos narizes sobre este homem - A fala carregada de desdém não me agrada tampouco tranquiliza, a vadia já estava arranjando mil e uma privatizações para mim e o menino, e agora tem a ousadia de usar Nathaniel contra ele próprio? No mínimo corajoso da sua parte. É quase excitante - quando não triste - notar que as pessoas ainda subestimam o poder do homem sobre tudo e todos ao seu redor.

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