Capítulo 2

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Por Aquiles

E lá estava eu, um homem feito em todos os meus trinta e dois anos

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E lá estava eu, um homem feito em todos os meus trinta e dois anos. Em plena meia noite em um escritório escuro, com a cabeça apoiada no vidro frio. Apenas observando uma estranha dançar a muitos metros de distância. A questão é, não era qualquer dança, inferno!
Ela sabia mexer aquele quadril. Engoli meu último gole de rum, me levantei pronto para ir embora, quando vejo ela se despedir e caminhar em direção ao estacionamento cheio de ônibus, então eu a perdi de vista. Eu precisava descansar, mas antes, precisava foder para voltar a minha mente. Precisava parar de me importar tanto com essa mulher.

Liguei para Claudia, uma mulher que eu havia conhecido em um dos coquetéis de acionistas, vez ou outra nós fodíamos e cada um seguia seu caminho.

Claudia era uma mulher bonita, tinha um corpo incrível, mas por algum motivo, minha mente não estava naquele momento, meu corpo agia mecanicamente, apenas no anseio de conseguir gozar, eu não estava ali, me concentrei na mulher sob mim, seus gemidos enchiam o quarto do hotel, eram anasalados e o fato de eu ter percebido isso, indicava que eu estava com sérios problemas. Estoquei com fortes batidas, e me concentrei, eu nunca tive dificuldades com o sexo antes. Como em uma semana eu havia chegado nisso? Me lembrei daquele espetáculo do tecido vermelho, sim, eu havia agido por impulso e me flagrei comprando um ingresso naquela bilheteira.
Sim, eu sentei na parte privilegiada daquele circo, a área VIP. E sim, eu assisti fascinado aquela pequena mulher de cabelos longos voar sobre a minha cabeça, vi seu sorriso e o seu olhar de admiração destinado a todas as pessoas prendendo a respiração, ela apenas não notou o homem que tinha o coração acelerado por motivos desconhecidos, ela não me viu aplaudir de pé com várias crianças berrando perto de mim, eu não me incomodei naquele instante, eu só conseguia enxergar seu sorriso, estou agindo como a porra de um maricas? Sim, definitivamente.

- Você está bem?

- Foi um dia cheio, desculpe.

Ela sorriu enquanto calçava a sandália.

- Relaxa, tive dois orgasmos maravilhosos, você precisa resolver o que quer que esteja te incomodando.

Abotoei meu relógio, e ponderei sobre seu conselho.

- você tem razão, obrigado pela noite.

No dia seguinte sentei no mesmo lugar da outra noite, eu estava me sentindo a porra de um perseguidor, mas dane-se, eu fazia o que queria.

As apresentações que antecederam à sua apresentação eram suportáveis, algumas eram até impressionantes, como por exemplo, o globo da morte. Esperei com uma paciência que eu nunca tive pra nada na vida, então la estava ela, com um vestido preto, seus cabelos estavam em um coque alto, ela segurava a mão daquele merdinha que se denominava mágico, a proximidade dos dois não havia me incomodado tanto na outra noite, por alguma razão, eu desejava quebrar as mãos dele.

Foquei meu olhar nela, ela sorria e andava de uma forma teatral, pegava coisas que ele descartava, lhe entregava objetos estranhos. Então uma música lenta começou a tocar, eu sabia o que vinha, tinha assistido com certa resignação eles encenarem uma cena tosca romântica. Eu não gostei da forma como me senti sobre aquilo. Será que eram namorados de verdade? Se não, será que ela tinha outro namorado? Dane-se! Nenhum namorado teria deixado ela dançar daquele jeito na noite passada. Não sem estar no mínimo agarrado a ela, eu certamente estaria com minhas mãos fincadas naquele quadril. Eu estava doente!
As luzes apagaram e eu só tinha que aguentar um palhaço idiota fazer graça no meio do picadeiro. Eu só não esperava que ele fosse chamar alguém da platéia para interagir. O desgraçado tinha que vir na minha direção?

- Não, obrigado.

Ele pegou a porra de uma flor no terno quadriculado e eu pressenti o pior.

- Saia daqui porra, pegue uma criança!

Ele balançou a cabeça de um lado para o outro e sorriu. O filho da mãe estava fazendo a mímica para me distrair, ele pegou um lenço, fingiu assoar o nariz e me entregou o lenço.

Então foi isso, ele segurou a flor em direção ao meu rosto e lançou um jato de água na minha cara, meu sangue ferveu, foi preciso todo o meu auto-controle pra não socar a cara dele, ele deu um tchauzinho filho da puta pra mim, tomou o lenço da minha mão e correu. Outro palhaço vestido de policial apareceu e correu atrás do delinquente. Depois disso, voltaram sua atenção para outra pessoa. 

Uma criança que estava do meu lado não parava de rir da minha cara, eu estava no limbo, inferno, por que eu estava fazendo isso comigo? Com uma raiva de mim e de toda essa merda, me levantei e caminhei em direção a saída, acontece que o homem obstinado falou mais auto que a raiva, eu precisava ver aquela mulher. A parte de fora da lona estava deserta, circulei a lona sabendo que a parte de trás estava destinada aos artistas do circo, eu não pensei direito, apenas agi, foi uma burrice sem precedentes, mas era o que eu tinha naquele momento, sabia que deveria ter um camarim e sabia que ela estava se aprontando para sua apresentação.
Eu acertei em tudo, la estava ela e mais uma dezena de pessoas na parte de trás no que parecia ser mesmo um camarim. Ela estava conversando com outra mulher enquanto passava algo nos cabelos. A constatação de que eu tive acesso fácil ao lugar em que ela se vestia me encheu de raiva. Ela falou alguma coisa e se apressou para as cortinas. Eu tinha que voltar, precisava assistir sua apresentação. Eu já mencionei que estou doente?

Por Bianca

Minhas mãos estavam livres e eu estava de cabeça para baixo, tinha acabado de me lançar quando noto um corpo enorme adentrar o circo, eu estava descendo de cabeça para baixo, então ele parou bem na entrada e simplesmente ficou la, parado de braços cruzados me olhando, me obriguei a me concentrar na pressão que eu tinha que exercer nas pernas enroladas no tecido. A cada subida, giro e queda, eu olhava para ele, o homem em questão era extraordinariamente lindo. Rosto de traços fortes, também tinha um cabelo incrível, um perfeito lenhador de terno. Ele desentoava completamente do resto das pessoas que estavam na plateia, eram em sua maioria mães, filhos, pais, mas nunca homens como aquele. Encerrei meu número e agradeci a plateia que aplaudia. As luzes se apagaram, era a minha deixa para sair, mas eu permaneci por alguns segundos, ele continuava la, eu conseguia ver a silhueta dele na porta principal, ele me via também, seu olhar era intenso demais, ele era perturbador.

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