Capítulo 1

43.6K 1.9K 165
                                    

Por Aquiles

Que porra é essa? Como a prefeitura pôde ter autorizado a locação do terreno ao lado da minha empresa sem me contactar?
Puxo meus cabelos, apenas para extravasar minha raiva, é isso ou quebrar a porra do computador.

-Elisa.

Em segundos minha secretária entra nervosa, era a primeira semana dela e a primeira vez que eu gritava seu nome.

- Sim?

- Eu quero que você entre em contato com a prefeitura, diga que exijo explicações sobre a locação do terreno ao lado! Esse é um ambiente empresarial sério, caralho!

Olho para o lado e vejo Elisa anotando, o que me deixa ainda mais enervado.

- Eu agradeceria muito, se você fizesse isso agora.

No segundo em que Elisa fecha a porta, sinto o celular vibrar. Quando penso que meu dia não poderia piorar, vejo a cara da minha irmã e seu dedo médio em um insulto.

- O que você quer, Fernanda?
Ouço a respiração pesada do outro lado da linha.

- Mamãe e papai estarão viajando amanhã para a quinta lua de mel deles.

- Eu sei...

- E eu estava pensando em sairmos para jantar.

-Tudo bem, só decida em que restaurante e me manda por mensagem, tenho que desligar!

- Também te amo!

- meu dia está sendo algo parecido com o inferno, apenas sem tempo para suas gracinhas.

- Insensível, diga que também me ama!

- Cacete!

Ela solta uma gargalhada alta no meu ouvido.

- Quer conversar?

- Foda-se, vou desligar.

- Já fui esta manhã, mas é bem possível que o Bruno...

- Eu espero que você não esteja falando perto da Yasmin!

- Ela está no banho, seu idiota!

- Tenho que desligar.

- Você ta precisando...

Desliguei o celular antes que ela fosse começar com a mesma conversa de sempre. De que eu preciso arrumar uma namorada. Ela costumava dizer que eu era tenso e que tinha problemas com relacionamentos.
A verdade é que eu não sou esse tipo de cara que namora, não é revolta por traição ou qualquer outro drama clichê. Eu apenas não me vejo em um relacionamento com ninguém, nunca tive uma namorada, nem mesmo na adolescência, se eu queria sexo eu conseguia facilmente. Sem amarras, apenas uma foda casual. Nunca me senti envolvido o suficiente para querer evoluir para algo além de sexo.
Batidas na porta são seguidas pela voz fraca de Elisa.

- Entra.

- a secretária me informou que não à problema nenhum com a locação do terreno, o dono autorizou e eu pesquisei brevemente se poderia ter alguma brecha na lei, mas realmente não há nada de errado.

- Inferno!

- precisa de mais alguma coisa?

- Não, pode sair para o seu horário de almoço.

Caminhei em direção ao que tanto me incomodava, a lona azul cobria toda a vista lateral do meu edifício. Eu poderia me incomodar menos se tivesse sido notificado com antecedência sobre essa locação. Volto meu olhar para as pessoas que caminhavam com barras de ferro, notei que haviam algumas crianças do lado oposto carregando caixas coloridas e outras bugigangas. Haviam três caminhões e dois ônibus estacionados na parte de trás da lona. Me perguntava como era a vida dessas pessoas, e essas crianças, não deveriam estar em uma escola?
Meus olhos foram atraídos por um movimento em um lado do gramado, um pano vermelho comprido estava sendo estirado no chão por uma senhora com umas roupas muito exóticas, pra não dizer estranhas. Ela olhava para dentro da lona, de repente vi ela abrindo os braços e então, uma mulher com um vestido longo a envolveu em um abraço, me senti um tremendo idiota por estar me espremendo no vidro para poder observar essa gente, mas algo na maneira com que o vestido e os cabelos longos daquela mulher se moviam no vento me chamou atenção.
Seus cabelos, chegavam a alcançar o quadril, eu não conseguia ver os traços do seu rosto, afinal, estava na cobertura de um edifício de quatorze andares, mas eu sabia que ela era bonita, inferno! Que merda me deu para pensar sobre essa gente? Com ódio de mim e do mundo, voltei ao que realmente interessava, eu precisava trabalhar.

Você É MinhaOnde histórias criam vida. Descubra agora