CAPÍTULO 3

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Acordo no dia seguinte sem vontade alguma de ir para escola, e resolvo não ir mesmo.

Se meu pai poderia se apossar da minha vida eu poderia muito bem apossar do dinheiro que entra na conta dele todos os meses só por eu comparecer a escola.

Eu estava com vontade de fugir, de gritar, de dar uma de louca e ficar internada por aqui mesmo, mas meu pai é esperto de mais e em quanto penso em mentir... ele já desconfia.

Nada vai fazê-lo mudar de ideia, muito menos eu uma pirralha de 17 anos.

Pego meu celular no criado mudo ao lado de cama e disco o número da minha tia.

- alô.

- oi tia, é  a Lorena.

- Lorena que bom você me ligar, como vocês estão?

- tia meu pai quer fazer uma loucura.

- fazer oque?...

- ele quer viajar, quer deixar são Paulo pra trás e o pior quer me levar com ele.

Ela fica muda no celular por alguns segundos.

- tia...você ainda está ai?

- sim querida.

- você ouviu o que eu disse?

- sim...eu já sabia dessa viajem amor.

- que... e você o apoiou?

- foi eu que indiquei a agência.

- como você pode? Você sabe que toda minha vida está aqui...minha mãe está aqui.

- sua mãe morreu Lorena, sei que não é fácil mas você precisa superar cresça... cresça na vida profissional cresça na amorosa seja feliz.

- eu seria feliz aqui.

- está enganada, você será muito feliz lá.

- la onde?

Disse já me alterando parecia que todos adultos estavam enlouquecendo.

- Los Angeles, olha que máximo minha flor aproveite essa oportunidade que a vida está lhe dando.

- oportunidade? Qual?! eu já posso ver  tudo o que vai acontecer, ele vai me deixar de lado me trocar pelo trabalho eu vou ficar sozinha naquele fim de mundo, sem você meus amigos ou qualquer outro ser parecido.

- ele me prometeu que não vai fazer isso, ele está tentando ser um pai melhor mas você precisa ajudá-lo .

- ele já me prometeu deus e o mundo sabia?!

- não seja dramática Lorena.

- ' não seja dramática Josemar'  - disse imitando ela com uma voz um tanto fina e enjoativa - você fala isso porque não é você.

- eu sempre viajei, amo viajar e quando você for e se acostumar você vai ver que esse teatrinho está sendo em vão.

- isso não é tea...

- querida tenho que ir, pensa no que a gente conversou beijos. Amo você.

Ela desligou na minha cara, sabe que se me der corda eu iria ficar até o outro dia lhe dando sermão.

Ouço barulhos de porta batendo, me deito rapidamente colocando o cobertor por cima da minha cabeça.

Minha porta se abre e ouço passos caminhando em direção a mim.

- sei que não está dormindo Lorena.

Tiro lentamente o cobertor o olhando com uma cara nada boa.

- oque você quer?

- quero que você arrume sua mala.

- além de me arrancar da minha cidade vai me proibir de me despedir dos meus amigos?

- não... você teve essa oportunidade hoje, mas preferiu faltar aula e ficar de birra em casa.

- isso não é birra, é luto.

- não seja dramática, estou com muitos problemas pra ficar achando suas piadas engraçadas, arrume sua mala e desça... quer se despedir de suas amigas? Telefone não foi atoa que lhe dei esse celular que por acaso foi um absurdo de caro.

Ele saiu do quarto sem olhar para mim.

Não queria que esse clima chato ficasse entre nós, eu nunca briguei com o meu pai e muito menos lhe virei as costas mas ele precisava entender que isso também estava sendo muito difícil pra mim.

Levantei e peguei minha mala em cima do guarda-roupa, sem paciência pra organizar comecei a tocar tudo dentro dela, as poucas roupas que eu tinha, alguns livros que eu adorava ler sempre, meu ursinho...companheiro de todas as noites, e meu álbum de fotos.

Claro, se eu pudesse eu levaria muito mais coisas mas meu pai foi muito claro que não iria pagar pelo meu excesso de bagagem.

"Não me mata por favor, mas eu não tive tempo de me despedir, assim que chegar no fim de mundo eu dou um jeito de ligar pra você. Desculpa amiga."

Envio para a Lili, copio e envio para várias outras pessoas.

Meu pai entra no quarto e fica me olhando por alguns minutos.

- filha a casa vai ficar fechada ok, nós não estamos indo para morar...nós só vamos nos distrair um pouco.

Até parece

Pensei.

- podemos ir de uma vez?

- claro.

Ele abre a porta e me espera sair primeiro. Dou mais uma olhada na casa e saio logo em seguida, encontrando minha tia dentro do carro.

' sim, a mesma que mandou eu aproveitar a oportunidade '

- oque  ela faz aqui.

Virei para o meu pai discretamente e disse quase tão baixo que achei que nem ele mesmo tinha entendido.

- ela vai fazer a gentileza de trazer meu carro pra casa, e deixá-lo trancadinho na garagem.

Entrei no carro dando um oi frio.

- rumo a Los Angeles.

Ela disse tentando ser engraçada.

- e lá vamos nós.

Meu pai fez questão de completar.

E lá se começam meus dias de torturas.

Eu falei dias?...

O Filho da Minha MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora