Capítulo 58

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Já se passavam das 06 :39 da manhã,  Anthony ainda não tinha voltado para o quarto.

Penso que deve ser demorado mesmo, podia ter gente na frente dele essas coisas de hospital sabe?!

Eu já tinha cochilando umas duas vezes, meu celular ainda está em minha mão pronto para qualquer emergência.

- enfermeira...

Chamei alto o suficiente para que elas me ouvissem.

- pois não senhorita.

- eu preciso muito ir ao banheiro,  poderia tirar esses fios  de mim?

Depois dela ter tirado eu praticamente corro para o banheiro, me olho no espelho e me assusto com que vejo.

Meus cabelos estavam bagunçados, eu estava com olheiras, e a maçã do meu rosto estava arranhada... querendo ou não hospitais nós deixam assim.

Após sair do banheiro vou caminhando lentamente para o quarto que se encontrava no fundo do corredor.

Assim que adentro o quarto vejo Anthony sentado em uma poltrona que tinha ao lado das camas.

- Anthony você demorou, oque aconteceu?

Digo voltando a me deitar na cama, ele não olhava em meus olhos e parecia tenso.
- Lorena precisamos conversar.

Um frio percorre pelo meu corpo inteiro, eu estava com medo da resposta.

- oque está acontecendo?

- você está de alta.

- finalmente né.

Digo com um enorme sorriso no rosto, eu não aguentava mais ficar deitada em uma cama.

- então vamos trocar de roupa ir pra casa, não preparei minhas malas ainda... provavelmente nem você deve ter preparado a sua, mas ainda temos tempo.

- Lorena...

Anthony segura minha mão me fazendo sentar novamente.

- Lorena, só você terá alta.

- como assim? Só eu porque?

- eu vou ter que fazer mais alguns exames, esperar os resultados...tudo isso demora morena.

- há ok, eu espero com você.

- não Lorena, preciso que você me ouça.

Ele se endireita na poltrona, com sua atenção toda para mim.

- tem a viagem....

- não tem problema, a gente cancela e...

- Lorena me escuta, você vai nessa viagem.
- mas meu pai foi bem claro quando disse que se você não fosse eu não poderia ir.

- você vai, eu vou logo atrás de você.

- porquê não posso esperar e ir junto com você.

- você vai nessa viagem, vai rever seus amigos e familiares, vai matar a saudade da sua cidade e quando você menos esperar eu vou estar lá.

- e se você não for? E se meu pai descobrir?

- hei, eu me entendo com o seu pai.

Dou um longo suspiro deixando aparente a minha decepção.

Ta certo que no começo eu não queria que ele fosse, mas eu acabei me acostumando com a idéia e tinha planos que incluía ele.

- agora se arruma, corre para casa faz sua mala e voa para o aeroporto..São Paulo te espera morena.

Levanto dando um abraço apertado nele, seria difícil ficar sem aquele chato por perto, mas em poucos dias ele estará comigo.

- me promete que está tudo bem?

- prometo, eu prometo pra você.

- promete que você vai me encontrar lá?

- hei,  relaxa vou ligar pra você todos os dias, agora vai tocar de roupa vai...

Dou um sorriso Largo pra ele e corro para o banheiro.

Minha roupa estava rasgada e ainda tinha sangue nela, fiz um coque em meus cabelos e voltei para o quarto.

Anthony estava deitado, um tanto pensativo.

- bom...acho que vou indo nessa.

Ele sorri mas não diz nada.

- eu vou ligar pra você assim que eu chegar.

- ok, vou esperar sua ligação.

- você vai ficar bem?

- obrigado pela preocupação mas, não precisa...já sou grandinho.

Eu não queria ir, meu corpo estava travado meus pés não se mexiam.

Minha vontade era de dar um beijo longo e carinhoso nele, um beijo de cumplicidade, de agradecimento, mas meu orgulho pedia por um abraço apenas.
- você vai se atrasar.

Ele diz olhando para o relógio na parede do quarto.

Caminho em sua direção colando nossos lábios sem pressa, seus olhos estavam fechados... ele esperava por esse beijo.

- vai com Deus morena, não esquece de mim.

Sorrio saindo daquele quarto com um aperto no coração, Anthony nunca me deixaria sozinha para viajar, mas ele insistiu tanto e eu queria tanto rever o pessoal que eu acabei cedendo.

Passo na bancada para assinar minha alta.

Segundo a atendente Alejandro já teria assinado então eu apenas assinei ao lado.

Entrego minha pulseira e saio para fora daquele hospital, respirando ar livre.

Eu me sentia livre, não pelo fato do meu pai estar viajando e de Anthony não estar no meu pé, mas pelo fato de eu estar viva.
E ter sobrevivido a uma queda de moto com míseros arranhões.

Em poucos minutos o táxi para em frente ao enorme portão de casa, corro para meu quarto colocando minhas melhores roupas na mala.

Coloco um vestido solto que ia um pouco a cima do joelho, com minha botinha de cano curto, solto meus cabelos passo um lápis de olho com um batom, e estou pronta.

Pego o passa porte e ataco o primeiro táxi que encontro na rua.

Meu pensamento estava dividido entre o hospital o Cruzeiro e São Paulo.

Esperava que meu pai não descobrisse nada, não sei o que ele faria mas sei que castigo não cobriria o prejuízo.

Desço na frente do aeroporto, tinha pessoas para todos os lados.

Era 13:32, eu ja tinha feito o check-in e estava procurando meu acento no avião 104, sento me acomodando.

Olho para o banco 105 e estava vazio, coloco os fones de ouvido para tentar me distrair.

Se Anthony disse que estava tudo bem, então estava.

Eu esperei muito por esse dia e ele finalmente chegou, a aeromoça começou a dar as inscrições de emergência.

Desliguei o celular fechei os meus olhos e esqueci de tudo em minha volta, pelo menos naquele instante.

Meu medo de avião ficou para trás, minhas preocupações, meus pensamentos negativos...tudo.

São Paulo me esperava e junto ha ele meus amigos e família, minha casa onde morei por muito tempo com meu pai... e minha mãe...

Eu não queria pensar em nada que me desanimasse.

O avião decola e em menos de cinco minutos eu estou além das nuvens.

Deito minha poltrona e tento dormir um pouco, aliás a viajem seria longa e eu queria chegar em São Paulo descansada.

Acabo dormindo.

O Filho da Minha MadrastaOnde histórias criam vida. Descubra agora