» Capítulo sete «

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  O ÊXTASE TOMOU a loira por completo, seu corpo implorava por um descanso bem merecido após horas de viagens e caminhadas aparentemente infinitas. Dexter estava fazendo um bom trabalho nos pés de Clarisse, ele sempre foi muito habilidoso em massagem, e a loira tinha sorte de ter alguém como ele ao seu lado.

  — Dex. — Ela o chama, se sentando na imensa cama de casal. — É impressão minha ou... Esther lhe chamou de pai?...

  — Ah, eu havia lhe falado para escolher entre me chamar de Dexter, ou de pai. Não precisei pedir duas vezes. — Dexter abriu um sorriso caridoso, fazendo Clarisse arfar.

  — Estranho... Fiz o mesmo que você, e ela não quis me chamar de mãe...

  — Clary, talvez Esther não queira te ver como mãe... E sim, como amiga. Você sabe como as garotas são, principalmente alguém como Esther. Acima de tudo, ela precisa de uma amiga.

  — Ah, Dex! — A loira esbraveja após uma pequena pausa. — Este sempre foi o teu problema, e umas das suas melhores qualidades; sempre enxergar somente o lado bom das pessoas. Nem todos são bons como você pensa, existem lobos em pele de cordeiro, sabia?

  — E eu sei disso, querida! Sei que há pessoas más no mundo, só que, desconfiar de tudo e todos não é tarefa minha...

  — E o que quer dizer com isso? — Clary se põe em postura defensiva, fazendo Dexter recuar.

  — Nada Clary. — Ele tenta dissipar o assunto, virando a face dos olhos expressivos de Clarisse. — Eu estou muito sobrecarregado agora, conversaremos isso pela manhã.

  — E porque não agora? Sei que você não está com sono. Tudo o que você faz é fugir das coisas, tentar encontrar uma escapatória para os fatos.

  — E você vive me confrontando! — Dexter subrepujou seu tom de voz. — Você só sabe procurar intrigas, Clarisse! Intrigas em tudo, em cada detalhe! E você sabe muito bem que eu detesto isso!

  — Que ironia, não?! — Clarisse solta uma risada abafada. — Ainda dizem que os opostos se atraem...

  — Espera um pouco! — Dexter, em passos largos, caminha na direção de Clary, perfurando-a com os olhos. — Quer dizer então que não sente mais atração por mim?!

  — Ninguém aqui está falando de atração, não neste sentido. — Clarisse veste seu roupão aveludado, se colocando de frente a porta dos aposentos do casal.

  — Pois foi o que me pareceu! Aliás, se não há mais atração entre um casal, a separação pode ser a melhor saída!

  — Pare Dexter! Pare de levar as coisas ao da letra! De tentar começar uma intriga, de nos separar ainda mais!

  — Que contraditório, não?! Agora sabe como me sinto após as suas loucuras! De sempre remoer um assunto tão... Estúpido! Você não está vendo que coisas fúteis estão nos separando ainda mais?! As nossas diferenças deveriam nos unir, Clarisse! E quando você sai de seu controle, as nossas diferenças acabam por nos afetar. Pare de remoer problemas fúteis, e vamos passar a cuidar mais da atração que sentimos um pelo outro, já que, se fosse por você, estaríamos indiferentes um ao outro! — Dexter pega alguns lençóis no armário, e dois travesseiros de pena de ganso.

  — O que está fazendo?! — A mulher franze o cenho.

  — O que pensa que estou fazendo?! Você precisa de um tempo sozinha, e estou lhe cedendo o que você precisa, antes que a atração entre nós se acabe. — Dexter cuspiu as palavras em Clarisse, satirizando por fim. Esbarrando em seu ombro de propósito, descendo o lance de escadas, até a sala.

  Clarisse respirou fundo, não queria pensar no que acabara de passar pela sua mente como um trovão, mas já era tarde demais. De algum modo, a mulher começara a reparar no que a vinda de Esther em sua casa proporcionara para a sua família, e ela esperava com todas as suas forças, que as coisas melhorassem. Então fechou a porta de seu quarto e começou a perambular sublimemente pelos corredores parvos e infinitos de sua casa. Um pequenina luz no fim do corredor lhe afetou meramente a visão. Se aproximou da maçaneta da porta do quarto de Esther, e tentou abri-la. Estava trancada.

  Clary começou a bater na porta com o punho fechado, machucando os nós de seus dedos.

  — Esther! Esther, é a Clary! Abra para mim, querida. — A mulher repetia enquanto batia na porta. Finalmente o silencio do quarto foi dissipado por uma canção cantarolada pela garota. O ruído da tranca faz Clary se distanciar da porta, e a imagem angelical da pequena garotinha se mostra diante da loira.

  — Clary. — Ela sorriu, deixando a mãe entrar em seu quarto.

  — Está tudo bem? — Ela adentrou o quarto da garota e se sentou na cama. Esther fecha a porta, e por algum motivo, Clary sentiu a claustrofobia subir pelas suas pernas, por mais que o quarto fosse expansivo.

  — Não poderia estar melhor. Eu amei tudo aqui! É uma casa linda, e vi  que vocês possuem um órgão, uma harpa enorme e um piano! — A garota ruiva rodopiou pelo quarto, até se sentar ao lado da mãe.

  — Que bom que gostou, querida. Porque agora, está será a sua casa! — Ela suspirou. — Eu vim aqui para te dar um beijo de boa noite e lhe transmitir alguns avisos. Amanhã, Dexter e eu iremos te matricular na mesma escola dos meninos, o ano escolar começou a pouco tempo, pensou eu que, você não perdeu nada de demais. E também, podemos ir nós duas fazer compras no shopping! O que acha?

  — Seria fabuloso! Eu adoraria, Clary! — Ela abraçou a mulher, com um sorriso enorme e falso estampado no rosto, como desde o momento que conhecera Clarisse.

  — Ótimo! E também, se você quiser ter algumas aulinhas de piano, órgão e harpa, podemos ter amanhã mesmo! — O olhar de Clary se iluminou. — Podemos começar com o piano!

  — Não vejo a hora! — Ela sustentou o sorriso falso.

  — E também, você terá aulas de natação três vezes por semana, com os garotos e aulas de ballet duas vezes por semana! Você irá adorar!

  — Ah, eu sempre quis fazer aula de ballet, será fantástico! — Ela bradou.

  — Eu sempre quis ter uma garotinha nesta casa! E agora, realizei o meu sonho!

  — Se a senhora já tem dois filhos, porque não tentou ter mais um? Vai que a senhora tem sorte, e consegue ter uma menina...

  — Ah, esta é uma longa história... — Seu olhar se torna sombrio. — Bem, já está tarde, todos já estão dormindo, é melhor você dormir também, querida. — Clary se levantou da cama, Esther se joga na cama, e delicadamente, debruça o cobertor sobre o corpo de Esther. — Durma bem, meu amor. Nos vemos amanhã de manhã. — Ela depositou um beijo na testa de Esther.

  — Obrigada, Clary. — Ela fechou os seus olhos e se deitou de lado na cama imensa, fazendo com que Clary não visse o seu rosto.

  A mulher deu uma última olhada na garota, que estava de costas a ela, e orava mentalmente para que as coisas ruins se dissipassem de seu lar.

  Mas o que Clary não esperava, era que a simples presença da pequena Barbara na vida de sua família, trouxesse uma enorme bagagem de pesadelos, tragédias e caos.

  [...]
 
  Hey Werner's e Skrlová's!
Perdoem-me pelo capítulo curtíssimo, e juro de dedinho que o próximo capítulo estará maior e muito mais emocionante!
Gostaram das intrigas deste capítulo? E da falsidade da nossa pequena psicopata? Deixem as suas opiniões nos comentários e acendam a estrelinha! Deixem-na brilhar, estará dando uma grande ajuda à uma autora!
SEE YOU LATER, GUYS!❤

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