» Capítulo três «

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  ELE ESTAVA LÁ, bem ao seu lado, seguindo cada passo que a moça ruiva dava pela casa fúnebre. Após um processo de tortura e assassinato, Barbara provou na pele que, o espirito da pessoa continuava ali, lhe assombrando. Ela até gostava da companhia, pelo menos, ele não iria lhe aborrecer com as suas palavras, já que antes de sua morte, seus lábios foram selados com linha e agulha.

  A alma de Finnick ainda estava lá, tremeluzindo, com seus lábios costurados, e seus olhos flamejantes. O corpo dele ainda estava no sótão, frio e mórbido, o sangue já estava começando a endurecer no chão de madeira, o olhar fúnebre do homem exalava muita dor e ódio.

  Barbara lavava o seu chapéu, o sobretudo e suas luvas. A moça colocou na secadora, e esperou por alguns instantes até a máquina avisar que as peças de roupas estavam prontas. Ela retirou todas as peças, e as estendeu atrás da geladeira, onde ficariam secas em menos tempo. A ruiva limpou as suas botas pretas, e as guardou.

  A moça foi até o quarto de seu tio, embora toda a casa estivesse ao nível de um perfeito cenário de um filme de terror, o quarto estava impecável. A cama estava bem arrumada, com uma colcha de estampa de listras em preto e branco, a poeira do chão do lado de fora contrastou com o piso de madeira límpido. Os móveis estavam sem uma molécula de poeira sequer, a janela estava trancada, e a cortina fechada, mas alguns fios de iluminação pálida escapava entres as frestas deixadas pela cortina, preenchendo o pequeno quarto com penumbras irregulares e perturbadoras.

  Ela adentrou o quarto do tio, e abriu seu armário de roupas, tirando de lá um sobretudo bege até os joelhos e um chapéu negro com as abas longas, o que séria ótimo para esconder o rosto da ruiva das câmeras de segurança. No canto do quarto, Barbara pegou um par de coturnos pretos, embora tenha ficado um pouco largo, iria despistar uma possível investigação. Tudo o que a ruiva fazia, a alma penada de Finnick observava, mesmo sendo somente uma alucinação pela razão de Barbara ser esquizofrênica, ainda era perturbador ver aquela criatura meramente transparente, liberando uma iluminação azulada, com os lábios costurados.

  Algo em cima da cama, chamou a atenção do espírito de Finnick, um pequeno bilhete se encontrava debruçado no centro do colchão. Barbara o segurou em suas mãos, e uma sensação de satisfação lhe atingiu em cheio.

  “O poder da família Skrlová:
  Há dez anos atrás, a fábrica do melhor vinho de toda Paris, o famoso Constantine, foi inaugurada. E para comemorar o grande dia, Constance Skrlová, estará promovendo um grande jantar em sua mansão! Toda a família Skrlová estará reunida, será uma festividade épica! Parabéns a Constance, umas das mulheres mais poderosas de Paris!” — Barbara lia aquele artigo com furor, deixando cair o -de-cabra ensanguentado no piso emadeirado.

  Toda a minha querida família reunida... Farei desta grande festividade, um verdadeiro abate! — A moça pensara.

  Como Finnick não tinha amigos, vai demorar alguns dias até os vizinhos sentirem o odor de seu corpo em decomposição, e aquela situação favorecia Barbara. E como seus irmãos estavam reunidos na mansão Skrlová, se tornará muito fácil matar todos de uma só vez. Barbara sabia qual o horário de os empregados chegarem na mansão, e a que horas todos acordavam.

  A ruiva consultou o horário em seu relógio. Sete horas da manhã, e vinte e cinco minutos. Geralmente, os empregados chegavam às nove e meia, e o horário de Constance acordar era por volta das dez horas da manhã.

  Antes de sair, Barbara vasculhou as caixas de papelão que restara no sótão após a briga, e o frigobar de Finnick. Pegou uma caixa vazia, e preencheu-a com os frascos dos experimentos do tio e alguns instrumentos cirúrgicos, aliás, nunca se sabe quando este tipo de coisa seria útil em uma situação como a de Barbara.

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