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Os segredos dos Werner (PART I)
XI Conferência Anual de Perícia e Investigação Criminal
Toronto, Ontário (Canadá)
Alguns anos antes...

  Preso a dizeres contraditórios, conversas paralelas e o aroma do café com donuts de seus colegas de trabalho, lá estava um homem beirando os seus trinta anos de idade, no auge de sua carreira profissional. Sua experiência no ramo criminal havia lhe rendido várias menções honrosas e algumas doses de olheiras.

  Ele não estava lá como um mero aprendiz. Fazia parte dos mestres da investigação criminal. Ele sempre foi muito bom naquilo que se dedicava, porém, aquelas conferências deixava-o à deriva do que deveria ou gostaria de fazer. Era um tédio. Horas à fio sentado em uma poltrona desconfortável, desfrutando da experiência de completos desconhecidos e ouvindo a baboseira que ouviu em todas as outras conferências.

  Repleto até o pescoço de palavras desnecessárias e nostálgicas, ele se aventurou entre as vielas de Toronto, que aos seus olhos era algo distante e desconhecido.

  Em uma fração de segundos, flashes gritantes e invasivos tomaram conta de sua visão distópica. Um riso macio como seda se propagou em seus ouvidos,  ele entrou em pânico por estar com a visão turva pela violência da luminosidade fotográfica.

  — Ai meu Deus! Eu machuquei você?! — Uma voz aveludada e com uma dose de apreensão acertou o homem em cheio.

  — Quem... Quem está aí? — Ele se apoiou na figura que estava diante de si. Ela o guiou até o bar mais próximo, e ele sentiu que foi guiado até um assento.

  — Me perdoe, de verdade! Não era intensão. — Ela refutou.

  — Ah, agora já está feito! Não tem necessidade de se desculpar. — Pigarreou, tentou ao máximo driblar a penumbra esbranquiçada que marcou sua visão para poder finalmente ver quem havia lhe causado aquele transtorno.

  — Desculpa aí, senhor "paciência"! — Revirou os olhos.

  — Você quase me deixou cego e quer usar a ironia para cima de mim?! Logo eu, que sou especializado em sarcasmo?! Quero declarar que está em um terreno perigoso, senhorita. — Ele murmurou, tentou focar a sua visão na pessoa a sua frente. A marca do flash em seu campo de visão se dissipou aos poucos, deparou-se com uma das criaturas mais belas que já vira. Ela tinha os mais belos olhos de um verde-esmeralda, muito expressivos por sinal. Seus cabelos eram longos e majestosos, seus lábios eram tentadores e ela era incrivelmente sexy. — Ah... Ah...

  — O que foi? — Ela deu um riso leve. — Ficou sem palavras tão de repente...

  — Posso saber o seu nome? — Ele indagou, ainda hipnotizado pela moça à sua frente.

  — Alguns minutos atrás não estava tão interessado em saber o meu nome... Mas de qualquer forma, meu nome é Miranda Bakker. Posso saber o seu, cavalheiro?

  — Dexter Werner. — Ele sorriu. — De onde você veio? Não me lembro de te ver na conferência hoje.

  — Eu estou estudando jornalismo em uma universidade de Brockville e quero me especializar em fotojornalismo, então por boa notas fui convocada para ajudar a cobrir o evento. Ouvi o seu relato, é inspirador! E imagino que seja um grande profissional!

  — Não, nem tanto...

  — Ora, ora! Modesto ainda! Acho que se melhorar, estraga. — Ela se debruçou, chegando perto dos lábios de Dexter.

  Naquele momento, os encantos de Miranda haviam desfocado Dexter de sua vida profissional e sentimental. Ele havia se esquecido da conferência. Ele havia se esquecido de seu trabalho. E por fim, Dexter havia se esquecido do anel dourado de compromisso. Dexter havia se esquecido de sua adorável esposa, Clarisse.

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