» Capítulo dezenove «

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I'm on the highway to hell
(Estou na rodovia para o inferno)

“Highway to Hell”
AC/DC

  Naquele momento ela o reconhecia mais que ninguém, mesmo após um ano e meio, ele era o mesmo

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  Naquele momento ela o reconhecia mais que ninguém, mesmo após um ano e meio, ele era o mesmo. Com exceção de seu olho de vidro bizarro, que girava em sua órbita. Por algum motivo aquilo gerava uma sensação de estranheza em Barbara. Talvez aversão, não sabia ao certo.

  — Tristan. — fitou com desdém e logo após abriu um sorriso sarcástico — Parece que eu fiz um pequeno estrago em seu olho.

  — Pequeno?! — indignou-se — A merda desse transplante me custou os olhos da cara — sussurrou nem tão bem humorado: — literalmente.

  — Eu sinto muito. — Barbara passou seu polegar delicadamente pelas linhas de idade no canto dos olhos do homem.

  — Você sentir muito não vai diminuir as chances de eu acabar com você. — Tristan tirou abruptamente a mão de Barbara de seu rosto, pressionando-a ainda mais contra a traseira do caminhão. Suas mãos envolveram o pescoço de Barbara com uma força descomunal.

  O rosto de Barbara começou a enrubescer, ela esticou o seu pescoço, como um reflexo para sair daquela situação. As veias em sua testa saltaram e ela tentava dizer algo para Tristan, mas o fôlego lhe faltava.

  Quem avistasse a cena de um certo ângulo, poderia perceber que Barbara estava prestes a ceder. A perder suas forças e se entregar ao homem miserável a sua frente. Entretanto, com os anos, Barbara havia adquirido a mania de mentalizar o que está prestes a fazer, nos mínimos detalhes, repassar cena por cena repetidas vezes e, por fim, pôr seus pensamentos no plano real. E naquele momento, a beira de um de seus precipícios, ela estava o fazendo.

  A garota observou Tristan com fervor, do mesmo modo que ele sempre a observava, parecendo que estava prestes a incinerá-la. Uma vez lhe disseram que a nostalgia antecede a morte, e ela estava dando uma dose do passado para o homem provar pela última vez.

  As mãos da menina, que outrora estavam fincadas nos braços de Tristan, naquele momento cobriam as narinas e boca do homem, como no momento em que ela havia o asfixiado na última vez que o viu. Com as mãos ocupadas, ele não poderia impedir Barbara de continuar trancando a sua respiração, a não ser que ele tire uma das mãos do pescoço de Barbara, entretanto, isto poderia desestabilizá-lo, e assim, Barbara o poderia dominá-lo.

  Porém, Tristan deu um joelhada no estômago de Barbara. Mas ela era forte o suficiente para aguentar a dor e lhe retribuir o dobro. Por esse motivo, ela fincou suas unhas nos braços de Tristan e lhe retribuiu o mesmo gesto, só que o alvo não era o estômago, e sim, suas partes íntimas. E a moça não poupou forças, usou tudo de si que podia no momento, e tornou o sofrimento de Tristan ainda mais intenso.

  Os olhos perturbadores do homem arregalaram-se, seus lábios se abriram, tentando conter o instinto de gritar. Seu rosto foi tomado por um vermelho intenso e suas mãos largaram o pescoço de Barbara e se posicionaram no local da dor.

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