Flávia
Enquanto estávamos assistindo ao filme, de vez em quando o Miguel tocava na minha mão deixando a sua por cima da minha, porém na mesma hora eu retirava a minha do seu toque. Não quero chegar a confundir as coisas. Ou então quando não era ele, era o Cauã — mas ele só tocava de leve e depois retirava a sua mão de perto da minha, como se só quisesse sentir o meu toque por apenas alguns segundos — sendo que a minha amiga estava só dando em cima dele, mas ele não estava nem aí para ela.
Essa situação já está passando dos limites! Não consigo mais nem prestar atenção ao filme direito.
Então bem rápido para não atrapalhar as outras pessoas, que estavam assistindo ao filme, troco de lugar e vou parar ao lado da Heloísa, deixando o Miguel e o Cauã totalmente lado a lado olhando um para o outro, se interrogando o que foi que acabou de acontecer ali, bem diante deles.
Eu hein, o que será que deu neles dois? Parecem que estão competindo por algo ou por alguma coisa.
— Aconteceu alguma coisa? — Heloísa pergunta ao achar estranho eu ter acabo de trocar de lugar assim do nada. Suponho que talvez ela não tinha visto o que estava acontecendo. E quando eu ia lhe responder ela vira o seu rosto para o telão, voltando a sua atenção ao filme. Realmente o filme estava muito bom, porém eu perdi várias partes importantes só por conta deles dois.
— Não, era só os meninos que não me deixavam assistir ao filme direito. — Dou um breve resumo. Não queria demorar muito, até porque tanto ela como eu queríamos assistir ao filme e agora eu diria que estou bem mais sossegada ao seu lado.
Quando o filme acaba, nos retiramos da sala. Assim que saio, olho para o meu relógio de pulso e vejo que ainda são nove horas da noite. Será que nós vamos para algum outro lugar? Pois ainda é bem cedo para voltarmos para casa.
— Vocês já querem ir embora? — Raul pergunta também ao olhar a hora em seu celular. — Está cedo ainda, agora que são nove horas.
Parecia que ele tinha acabado de ler a minha mente, pois era justamente isso que eu tinha acabado de pensar.
— Vamos para alguma lanchonete, então — Miguel responde a sua pergunta.
Nós fomos em direção a lanchonete mais próxima.
O local era pequeno, mas bem organizado. Eram três cadeiras em cada mesa. Tivemos que juntar duas mesas e ainda adicionar mais uma outra cadeira, para só assim caber todo mundo e não ficarmos separados. Ficou um pouco apertado, mas o que importa é que coube todos. Fomos para a fila, pedir os nossos pedidos e depois voltamos aos nossos lugares.
— Vocês estão gostando daqui? — Jade pergunta de repente, para as minhas amigas, assim que elas se sentam a mesa.
— Aqui é muito bonito — Heloísa foi a primeira a responder, com um brilho no olhar, olhando para todas as coisas ao seu redor, admirando tudo.
— E interessante — Eloá dispara logo em seguida ao encarar o Cauã, levantando uma de suas sobrancelhas, deixando o mesmo envergonhado, fazendo assim, todo mundo alternar o olhar entre eles dois.
Era impressão minha ou a Eloá estava dando muito em cima do Cauã? Eu já imaginava que ela fosse fazer algo, mas não me passou pela cabeça que ela fosse; abraça-lo assim que ele chegou, conversar com ele o filme todinho e agora dizer que aqui é interessante, olhando bem para ele com olhos de predador.
O Cauã precisa ter cuidado.
Na mesma hora a garçonete trouxe os nossos pedidos, fazendo com que o clima tenso desaparecesse no ar, o que foi extremamente bom.
........
— Vamos Jade? — Raul se levanta da cadeira.
— Vamos — Jade também se levanta e se despede de todos nós. — Tchau gente, eu já vou indo.
— Tchau — dissemos todos juntos.
— Cuidado, estou de olho em vocês dois — Miguel olha para os dois e lança olhares ameaçadores para ambos, dos quais só fazem rir dele. Então eles foram embora e como já estava ficando tarde, pagamos a nossa conta e também fomos embora.
Saímos do estabelecimento e entramos no carro dele. Eu me sento na frente ao lado do Miguel e na parte de trás fica a Eloá, o Cauã e a Heloísa — percebo que o Cauã ainda está meio constrangido, pelo o que aconteceu anteriormente, a cara dele não nega — e acabo soltando uma risada. O Miguel escuta e me pergunta:
— Você está rindo de quê? Posso saber?
— Não é nada — olho para a janela, para tentar disfarçar a minha risada e o Miguel dar partida no carro.
— Cauã, você tem quantos anos? — Escuto a Eloá perguntar a ele. Isso não vai prestar.
— E-eu tenho vinte e um. E você? — Pergunta a ela, meio envergonhado, por perceber de cara que a Eloá está afim dele, mas ele não quer nada com ela.
— Gosto de homens mais velhos que eu — lança um sorriso de lado. — E respondendo a sua pergunta, tenho dezessete anos — diz, o que faz o Cauã na mesma hora arregalar os seus olhos, com o que ela acabara de lhe dizer. Homens mais velhos. Dezessete anos. Vejo pelo retrovisor ele desviar o seu olhar do dela, voltando-se para a Heloísa.
— E você Heloísa, tem quantos anos? — Ele pergunta, querendo puxar assunto com ela, talvez para ver se a Eloá para de lhe mandar indiretas.
— Eu tenho dezoito anos — dar um pequeno sorriso e ele faz a mesma coisa. Deixo de olhar para eles e relaxo no banco. Eu só espero que por hoje, a Eloá não der mais em cima do Cauã.
........
Ao chegarmos em casa nos despedimos deles e entramos. Como estava tudo escuro subimos para os nossos quartos e como eu estava muito cansada, só me despeço delas e abro a porta do meu quarto para poder ir dormir.
Vou ao banheiro. Tomo um banho bem rápido e quando já estava indo me deitar na cama, escuto as minhas amigas conversando — porque elas estavam falavam razoavelmente alto — quer dizer, elas estavam praticamente discutindo.
— Eu quero ficar com ele, então não atrapalha — consegui reconhecer a voz da Eloá.
— Você sabe muito bem que não foi eu quem puxou assunto com ele. Foi ele, Eloá! — Heloísa se justifica.
— Eu não quero saber! — Eloá rebate.
— Você ficou dando em cima dele a noite toda, como você quer que ele goste de você? — Heloísa dar o troco, e eu pensei que a sua irmã fosse lhe responder, mas só restou o silêncio. — Não acredito que estamos discutindo assim, só por causa de um garoto que você conheceu hoje — consegui ouvir novamente a voz da Heloísa, ela estava irritada.
— Eu gostei do jeito dele — Eloá se explica.
— Você não o conhece realmente. Quer saber, eu vou me deitar. Estou cansada. Nos falamos amanhã, se você quiser — Heloísa diz e eu consigo ouvir alguns passos.
A Heloísa para de falar, e segundos depois concluo que até a sua irmã também.
Volto para a minha cama e me deito — não acredito que a Eloá discutiu com a sua irmã só por causa do Cauã — penso nisso e acabo adormecendo.
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Sentimentos Adormecidos
Romance- LIVRO 1 - Flávia, uma garota em pleno seus 18 anos, e muito inteligente passa em uma faculdade com tudo pago e junto com a sua família vão morar em Recife e assim começar uma nova vida, tentar esquecer a sua antiga, não sua antiga vida em si, mas...