Flávia
— Pronto, Flávia? — Meu irmão dá batidinhas de leve na porta do meu quarto, como para me chamar atenção ou simplesmente dizer que eu estou demorando muito e ele está impaciente, pois coisa que o meu irmão não tem é paciência. E eu sou igual a ele.
— Pronto — digo ao abrir a porta, para que ele me possa ver, e depois me viro de costas para ele para poder trancar a porta do quarto.
Descemos as escadas e vimos que nem um dos nossos pais estavam em casa. Então ligo para a nossa mãe — não quero deixá-la preocupada de novo, igual como eu fiz naquele dia do parque, ainda bem que depois ela não me perguntou nada sobre o que eu fazia com o Miguel nesse lugar — avisando que iríamos sair e ela só respondeu um "está certo, meus amores. Tenham cuidado" e com isso nós saímos de casa.
Já andávamos por um bom tempo que quando noto para onde estávamos seguindo, já que o Ben não conhece nada daqui e eu sim, então ele me segue, tínhamos acabado de entrar na rua onde o Miguel morava. Eu poderia até dar uma passadinha em sua casa, mas agora não é o momento certo, pois ainda não quero dividir o meu irmão com os meus amigos. Então demos meia-volta para voltarmos para nossa casa, já que tínhamos andando bastante por hoje, quando escuto uma pessoa gritando o meu nome — e eu reconhecia muito bem essa voz — e logo olho para trás.
Vejo ele correndo até me alcançar, ficando cara a cara comigo.
— Então era por isso que você não queria sair comigo hoje? — Miguel pergunta, ofegante, por conta de sua corrida. De alguma maneira ele estava bravo comigo e ainda olhava sério em direção ao meu irmão.
— Quem é esse, Flávia? É algum amigo seu? — Ben pergunta, ao meu lado, se intrometendo na nossa conversa, com uma sobrancelha arqueada.
— É, quem é esse, Flávia? — Miguel faz a mesma pergunta que o Ben fez para dar mais ênfase, e cruza os seus braços a espera de uma resposta sensata da minha parte. Ele deve estar se perguntando porque eu deixei ele de lado, já que é o meu namorado, para ficar com uma pessoa que ele não faz a mínima ideia de quem seja.
Todos os dois olham para mim, impacientes, e a única reação imediata que eu tenho é dar uma risada, dos quais olham para mim intrigados, se perguntando o que eu estou vendo de tão engraçado por aqui, já que os mesmos não estão fazendo nem um tipo de palhaçada, então depois da minha crise de risos, eu os apresento para cada um.
— Ben, esse é o Miguel, meu namorado — digo para ele apontando para o Miguel. — E esse é o meu irmão, Benjamin — digo para o Miguel enquanto aponto para o meu irmão.
— E você tem irmão? Por que nunca me contou? — Miguel franze as sobrancelhas, confuso, mas ao mesmo tempo querendo entender a situação.
— Porque você nunca me perguntou, né? — Coloco minhas mãos na cintura e começo a rir novamente.
Isso estava sendo muito engraçado para mim, mas muito embaraçoso para eles, principalmente para o Miguel, dava para ver a cara que ambos faziam um para o outro, até que o Ben quebra o gelo.
— Ah, então esse é o Miguel? — Meu irmão olha para mim e eu concordo com a cabeça, então ele se vira para falar com o Miguel. — E aí cara, como vai? Sou Benjamin, mas conhecido como Ben — coloca sua mão na frente do seu corpo para que o Miguel o cumprimente.
Imediatamente ele pega em sua mão.
— E eu sou Miguel, prazer. Acho que nos apresentamos de forma errada — comenta com um sorriso no rosto, coçando sua nuca, e todos nós caímos na gargalhada.
— Com toda a certeza — meu irmão completa assim que soltam suas mãos e ele as coloca dentro do bolso da sua bermuda.
Acho que eles gostaram um do outro, que bom.
Seguimos para a casa do Miguel e ficamos conversando por horas. A Jade não estava em casa, queria muito apresentar o meu irmão para ela, com certeza ela irá gostar dele e vice-versa. Estava pensando sobre isso quando alguém toca no meu ombro, me chamando a atenção, fazendo-me sair do meu devaneio.
— Vamos para a balada, Flávia, a que o Miguel está nos convidando? — Meu irmão, que estava sentado ao meu lado no sofá pergunta, enquanto olha para mim esperando uma resposta.
— Balada? — Pergunto confusa, não estava ouvindo o rumo da conversa deles dois.
— Sim, balada Flávia — Miguel fala comigo. — Não muito convencido do não que você me deu, eu ia na sua casa lhe convidar novamente, foi quando eu vi vocês dois aqui e corri feito um louco — explica, rindo.
Ah sim, por isso que ele gritou o meu nome assim que me viu, ele já ia para minha casa me convidar para essa tal balada. Agora tudo faz sentido.
— Vai ser quando e quem vai? — Pergunto querendo obter respostas.
— Você ainda pergunta? — Dar uma risada ao mesmo tempo em que cai para trás no sofá. Ele se recompõe e depois volta a falar: — Todos os nossos amigos vão está lá e é hoje à noite, às nove horas — comunica.
— Você quer ir, Ben? — Olho agora para o meu irmão, seria bom ele aproveitar ao máximo que pode a sua estadia aqui, mas eu já sei qual vai ser o seu tipo de resposta que ele vai me dar.
Só eu sei o quanto ele gosta de uma balada, me lembro da minha primeira festa em que eu fui com ele e com os meus amigos. Nesse dia eu fiquei só conversando com a Heloísa e a Eloá, enquanto ele e o Bernardo dançavam, bem alegres, na pista de dança. Mas diferente dessa festa, a que eu fui com a Jade assim que cheguei aqui, eu me deixei envolver pela a atmosfera, pelas bebidas e principalmente pela mudança de vida. Eu só tenho que ter cuidado hoje à noite para não beber demais e não fazer alguma besteira por conta disso.
— Olha, eu quero muito conhecer esse lugar e os seus amigos, então se todos eles vão a essa balada eu quero ir sim, por que não? — Dar de ombros. — Sendo que já é uma boa estreia para o meu primeiro dia, aqui — ele sorrir de um jeito malicioso.
Reviro os olhos, rindo. Ele adora se fazer de pegador, mas ele só fica com alguém quando realmente quer, quando lhe acha interessante, e é isso que eu admiro nele. Ele não se deixa envolver com qualquer uma.
— Então vamos — respondo para o Miguel, sorrindo. — Cadê a Jade? — Pergunto querendo saber aonde ela está.
— Ela foi ao shopping, comprar a roupa que ela vai usar hoje à noite — revira seus olhos.
— Bom, então acho melhor nós irmos para a nossa casa também, Flávia — meu irmão diz ao se levantar do sofá — até porque é só o tempo de nós arrumarmos e irmos para a grande noite — dar uma risada. Bato em seu ombro ao me levantar também do sofá.
— É melhor nós irmos mesmo, conversamos por muito tempo que nem percebemos a hora passar — caminho em direção a saída. O Miguel também nos acompanha.
— Às nove horas eu passo na casa de vocês, viu? — Miguel relembra.
— Tá bom — me despeço dele depositando um beijo em sua bochecha, rapidamente.
— Até mais tarde, cara. Foi um prazer te conhecer — meu irmão diz ao tocar em seu ombro, de forma amigável.
— Digo a mesma coisa — Miguel sorrir, largamente, e com isso nós fomos para a casa nos arrumar, como o meu irmão disse: para a grande noite.
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Sentimentos Adormecidos
Romance- LIVRO 1 - Flávia, uma garota em pleno seus 18 anos, e muito inteligente passa em uma faculdade com tudo pago e junto com a sua família vão morar em Recife e assim começar uma nova vida, tentar esquecer a sua antiga, não sua antiga vida em si, mas...