Sentimentos Adormecidos

32

Flávia

Assim que chegamos na sala, a primeira pessoa que eu vejo descendo as escadas é o Miguel.

— Meu sol — diz assim que para de frente para mim e antes que eu fale qualquer coisa, ele pega o meu rosto com as suas mãos e me beija, rapidamente, talvez porque a Cecília estava bem ao nosso lado.

— Flávia — escuto a voz do Otávio e deixo de olhar para o Miguel para olhar pra ele.

— Oi, Otávio — lhe dou um sorriso.

— Gente, o que nós vamos fazer hoje? — Jade pergunta ao aparecer na sala e colocar suas mãos na cintura.

— A gente pode assistir um filme e ir nadar depois... olha que hoje eu trouxe o meu biquíni — respondo e todo mundo começa a gargalhar e até eu também.

— Vamos seguir ao seu cronograma então, que filme vamos assistir? — Miguel pergunta ao meu lado.

— Que tal esse filme? — Cauã sugere ao mostrar a capa do filme para nós, que era de mágica. Concordamos com a escolha de filme e ele coloca o mesmo para começar a rodar.

Em seguida a Jade vai na cozinha juntamente com o Raul, para trazer algumas coisas para nós comermos. Assim que ela aparece novamente, minutos depois, cada um se ajeita no sofá e nas cadeiras e apertamos o play.

Quando o mesmo termina, seguimos em direção a piscina completamente felizes. Cada um tira suas blusas, shorts e bermudas e com alguns saltos, todos entraram. Cada grupo estava separado; o Cauã estava conversando mais a Cecília e o Otávio, a Jade aos beijos com o Raul e eu aqui, mais o Miguel, observando a todos. As vezes fazíamos ainda mais que isso, quando ele pegava o meu rosto, virando na sua direção, e a sua língua entrava na minha boca. Essa foi a primeira coisa que eu amei aqui, hoje.

Já estávamos nadando por algum tempo, quando o Otávio e a Cecília dizem que já estava na hora deles irem embora. Saem da piscina e todos nós também fazemos a mesma coisa.

— Mas já, tão cedo? — Pergunto ao me despedir deles. — Mas foi bom ver vocês dois de novo — dou um sorriso.

— Digo o mesmo — eles dizem juntos.

Assim que eles vestem as suas roupas e se despedem de todos, acompanhamos eles até a porta de entrada. E assim que eles vão embora, eu pergunto:

— A gente ainda vai ficar na piscina?

— Poderíamos fazer outra coisa — Raul comenta.

— Mas o quê? — Miguel pergunta olhando para ele como se ele tivesse alguma sugestão para dar.

— Por que não fazemos um passeio de carro? — Cauã se pronuncia ao se juntar a nós.

— Isso! É uma ótima ideia — Olho para o Cauã e depois para o Miguel, para ver se ele concorda com o que eu falei.

— É, pode ser — dar de ombros.

Todo mundo segue para a piscina novamente, já que lá era onde estava nossas roupas e toalhas. Assim que terminamos de nos vestir, saímos para fora de casa.

— Eu quero dirigir, posso? — Raul chega perto do Miguel para lhe perguntar isso.

— É todo seu — entrega a chave do seu carro para ele. — Mas cuidado — recomenda.

Parece que o Raul nem havia ligado para a última parte que ele falou, pois logo deu a volta no carro e se jogou no banco, já apertando a buzina, para começarmos a entrar no mesmo. Assim que todos nós entramos, ficando na frente ele e o Cauã e atrás a Jade, eu e o Miguel, mais que depressa olho para ele. O Raul parecia que tinha ganhado na loteria. Ele estava tão feliz que sorria até para os ventos que passavam ao nosso redor, e isso só porque dirigia esse carro.

Ficamos andando por horas, às vezes o Raul ia devagar, mas em outras vezes ele ia muito rápido, fazendo todo mundo começar a gritar e a levantar as mãos para cima. — Parecia uma montanha russa. — Acabo também conhecendo outros lugares que até então eu nunca tinha visto antes. As vezes também acontecia de pararmos em alguma lanchonete para comermos alguma coisa, até que percebemos que já estava escurecendo e decidimos que seria melhor voltarmos para casa. Dessa vez quem dirigia era o Miguel. E esse passeio foi a segunda coisa que eu amei fazer hoje.

Deixamos o Cauã em sua casa e depois seguimos para a minha. Assim que chegamos em frente à minha casa, eu saio do carro e o Miguel também. Antes de abrir a porta, ele fala comigo:

— Está entregue — sorrio com isso, porém na mesma hora me lembro da pergunta que eu tinha que fazer a ele antes que eu acabasse esquecendo ou pior, deixando para lá.

— Miguel, eu posso te perguntar uma coisa? — Ele concorda com a cabeça.

— Claro que pode. O que é? — Me olha, confuso.

— Por que você só convidou o Raul para dormir na sua casa e não chamou o Cauã também? Por que pelo que eu saiba, vocês ainda são amigos, né? — Arqueio uma sobrancelha e cruzo os braços, esperando uma boa resposta de sua parte.

— Ah, é isso — dar uma risada ao mesmo tempo em que coça sua nuca. — Eu chamei só o Raul porque ele gosta muito lá de casa. Ele é sempre o primeiro a aparecer por lá e as vezes eu e a minha irmã ainda estamos dormindo, então eu só uni o útil ao agradável convidando ele para dormir lá em casa, já que ele tem o costume de dormir por lá. O Cauã raramente dorme lá em casa, por isso que eu nem o chamo mais — dar de ombros depois de me explicar tudo.

— Miguel, vamos? — Jade interrompe a nossa conversa, com uma buzinada.

— Já estou indo — se vira para dizer a ela, mas depois volta a sua atenção para mim. — Relaxa, Flávia, eu e o Cauã ainda somos amigos, se é isso que te preocupa.

— Eu só achei estranho você ter convidado o Raul sendo que o Cauã também é seu amigo, mas acho que estou fazendo uma tempestade num copo d'água — dou uma risada.

— Tudo bem, mas agora eu tenho que ir — pega o meu rosto com as suas mãos e me beija, rapidamente. — Depois a gente se fala — pisca para mim e volta para o seu carro, indo embora. E com isso abro a porta de casa.

Porque eu tenho a impressão de que ele não está falando a verdade...