Flávia
Assim que ouvimos o barulho que o brinquedo estava emitindo, percebemos que já seria a hora dele começar a funcionar. Me preparo psicologicamente, ou pelo menos tento, já que não estava totalmente preparada para o que veria a seguir. A velocidade começou a aumentar na medida em que os segundos se passavam, tentando de alguma maneira criar forças. O brinquedo fica nesse vai e vem, porém agora com uma velocidade exorbitante, que chego até a fechar meus olhos e quando os abro novamente, me encontrava de cabeça para baixo, olhando para o chão. De alguma maneira tento olhar para o Miguel, mas ele só faz rir da situação ao qual eu me encontrava. Volto a fitar o chão. Prefiro olhar para ele do que para o Miguel, pois pelo menos o chão não rir de mim. De repente, depois de alguns segundos, o mesmo começa a diminuir a velocidade, por fim parando por completo.
Saímos do brinquedo. Finalmente.
— Eu não acredito que você ficou daquele jeito — Miguel balançava sua cabeça para os lados. — E olha que foi você mesma quem escolheu irmos nele — a cada vez mais ele ria de mim. Da minha cara.
— Dá pra parar de rir de mim? — Paro de repente de andar e ele também faz a mesma coisa que eu. — Você não está vendo que eu estou mal? — Aponto para o meu rosto ao mesmo tempo em que faço uma careta.
— Você vai ficar mal é agora — ele cruza os braços. Arqueia uma sobrancelha. Dar um sorriso de lado e em seguida começa a rir. Um riso maquiavélico.
— Por que fala assim? — Pergunto, mas por dentro eu estava morrendo de medo da sua resposta.
— Porque já que você escolheu o primeiro, eu tenho agora o total direito de escolher o próximo brinquedo em que vamos. E pode apostar que eu já escolhi — um sorriso no canto de sua boca, aparece.
Aquele sorriso...
— E qual seria?
— Elevador.
— Você ficou maluco? Se eu quase não respiro nesse brinquedo anterior, imagina nesse agora — tentava me justificar de alguma maneira, até apelei pelo fato de ter praticamente passado mal, mas de nada adiantou o que eu disse. Ele já havia me pegado pelo pulso e me levava em direção a esse outro brinquedo. Eu só espero sair viva dele.
Me sento na cadeira já com um frio na barriga. Eu não gosto desse brinquedo, ele sobe até o seu limite e depois despenca rapidamente. Só em lembrar de como esse brinquedo funciona, eu já penso logo em desistir e sair daqui. Porém, o meu companheiro de brinquedos loucos, não queria que eu fizesse esse tipo de coisa, pois talvez ele percebeu o meu medo e imediatamente, antes do brinquedo funcionar, ele colocou a sua mão em cima da minha e disse com um sorriso no rosto: vai ficar tudo bem — e foi só isso que eu consegui ouvir antes do brinquedo levar a gente lá para cima e bem rápido. Ele subia e descia. Subia e descia. Repetiu esse processo por diversas vezes. O Miguel ficou do começo ao fim com a sua mão em cima da minha, e teve até um certo momento, que eu não me lembro qual, mas eu entrelacei nossas mãos. Isso de certa forma me dava mais força e diminuía o meu medo. Até que por fim o brinquedo para e eu sai o mais depressa possível. Com esse vai e vem, repetidas vezes, acabei ficando com vontade de vomitar.
— Ei, você está bem? — Miguel pergunta assim que para ao meu lado. Sua mão repousa no meu ombro ao mesmo tempo em que olha para mim, preocupado.
— O que você acha? — Transmito ironia na minha voz.
— Vem, é melhor você descansar — pega na minha mão e me guia por algum lugar que eu ainda não consigo identificar qual seja. — Vamos aproveitar para comer alguma coisa antes de irmos em um outro brinquedo, porque você está com uma cara... — ele rir de mim mais uma vez. Dessa vez eu não aguento e bato em seu braço. Ele alisa o lugar em que eu bati, ainda rindo. De mim.
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Sentimentos Adormecidos
Romance- LIVRO 1 - Flávia, uma garota em pleno seus 18 anos, e muito inteligente passa em uma faculdade com tudo pago e junto com a sua família vão morar em Recife e assim começar uma nova vida, tentar esquecer a sua antiga, não sua antiga vida em si, mas...