E lá estava eu, com 16 anos, popular, mas sendo uma pessoa que na verdade não era, trancada no banheiro por ter falado demais... Minha máscara caiu? Será que ainda posso concertar?
Isso, vou pedir desculpas.
Loren e Eleonor estavam do lado de fora preocupadas, saí e me expliquei para as duas, as lágrimas já tinham se acalmado e tentei dizer que as palavras de Jenny tinham me magoado. Mas que acabei explodindo sem necessidade.
O sinal tocou, estava na hora das aulas, mais tarde também pediria desculpa para a Jenny e para a Jizelli... Ah, e ainda tinha aquele garoto, nem prestei atenção no nome dele. Bom, depois eu perguntaria.
Algumas horas depois estávamos de saída, chamei as gêmeas e me desculpei.
- Olha, querida. Pode ficar magoada e tals... Mas ficar explodindo e ainda para cima de mim? Não rola!
- Já pedi desculpas, Jenny.
- Ok! Aceito suas desculpas, mas prefiro não andar com você enquanto não esfriar essa sua cabeça... Vamos Jizelli?
E as duas saíram. Eu não suportava elas, mas ser legal com todos era parte da nova Carolyne.
Lá fui eu procurar o tal garoto, o encontrei encostado na árvore que ficava no pátio, com um livro na mão. Meu Deus, esse garoto não cansa de ler?
Cheguei perto e lhe disse:
- Olá!- ele olhou para mim e se voltou ao livro.
- Eu... queria me desculpar por hoje cedo, não estava no meu melhor dia.- sem resposta de novo, continuei:
- Então, qual é mesmo o seu nome?
- Alexander.
- Hum...Alex!
- Eu não disse que você poderia me chamar assim.
- É... tá bom, não chamo mais!- Revirei os olhos, que cara chato!
- Está lendo o quê?
- Um livro de ciências.
- Uau, estudioso!
Concordou mas me cortou:
- Não precisa tentar ser legal e nem se desculpar, não me importei com nada do que você disse hoje cedo. Ao invés de ficar pedindo perdão a todos por que não procura ficar com pessoas que te entendam? Elas não parecem se importar com você, nem são suas amigas de verdade.
Por que dizia isso? Achei que ele estava se metendo demais, eu vivia rodeada de pessoas e era isso que importava, tinha que aguentar algumas ignorantes, mas tudo isso fazia parte de ser popular.
- Tenho ótimos amigos também... mas acho que isso não é muito do seu interesse.
- Tem mesmo? Bom, então boa sorte com seus "amigos". Até!- Falou com um ar arrogante e saiu.
Achei ele irritante, mas o que disse mexeu comigo, talvez porque podia ser verdade... Só tinha amigos de fachada. Mas assim estaria mesmo cumprindo minha promessa? Acho que não, mas também não sabia como iria fazer para mudar isso.
No dia seguinte encontrei com ele na entrada.
- Bom dia, "Alex"- eu sabia que não gostava que eu chamasse ele assim, mas queria provoca-lo.
- Bom dia.- respondeu seco, me olhando torto.
- Pensei no que me disse ontem... Para mim perder meu precioso tempo pensando no que disse, é porque o negócio é sério!
- É mesmo?- Seu tom era sarcástico, odiava isso.
- Sim, acredita? E cheguei a conclusão que se eu só tenho amizades falsas, tenho que começar a ter mais amigos de verdade. Começando por você!
- Acho que sua conclusão está errada só nesse final.
- Não importa, não é mesmo "amiguinho"? Te vejo mais tarde. Bye!- E saí desfilando. Na verdade, não acreditava que ele ia mesmo se tornar meu amigo, mas alguma coisa me intrigava, me fazia querer me aproximar e mexer com ele.
Talvez seu jeito ignorante, todo cheio de si... aquilo me dava raiva em qualquer pessoa, então por que não cutucar um pouco, não é mesmo?
Encontrei com a Loren, dessa vez estava sozinha, devia ter se cansado das loiras azedas. Veio toda alegre conversar comigo, falando que eu não devia me importar com elas e andar com outras pessoas. Concordei com ela e me despedi, fui comprimentar o resto do pessoal, não era possível que não teria ninguém nessa escola que eu realmente poderia ter como amigo. Com os meninos? Não, Ronnie, Thomas e companhia só pensavam em ficar com o maior número de garotas possível... e isso não estava nos meus planos.
Com as garotas? É, estavamos no começo do ano colegial e ainda estavam formando aquelas turmas de amigas com quem você anda direto, eu só teria que ver com qual grupo me encaixaria melhor... Andava distraída enquanto pensava nisso e acabei esbarrando na Becky.
- Garota, você não tem olhos para ver por onde anda?
- Desculpa, estava distraída!
- Pois não fique com a cabeça nas nuvens, quase amassou meu uniforme!
- Grande coisa...
- O que disse?
- Que coisa, não é? Prometo que não faço mais!- Sorri sem vontade e saí andando. Becky era linda por fora com seu corpo escultural, olhos verdes, cabelos ondulados e loira, mas em compensação chata e metida.
Eu não me achava grande coisa perto das alunas da minha escola. Ruiva, coisa que puxei do meu pai, com olhos castanhos e também de corpo magro, bem simples, não tinha muito na frente nem atrás. Eu não tinha puxado quase nada da minha mãe, só as feições do rosto.
Enfrentei mais um dia de estudos, quebrava a cabeça com cálculos. Só percebi hoje que Alexander era da minha sala e que sentava próximo a mim, ele ficou olhando para a minha reação quando vi que não sabia nada da prova que teve de física, ria de mim e escrevia as respostas de sua prova com facilidade. Que bosta, além de chato era mais inteligente que eu!Chegando na manhã seguinte, reencontrei ele no mesmo lugar sentado, e adivinha... lendo um livro.
- E aí, Alex? sua vida chata se resume em ler?
- E a sua se resume em tirar nota baixa em física?
- Golpe baixo...- falei fazendo uma careta, ele sorriu.
- Olha só, o senhor ignorante sabe sorrir! Nunca iria imaginar!- Falei fazendo drama.
- Não sou ignorante, só dou o que recebo.
- Eu não sou ignorante com você.
- Não mesmo? Diga a verdade, você gosta de me cutucar, apenas rebato!
- Ok, talvez tenha razão! Isso quer dizer que se eu tratar você com gentileza, também vai ser gentil?
Ele olhou para mim, pensou um pouco e depois respondeu:
- Aí está uma pergunta difícil... porque eu também gosto de mexer com você.- E sorriu de novo, ele ficava bem assim, sorrindo alegre, bem melhor do que todo sério e fechado.
- Acho que nossa amizade vai ser então uma mistura de cutucões e gentilezas.
- Boas amizades são assim...
- Aha! Então você acredita que vamos poder ser melhores amigos!
- Eu não disse isso, acho que ai já seria pedir demais do universo.
- Vem, seu arrogante! Vamos conversar com mais pessoas.
- Mas eu não quero...
E sai puxando ele pela mão, eu estava sendo bem cara de pau para quem conheceu ele a apenas três dias, mas ele simplesmente me passava essa liberdade de ser eu mesma, uma sensação que não sentia a um bom tempo com ninguém.
- Oi, gente!- Comprimentei Loren, Eleonor e uma garota loira que eu não sabia ainda o nome. Ela era bonita, tinha um jeito diferente, amarrava o cabelo longo em duas partes com as pontas pintadas de rosa. Loren me cumprimentou, Eleonor olhou para o Alex e soltou um oi baixinho, já a garota nova foi se apresentando:
- Oie! Como vai? Me chamo Jully, você deve ser a Carolyne, certo? Amo cabelo ruivo, arrasou nascendo assim... E você, gatinho? Como se chama?- Falou sem parar.
Ela era bem extrovertida, eu e Alex nos olhamos dando de ombro e ele respondeu:
- Alex!
- Ah, agora é Alex? Não me diga!- Falei tirando sarro.
- Sempre foi, mas só pessoas legais podem me chamar assim.
- Vou fingir que isso me machucou, ai meu coração...
- Gente, já adorei vocês, uns fofos! São casados?
- Nunca!- respondemos juntos e nos olhamos.
- E aí, galera! Tudo de boa por aqui?
Era o Ronnie, respondi:
- Oi Ron, tudo ótimo!
- Opa! Tem gente que eu ainda não conheço.
- Olá! Prazer, Jully e aquele dali que também é novo é o Alex!
- Está me trocando por esse Alex, Carol?- Perguntou Ronnie.
- Eu? Imagina... Só estava apresentando ele para as meninas.
- Hum... Fazendo sucesso, hem? Deixa eu ver, olhar de certinho, rodeado de garotas...Você é gay?
- Não.- Respondeu Alex.
- Ótimo, então vamos ser melhores amigos!- E se agarrou no pescoço do Alex que fez uma cara de espanto e depois olhou para mim um pouco nervoso, eu sorri de volta.
- Ora, não seria amigo dele se fosse gay?-Jully perguntou, cruzando os braços.
- Lógico que seria! Mas aí ele correria o perigo de se apaixonar por mim... Vem, cara! Deixa eu te apresentar para o resto da galera.
- Mas eu não quero...- E Alex saiu sendo puxado de novo.
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O meu melhor amigo
Roman pour AdolescentsCarolyne Payne é uma jovem de 16 anos que ao passar por um grande momento doloroso, muda seu jeito de ser, se mostrando as pessoas de um jeito mas se sentindo de uma maneira totalmente diferente por dentro. A vida lhe dá a chance de mudar isso quand...