O namoro deles realmente deu certo, todo mundo comemorou que o Ronnie finalmente aceitou o fato de estar apaixonado. Ele prometeu para a Loren que iria levar as coisas mais a sério e ela fez algumas "mudanças necessárias" no jeito dele de ser com as outras garotas, acabaram aprendendo um com o outro.
Eu também estava feliz com a alegria da minha amiga, ela parecia brilhar. Fiquei pensando se seria tão bom assim ter uma paixão correspondida e por um momento desejei saber como era. Direcionei meu olhar para o Alex, ele também estava olhando para mim. Será que algum dia poderíamos descobrir isso juntos? Como se ele pudesse ler meus pensamentos, sorriu para mim em resposta, devo ter ficado vermelha e desviei o olhar.
Se tinha uma coisa que eu não entendia era esse universo dos garotos, do nada Robert passou a conversar comigo direto, me elogiava, olhava para mim daquele jeito que eu não conseguia identificar, mas as vezes eu captava um tipo de desejo no seus olhos. Aquilo me assustava um pouco, qualquer garota no meu lugar se jogaria nele sem pensar duas vezes, mas eu não conseguia sentir nada. Isso estava deixando Alex louco, dizia que Robert não prestava e que eu precisava me afastar, eu achei exagero, não conhecia ele bem mas não parecia uma má pessoa.
Alex não estava incomodado só com isso, ele andava muito pensativo, calado, com a cabeça em outro lugar. Então, perguntei:
- Alex, está tudo bem com você?
- Sim.
- Não parece!
Ele não disse nada, então continuei:
- Me conta, o que está te encomodando?
- Problemas... em casa.
- Michelle está bem?- Perguntei preocupada.
- Está sim...
- E seu pai?
- Continua na mesma...- suspirou, passou a mão no rosto e disse- Talvez eu tenha que sair da escola, Carol.
- O que?!- Quase gritei- Por que você faria uma coisa dessas, Alex?
- Meu pai anda bebendo e jogando demais, todo o nosso dinheiro está sendo usado nos seus vícios. Até a parte que meu tio me dá não está dando conta. Estamos endividados até o pescoço, Carolyne! Se eu não fizer alguma coisa, vamos perder tudo... Preciso arranjar um meio de trabalhar.
Ele parecia totalmente abalado, teria que abrir mão dos seus estudos para isso. Eu não queria que ele largasse os estudos e não estava disposta a deixar.
- Você não vai precisar sair da escola, vamos achar outra solução!
- Carol, eu não quero ajuda... Só estaria saindo de uma dívida para entrar em outra! As coisas não vão mudar, por mais que eu consiga dinheiro meu pai vai continuar gastando e se endividando.
Estavamos em uma situação complicada, mas eu não podia deixar ele desistir de todos os seus sonhos por causa dos erros de outra pessoa. Fiquei pensativa o dia todo, parecia impossível achar uma solução, porque a resposta estava na mudança do pai de Alex, que não queria mudar.
Cheguei em casa decidida, fui até o escritório do meu pai e disse:
- Pai, preciso conversar com você, urgente!
- O que é tão urgente? Estou no meio de um trabalho...
- Eu... tenho um amigo que precisa de nossa ajuda.- E comecei a contar toda a história para ele. Que era Alex, o garoto que sempre vinha aqui em casa, que estava precisando abandonar a escola para tentar reverter a situação financeira que estavam passando em casa.
- Hum... entendo. Ele me parece ser um bom garoto, sim! Mas não vejo como podemos ajudar...
- Eu sei... só precisamos fazer dar certo!
No domingo eu e meu pai saímos, nosso motorista nos levou até a casa de Alex.
- Você já veio aqui?
- Direto!- Eu disse com um sorrisinho sem graça, tinha mandado mensagem avisando que viria mas não falei que meu pai estava comigo, Alex abriu a porta e sorriu para mim, mas logo sua feição mudou quando viu meu pai.
- Senhor Payne... Que surpresa! Carol não me avisou que vinha.- disse meio sem graça e me encarando.
- Vim tratar de um assunto importante, meu jovem. O seu pai está?
- Hã... sim! Eu vou avisa-lo que está aqui... Por favor, entrem!
Entramos, meu pai era muito observador, reconheceu o celular que dei em cima da mesa.
- Uma amiga, Carolyne?- Disse encarando o celular.
Eu e Alex nos olhamos preocupados.
- Desculpa...- soltei com um sorriso forçado.
Alex foi chamar seu pai, quando os dois vieram fiquei observando ele, parecia com Alex só que magro, com barba e o cabelo não era arrepiado, suas expressões pareciam cansadas. Seus olhos também eram diferentes, Alex me disse que puxou essa parte de sua mãe.
- O senhor queria falar comigo?
- Sim! Me chamo Sebastian, muito prazer senhor...
- Luiz!- estenderam as mãos e se cumprimentaram.
- Senhor Luiz, vim hoje aqui para conversarmos. Sou amigo do seu filho e decidi fazer uma proposta, quero ajuda-los porque percebi que seu filho é uma boa pessoa, não merece deixar suas chances escaparem.
Nos sentamos e conversamos bastante, meu pai explicou que sabia da situação que se encontravam, disse palavras profundas para tentar alertar Luiz dos erros que estava cometendo durante toda a conversa. O pai de Alex parecia um tanto encomodado.
- Sabe, Luiz... A vida vai nos derrubar muitas vezes, mas somos nós que decidimos se vamos continuar no chão ou se vamos levantar com mais força ainda. Quero lhe ajudar, não por caridade, mas porque Alex deve correr atrás do seu futuro, não acha que ele merece mais do que o senhor está tendo hoje?
Luiz que antes parecia fechado agora ouvia tudo com atenção, concordou com a cabeça e olhou para Alex. Meu pai continuou:
- Te proponho uma grande mudança, conheço uma empresa que está disposta a contratar o senhor, você receberá o dinheiro antecipadamente para quitar o que deve, mas em troca terá que cursar algo para crescer na empresa e trabalhar arduamente lá.
- Esta me oferecendo emprego, senhor?
- Estou! Mas essa é só uma parte do acordo, para isso dar certo preciso que procure tratamento para seus vícios. Eles estão acabando com suas chances, olhe para seu filho... estava disposto a largar tudo para te ajudar. Você aceita esse acordo para fazer o mesmo por ele?
Pai e filho se olharam e ficaram assim por um tempo, só agora ele parecia perceber tudo o que Alex fazia para ajuda-lo. Abaixou a cabeça envergonhado e pensou bastante.
Depois olhou para meu pai e disse:
- Quero essa chance, senhor! Mas não sei se vou conseguir tudo isso...
- Dá para ver que você também é um homem forte, só precisa voltar a acreditar em si mesmo. Não se preocupe, terá ajuda!
Sorri enquanto vi ele aceitar a proposta, Alex parecia tão aliviado e feliz. Abraçou o pai que lhe pediu perdão por todos os seus erros, os dois estavam emocionados.
Luiz e meu pai foram cuidar dos papéis, já Alex veio me abraçar e disse no meu ouvido:
- Por que você é tão boa assim comigo? Como posso agradecer?
- Esteja sempre ao meu lado, já será mais que suficiente!- Respondi de volta.
E nos olhamos, parecia que nossos olhos já diziam tudo um para o outro. Meu pai veio até nós, pigarreou para nos tirar do transe e disse:
- Vamos, Carol?- Perguntou e eu concordei.
- Muito obrigado, senhor Payne. Não tenho como pagar o que fez.
- Claro que tem, não encoste um dedo na minha filha.- Disse sério, eu arregalei os olhos e Alex empalideceu. Meu pai sorriu e disse:
- Estou brincando, sei que vocês são amigos! Ah, pode me chamar de Sebastian.
Falou colocando a mão no ombro de Alex que deu um riso nervoso, suspirei também e me despedi de Alex, seguindo meu pai até o carro. Tudo deu certo!
Acordei de manhã, meu primeiro pensamento foi sobre Alex, como costumava ser. Peguei meu celular e ia começar a digitar um bom dia, ele estava online e antes que eu percebesse ele já tinha escrevido primeiro. Sorri feito boba só dele estar pensando em mim também. Me preparei para a escola e fui.
Lá encontrei Loren e Ronnie, eles se tornaram aquele tipo de casal que você percebe de longe que se amam, sem deixar as brincadeiras e aquela união que tinham antes. Estava conversando alegre com eles quando Alex chegou por trás e me beijou na bochecha, fiquei surpresa, ele quase não fazia isso.
- Ai, que bonitinho! Que foi viraram o novo casal e não avisaram?
- Só beijei minha amiga, não pode mais?
- Claro que pode! Mas eu prefiro beijar assim...- Disse Ron pegando a Loren e a beijando com vontade.
- Eita! Não precisamos ver isso, pombinhos... - Esperamos eles pararem, mas estavam empolgados.
- Aff, eles não vão parar. Vem, Carol!- Disse Alex, revirando os olhos e pegando minha mão, Ronnie apenas fez um sinal de ok sem desgrudar da Loren.
Fomos até a árvore, me encostei nela e Alex ficou na minha frente. Eu disse:
- Ah, eu acho fofo eles juntos!
- Uhum, está saindo faíscas de amor deles, nem vou ficar perto para não me contagiar!- Rimos, acho que eu já tinha sido contagiada. Pensando nisso decidi perguntar:
- Você não sente nada pela Eleonor?
Me fitou surpreso, respondeu:
- Gostar eu gosto, o sentimento só não é tão forte quanto o que senti por...
- Por?
- Por...
- Pela Bárbara?
- É... pela Bárbara! Era isso que ia falar. Mas talvez se torne mais forte, eu não sei por que espero tanto para decidir minha vida...
- Acho que você não precisa ter pressa!- Acabei deixando escapar- Quer dizer... acho que tem que ter certeza do que quer!
- Verdade.- Ele disse pensativo e o sinal tocou.
Eleonor agora parecia mais decidida de se aproximar de Alex, vinha conversar conosco, lhe mostrava livros do autor preferido dele, até o convidou para sair duas vezes, eu ficava muito encomodada e só consegui intervir e ir junto uma vez. Sabia que aquilo era coisa da Jully que aconselhava e apoiava ela a correr atrás do que queria, era muito ruim, parecia que disputavamos a atenção e o coração dele, que sempre ficava dividido. Percebi que seria exatamente assim caso Alex namorasse com ela, eu iria querer meus direitos como melhor amiga e ela os de namorada, conclusão: a namorada sempre ganha.
Nós dois estávamos juntos na saída, até que Robert apareceu.
- Carol! Como está essa rosa vermelha?- Disse passando a mão no meu cabelo.
Alex mudou de expressão e disse tirando a mão dele:
- Cuidado, rosas tem espinhos! Então, não encoste nela!
- Com licença, eu estou falando com ela, não com você!
- Alex... Está tudo bem!- Eu falei tentando acalma-lo.
- E então, Carolyne? Você pensou no que te perguntei?- Robert disse.
- Do que ele está falando, Carol?
- Não... eu ainda não sei se aceito sair com você- Disse baixinho, esperando que Alex não escutasse mas não deu muito certo.
- Poxa... vai me deixar ansioso até quando, linda? Quero tanto que aceite!
- Me deixe pensar mais um pouco...
- Ok, mas pense com carinho!- Disse pegando no meu queixo e se aproximando, desviei por pouco e ele beijou minha bochecha. Depois me olhou como se eu o estivesse desafiando e saiu sorrindo. Alex praticamente explodiu:
- Eu vou socar a cara desse idiota!! Quem ele pensa que é?! Não passa de um sem vergonha, filho da...
- Alex! Calma, não aconteceu nada!
- Calma? E você deixa ele se aproximar! Está gostando dele agora? É isso?
- Eu? Perai, não fiz nada! E se tivesse feito também não importaria, a vida é minha!
- É mesmo? Você ainda vai se arrepender por não me escutar! Até parece que não confia mais em mim.
- Você também não confia em mim, só acha que vou fazer besteira!
- Porque te conheço e sei que isso é o que você faz de melhor! Não seja burra, só dessa vez, e se afaste do Robert.
- Ah, então é assim? Pois bem, Alex. Tchau!
Sai e deixei ele falando sozinho.
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O meu melhor amigo
Teen FictionCarolyne Payne é uma jovem de 16 anos que ao passar por um grande momento doloroso, muda seu jeito de ser, se mostrando as pessoas de um jeito mas se sentindo de uma maneira totalmente diferente por dentro. A vida lhe dá a chance de mudar isso quand...