Alex olhou para mim e perguntou:
- A Eleonor está gostando de mim, né?
Fiquei surpresa por perguntar isso de repente e falei:
- Eu tinha prometido não contar nada, mas como você percebeu... sim, ela está!
- Ela sempre deu bastante sinais, mas só me toquei mesmo que era sério aqui na praia.
- Hum... e você?
- Eu o que?
- Gosta dela?
- Eu... gosto, mas não da maneira como deveria... Sei lá, acho que estou confuso.
- Ainda não está apaixonado... Mas talvez seja porque você ainda não conhece ela tão bem. Tente se aproximar!
Ele me observava, estava pensativo.
- Na verdade... tem outro motivo- Ele parou e nos olhamos.
- Qual?- Eu perguntei, ele suspirou e disse:
- Ok... eu já fiz uma pergunta assim antes, mas vou tentar de novo... Como seria se eu estivesse apaixonado por você, Carol?
Parei... Como assim? Será que estava querendo dizer que seria estranho ele e Eleonor namorar por ele não sentir nada, como seria se ele se apaixonasse por mim e eu não pudesse corresponder?
- Seria muito estranho... Mas os casos são diferentes Alex!
- O que?
- Eu sei que você ainda não está apaixonado pela Eleonor, mas pode chegar a sentir isso. Claro que tem casos que não tem como rolar sentimento, como seria para nós já que somos melhores amigos, mas não custa nada tentar, né?
Alex estava quieto, sem reação, perguntei:
- Alex? Você está bem?
- Por que...- disse baixinho.
- O que disse?- perguntei, não tinha escutado.
- Por que? Meu Deus, eu tenho que aguentar isso?!- disse em fim.
- Isso o que, Alex?
- Você! Como você consegue distorcer tudo? Não consegue perceber?
- Eu? Mas o que eu fiz?
- Nada, Carolyne... Talvez você não tenha feito nada mesmo, o problema deve ser eu!
- Mas que... olha eu não estou entendendo nada, por que você está bravo?
- Eu não estou bravo, "amiguinha"- Falou irônico, Alex respirou fundo e olhou para baixo, em uma tentativa de se acalmar.
- Quer saber, é melhor a gente voltar...
E começou a andar rápido até chegar na casa.
- Alex? Você não vai me explicar nada?
- Não!
- Por que?
- Acho que nem se eu soletrasse você entenderia!
- Tente!
- Não quero!- E entrou dentro de casa e já foi para o quarto dos garotos.
- Eita! O que aconteceu?- perguntou Loren que estava na cozinha e viu.
- Ai, Loren! Eu não sei, ele está estranho e não quer explicar o motivo.
Loren imaginava que devia ter haver com o que ele tinha dito na lanchonete, mas achou melhor deixar ele se acalmar um pouco.
Estava na hora de irmos embora, foram três dias maravilhosos, mas não entendi nada no final. Alex nem quis ficar próximo a mim, fui ao lado do motorista enquanto ele sentou bem afastado nos dois bancos de trás com a Loren, teve uma hora que eu percebi que cochichavam algo e olhavam para mim.
- Você se declarou?
- Sim... quer dizer, não com todas as palavras, mas qualquer pessoa com um pingo de inteligência conseguiria entender.
- Bom... a Carol é meio lenta, tem que ter paciência!
- Olha a minha cara de quem tem paciência... A Carol só não entendeu porque nunca passou pela cabeça dela que pudéssemos ter algo, ela não sente nada por mim.- Falou ele meio para baixo.
Voltamos a rotina e dessa vez Alex não estava normal, era só eu me aproximar que já ficava estranho, dava uma desculpa e saia fora, na saída de sábado eu perguntei:
- Você está bem mesmo, Alex?
- Ótimo.
- Não parece, você está distante!
- Impressão sua.
- Hum...Então vamos sair nesse domingo?
- Não dá, já marquei com a Loren.
- Com a Loren? Mas não tive compromisso para você marcar com outra pessoa!
- Você não precisa ter compromisso pra mim querer sair com outras pessoas!
- Alex! Até quando vai ficar me tratando assim? Eu nem sei o que fiz!
Ele se virou e me olhou nos olhos, eu o encarei de volta e cruzei os braços, ele ia dizer alguma coisa mas desistiu, até que disse afinal:
- Até eu colocar a cabeça no lugar...
Suspirei e ele saiu.
No domingo ele realmente saiu com a Loren, foram de novo naquela lanchonete para conversar.
- Hum... Alex, você se apaixonar vai acabar me engordando!- disse Loren comendo seu doce.
- Eu não... estou apaixonado.
- Uhum, acredito! O fato de você estar na friendzone tá acabando contigo.
- Friendzone? Olha, eu não quero estar apaixonado, ainda mais porque a pessoa que eu gosto da vontade de estrangular, ela praticamente me deu dois foras!
- Vontade de estrangular a pessoa que a gente gosta? Ah, normal!
- Não, mas a Carolyne é muito burra! Como pode ela não me notar?- E colocou a cabeça na mesa, Loren deu tápinhas no ombro dele e disse:
- Desabafe, o crush não te nota, né?
- Não está ajudando...- Resmungou.
- Por que você não disse logo com todas as palavras "Eu estou apaixonado por você"?
- Bom... porque eu sabia que iria receber um não- ficou desanimado.- E ainda corria o perigo de perder sua amizade, a Carol é muito seria nessa parte de não misturar sentimentos.
- Ai, Alex... e o que você vai fazer?
- Eu não sei, mas não quero perde-la, então tenho que seguir em frente...
Segunda encontrei com ele escorado na árvore, estava lendo um livro.
- Voltando aos velhos costumes?
- Não, só estudando- disse seco, me irritei:
- Alexander!- tirei o livro da mão dele.
- Olha para mim! Estou cansada disso!
Ele ficou sem reação e não disse nada, continuei:
- Me perdoa, tá legal? Eu não sei o que fiz, mas por favor... volta ao normal comigo.- Abaixei a cabeça- Sinto falta de você, seu chato...- Falei baixinho e encostei minha testa no seu peito, ele esperou um pouco e acariciou meu cabelo.
- Tá bom, sua chata... Voltei ao normal, só precisava pensar, tirar umas férias de você, sabe?- E piscou, não sabia se ficava feliz ou com raiva.
- Por que ficou assim?- Perguntei.
- Nada importante, não insista em saber se não vou precisar de férias prolongadas.
- Você não é louco!
E rimos, finalmente as coisas se encaixaram.
Duas semanas se passaram e estáva tudo indo bem, até que me veio na cabeça a pergunta:
- Alex, por que não estudamos na sua casa?
- O que? Para que?
- Para mim conhecer ué, mudar de ares! A gente sempre fica na minha casa.
- Sua casa é legal.
- Não gosta da sua?
- Gosto, mas você não vai gostar!
- Não tem como saber até me levar lá.
- Mas Carol...
- Nada de mas, vamos! Sou sua melhor amiga, não sou? Devia conhecer cada detalhe seu.
- Então acho que é mais amiga do Ronnie, viu todos os detalhes.
- Ai credo! Não me lembra aquilo!- Ele riu.
- Vai Alex... por favor?
E fiz uma carinha de piedade, ele me olhou, continuei insistindo até ele aceitar e acabou concordando mesmo.
Ficou marcado que no próximo domingo iriamos a casa dele, fiquei pensando se iria conhecer seu pai e sua irmã.
Chegou o dia, ele não estava lá muito animado, mas fomos. Quando chegamos lá vi a grande diferença, realmente a casa dele estava bem longe de uma mansão, minha sala dava sua casa inteira mas assim que entrei vi que mesmo sendo humilde era muito bem organizada, tudo bem limpo e os móveis conservados, transmitia um ar leve. Imaginei algo mais desorganizado, já que dois homens e uma criança moravam ali, mas estava errada.
- Eu gostei da sua casa, vocês tem empregada? Tudo está tão arrumadinho.
Alex deu um sorriso e disse:
- Quem dera! Eu que arrumo, mas até que não é um trabalho tão ruim, você acaba gostando de como fica no final.
- Sério?- fiquei surpresa, eu não arrumava nem meu quarto.
- Sim, pode ficar a vontade! Preparei uma coisa para a gente, espere aqui!
Antes que ele fosse para a cozinha, sua irmã saiu de um dos quartos, ela era toda delicada, tinha olhos castanhos claros e cabelos pretos como os dele, ela disse:
- Alex, eu preciso do... Quem é ela?
- Ah, Michelle! Essa é a Carolyne... Carol, essa é minha irmã Michelle.
- Olá, Michelle! Como vai?- Falei com uma voz meiga.
A garota me encarou e se voltou a Alex:
- Você não disse que tinha namorada, Alex!
- E... eu não tenho, ela é minha amiga, ok? Faça companhia para ela e se comporte.
E acompanhei ele indo pra cozinha com os olhos, quando olhei para a Michelle, ela estava me encarando com uma cara de censura.
Me encolhi um pouco, tão pequena, mas já tinha um olhar desafiador.
Me sentei no sofá e coloquei minha mochila no colo, falei tentando quebrar o gelo:
- Você é a cara do Alex, só que mais fofinha!
- Só pessoas legais podem chamar de Alex o "meu" irmão!
Deixou bem claro o "meu", era igualzinha a ele na arrogância também, Oh Céus! Me de paciência.
- Estou sabendo, ele me disse isso assim que nos conhecemos.
E ele chegou, em suas mãos ele trazia um bolo, não era confeitado mas estava com uma cara ótima.
- Imaginei que você gostasse de bolo de chocolate, Carol! Fica sempre roubando meus sorvetes.
- Hum, acertou em cheio! Quem fez? Está com uma cara ótima!
- Eu! Prazer cozinheiro, faxineiro, babá, professor e psicólogo nas horas vagas.- falou todo cheio de orgulho.
-Você fez o meu bolo especial para ela?!
Nós olhamos para a Michelle que parecia realmente chateada.
- Vai ter para todo mundo, Mih! Pode pegar, mas depois vou pedir para que nos deixe sozinhos, precisamos estudar.
- Mas Alex...
- Nada de mas, vamos Michelle!
- Mas você prometeu brincar de barbie comigo!
Ele olhou para mim corado, não aguentei e soltei uma risada desaforada, iria zoar ele pelo o resto da vida.
- Agora não, Michelle! Pegue seu bolo e pode comer lá no quarto, mas sem sujar, acabei de limpar!
Depois que ela se foi ele se voltou a mim, sentando na mesa, disse:
- Muito engraçado! Se você contar isso para alguém eu te mato.
- Relaxa, florzinha! Toda Barbie precisa do seu Ken.
Provei um pouco do bolo, não esperava que fosse tão bom, mas realmente estava muito saboroso, disse:
- Mas que delícia! Pode dizer, você fez mesmo ou comprou?
- Eu fiz! Não acredita nas minhas artes culinárias? É uma receita de família.
- Nossa!- E provei mais um pedaço- Acho que vou te contratar...
Nós rimos, depois que terminei de me deliciar no bolo começamos a estudar.
Estavamos os dois concentrados na parte de química, mas para mim estava um pouco tediosa essa lição, escorei em seu ombro, ele parou um pouco e disse:
- Não durma, depois vai me xingar se tirar nota baixa.
- Hum... mas me deu uma preguiça!- entrelacei nossos braços ainda encosta nele e pergunteu, não segurava minha curiosidade:
- E seu pai?
- Está dormindo, ele trabalha de noite.
- E ele não acorda com barulho?
- Nem se acabar o mundo.
- Michelle e ele então quase não ficam juntos, né?
- Não... eu acabo tendo que ser tudo para ela, irmão, pai, amigo. Ela praticamente não tem nenhuma presença feminina.
Levantei meu rosto e nos olhamos, ele estava próximo.
- É difícil para você?
- As vezes é... mas também é preciso.
Eu sempre quis passar a mão no seu cabelo, parecia tão macio e era mesmo. Eu o acariciei passando as mãos do lado de seu rosto e no cabelo, ele me olhava intensamente, mas dava para perceber que ele gostava daquilo.
- Assim vai ser difícil...- ele disse baixinho.
- O que vai ser difícil?
- Nada...
E o dia foi passando, gostei da casa dele e da sua irmã, ela podia ser idêntica a ele nas partes que eu detestava, mas também me dava vontade de mexer com ela, como aconteceu com Alex.
Nos encontramos segunda e ficamos conversando com a Loren e Eleonor. Ele agora parecia um pouco encomodado, olhava para mim, depois para a Eleonor e coçava a cabeça, confuso.
- Loren!- Ele disse- Vem cá rápidinho!
E se afastaram de nós, fazia um tempo já que ele e a Loren estavam próximos, com segredos. Cruzei os braços, eu não estava gostando daquilo.
- Que foi, Alex?
- Eu não sei mais o que fazer, desisto da Carol... invisto na Eleonor?
- É o que você quer? Só peço para não magoar nenhuma delas, principalmente a Eleonor, ela gosta de você!
- Eu sei e nunca faria nada para magoa-la.
- Olha, só relaxa! Deixe que seu coração te diga ou que a resposta apareça!- E sorriu.
Nisso vimos algumas garotas se juntando em um lugar.
- O que será?
- Não sei, vamos ver?
Alex e Loren já estavam conosco, fomos até lá para ver o que estava acontecendo. Estava difícil de ver por causa das pessoas, mas o alvoroço era por causa de um aluno novo, devia ser famoso ou bonito. Me estiquei para ver, me agarrei no braço do Alex quando fitei o rosto do garoto, ele me olhou e perguntou:
- Carol, você está be...
- Charlie!
Eu disse simplesmente, não conseguia tirar os olhos do garoto novo. Ele era idêntico ao Charlie, ou pelo menos como ele seria com 16 anos, loiro com o corte de cabelo um pouco comprido como o antigo do Justin Bieber, olhos verdes, o nariz, boca, sobrancelha... tudo era praticamente iguais aos do Charlie, menos o formato dos olhos, os desse garoto eram um pouco mais puxados, mas bem intensos.
Sai de perto do Alex e fui me aproximar do garoto.
- O que você vai fazer? - Alex disse, mas não o respondi.
Fiquei bem na frente do garoto que cumprimentava a todos com um belo sorriso, estava encantada, era quase como ter Charlie na minha frente de novo...
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O meu melhor amigo
Ficção AdolescenteCarolyne Payne é uma jovem de 16 anos que ao passar por um grande momento doloroso, muda seu jeito de ser, se mostrando as pessoas de um jeito mas se sentindo de uma maneira totalmente diferente por dentro. A vida lhe dá a chance de mudar isso quand...