Além Do Teu Olhar (Romance Gay)

Capítulo 20

Quando o avião chegou ao Aeroporto Dulles, em Washington, David e as crianças foram
recebidas por um rapaz do Departamento de Estado.

— Seja bem-vindo a Washington, senhor Rangel. Meu nome é John Burns. O Senhor Bruno pediu-me que viesse recebê-la e a levasse para o hotel. Já fiz reservas no Riverside Towers. Creio que todos ficarão muito bem lá.

— Obrigado.

David apresentou Carol e Kelvin.

— Se me der os tíquetes de bagagem, senhor David, cuidarei de tudo.

Vinte minutos depois eles estavam sentados numa limusine com motorista, seguindo para o centro de Washington. Kelvin olhava pela janela, aturdido.

— Ei, lá está o Memorial Lincoln!
Carol estava olhando pela outra janela.

— Lá está o Monumento a Washington!

David olhou para John Burns, embaraçado.

— Infelizmente, meus sobrinhos não são muito sofisticados. É que nunca saíram de... — David
olhou pela janela e seus olhos se arregalaram. — Puxa, olhem só! Lá está a Casa Branca!

A limusine subiu pela Pennsylvania Avenue, cercada por alguns dos pontos de referência mais emocionantes do mundo. David pensou, muito excitado: Esta é a cidade que domina o mundo. É aqui que está o poder. E, de uma forma mínima, também serei parte de tudo.

Enquanto a limusine se aproximava do hotel, David perguntou:

— Quando verei o senhor Bruno?

— Ele a procurará pela manhã.

Pete Connors, chefe da KUDESK, a seção de contra-espionagem da CIA, ficara trabalhando até tarde, e seu dia estava longe de terminar. Todas as madrugadas, às três horas,uma equipe se apresentava ao serviço para preparar o resumo diário de informações encaminhado ao presidente, compilado das mensagens recebidas durante a noite. O relatório,cujo nome em código era "Picles", tinha de estar pronto às seis horas da manhã, a fim de estar na mesa do presidente no início de seu dia de trabalho.

Um mensageiro armado levava o
relatório para a Casa Branca, entrando pelo portão oeste. Pete Connors tinha um renovado
interesse nas mensagens que vinham do outro lado da Cortina de Ferro, porque muita coisa se
referia à nomeação de David Rangel para embaixador americano na Romênia.
A União Soviética estava preocupada com a possibilidade de o plano do presidente Ellison ser uma trama para se infiltrar em seus satélites, a fim de espioná-los ou seduzi-los.
Os comunas estão tão preocupados quanto eu, pensou Pete Connors, sombriamente. Se a
idéia do presidente der certo, todo este país vai se tornar uma casa aberta para os seus malditos espiões. Ele fora informado do momento em que David Rangel chegara a Washington. Vira
fotografias do homem e dos sobrinhos. Ele será perfeito, pensou Connors, feliz.

O Riverside Towers, a um quarteirão do complexo Watergate, é um pequeno hotel familiar,com suítes confortáveis e bem decoradas.
Um empregado levou a bagagem para a suíte. Quando David começava a arrumar suas coisas, o telefone tocou. Ele atendeu.

— Alô?

Uma voz masculina perguntou:

— Senhor Rangel?

— Sou eu.

— Meu nome é Felipe Cohn. Sou repórter de The Washington Post. Gostaria de saber se podemos conversar por alguns minutos.

David hesitou.

— Acabei de chegar e...

— Não levará mais de cinco minutos. Eu só queria cumprimentá-lo.